A Equipe do Blog Comenta: Trilogia “Before” (1995 – 2004 – 2013)

Antes do Amanhecer (1995), Antes do Pôr-do-Sol (2004) e Antes da Meia-Noite (2013) são três belíssimos filmes de drama/romance, do mesmo diretor de Boyhood: Da Infância à Juventude (2014), Richard Linklater. Se você conhece os trabalhos do diretor, já sabe que ele não se importa em levar anos para construir ou terminar uma história. Exemplo disso são os filmes acima citados, sendo a trilogia concluída em 19 anos e Boyhood em 12. E tudo isso para manter a essência da história, continuando com os mesmos atores. Não é incrível??? E para você aí que não conhece a trilogia ainda, continue lendo que terão duas opiniões super especiais para te contar um pouquinho sobre e te deixar louca(o) de vontade de assistir! 

Helen Santos comenta:

Já começo a minha opinião com um conselho: o dia que você parar para assistir o primeiro filme, esteja com tempo, pois é humanamente impossível assistir ao primeiro e não morrer de vontade de maratonar toda a trilogia. Esse é aquele tipo de trilogia que fico imensamente feliz de não ter conhecido em seus anos de lançamento, assim foi possível maratonar os três numa sentada só, até porque, que tortura para um coração ansioso ter que esperar quase 10 anos para as continuações, não é mesmo?! Enfim…

Logo nos primeiros minutos já ficamos completamente vidrados em Jesse e Celine e em suas conversas; você se perceberá com os olhos colados na tela para não perder uma palavra sequer do que eles dizem. Com isso eu já posso dizer que é um filme que ganha pelo diálogo e carisma dos personagens. Sinceramente? Esse filme não poderia ser feito com outros atores, Julie Delpy e Ethan Hawke nasceram para esses personagens e que Deus não permita um remake, amém! 



“— Acho que escrever aquele livro foi como construir algo que me impedisse de esquecer o tempo que passamos juntos. Algo que me lembrasse que realmente estivemos juntos. Que foi verdade, que aconteceu mesmo.

— Fico feliz que você diga isso, porque sempre sinto que sou anormal por não conseguir seguir em frente. As pessoas têm um caso, ou até relacionamentos, terminam e esquecem tudo. Muda como trocam de marca de cereal. Sinto que não esqueço as pessoas com as quais estive, porque cada uma tem qualidades específicas. Não dá para substituir ninguém. O que foi está perdido.”

O primeiro filme nos mostra os personagens se conhecendo, o segundo nos mostra o reencontro deles, e o terceiro revela o que eles fizeram após o reencontro. Não espere aqueles montes de clichês! Pode até ter um ou outro, afinal, toda boa história de romance tem seus clichês e um bom cinéfilo sabe bem reconhecer isso, mas não pense que serão três filmes piegas. Não, não! Diferente de outros filmes de romance, que fazem com que as mulheres sonhem acordadas com seu homem perfeito, a Trilogia Before nos faz sonhar com algo muito mais real e possível, que é a conexão que podemos criar com alguém quando nos desprendemos de certas coisas quais normalmente prestamos muita atenção. A lição do filme é, basicamente, nos mostrar a evolução de uma relação madura, com seus altos e baixos e muito longe de ser perfeita. É nos mostrar que é possível encontrar a beleza nas imperfeições, mas que para isso precisamos estar dispostos a conhecer e aceitar a pessoa com a qual decidimos andar de mãos dadas do jeitinho que elas são. E o ponto chave para isso acontecer, ao menos com Jesse e Celine, foi por terem e manterem o diálogo desde sempre e acima de tudo. Nem sempre será a perfeição, você verá, mas o que começou pelo diálogo, é salvo por ele também!

Os três filmes mantém o mesmo estilo, que é nossos personagens caminhando por algum lugar conversando como se não houvesse amanhã. Então se você é um daqueles que gostam de superproduções, cheias de efeitos, ação, plots, talvez esse não seja seu filme preferido, mas sugiro que assista! Minha vida era uma antes de assistir a trilogia, e outra depois. Não estou exagerando. Filmes nem sempre existem só para entreter, mas também para ensinar, não é mesmo?

Eduarda Araujo comenta: 

Lembro-me bem quando tive o interesse de assistir aos dois primeiros filmes, que viriam a se tornar uma trilogia: estava eu em uma aula do ensino médio e um professor comentou sobre os dois primeiros filmes, que tinham a diferença de 9 anos cada e que um terceiro já estava a caminho. Eu, que sempre fui fascinada com o cinema, achei aquela ideia muito inovadora e logo fui me deliciar com os dois filmes. Como bem disse a Helen, minha vida era uma antes de assistir e se tornou outra após. Meu desejo era que todas as pessoas pudessem desfrutar dessas belíssimas produções, assim como eu me deliciei. O terceiro filme vi na época do lançamento, então para mim foi como concluir uma breve, mas gostosa espera. Com esses três trabalhos, tomei conhecimento do igualmente genial Boyhood: Da Infância à Juventude, que recomendo fortemente. Mas vamos à nossa queridinha trilogia! 

Com a ideia de sempre ter em seus títulos um “Before” (Antes), já começamos adorando-os, pois marcam passagens de tempo, revelando os três estágios do relacionamento de Jesse e Celine, que ratifico que não poderiam ser interpretados por outros que não fosse Hawke e Delpy, tamanha naturalidade com que carregam a história e química que possuem entre si (eles são muito amigos na vida real). Já no primeiro filme (que é baseado em um caso da vida do diretor, Linklater) vemos o relacionamento que está começando, com o encontro dos dois em um trem que parará em Viena, e a partir de então eles se paqueram da forma mais deliciosa possível, com diálogos profundos que nos deixam vidrados.

“— Sabe o que me deixa louco? Pessoas falando sobre como a tecnologia é ótima e poupa tanto tempo. Mas de que serve poupar tempo se ninguém o usa? Se só se converte em mais trabalho? Ninguém nunca diz “Com o tempo que poupei usando meu processador de textos, vou para um mosteiro Zen para descansar.”

— Não se ouve isso.

— O tempo é tão abstrato, de todo o modo.”



No segundo filme, Jesse e Celine já mais velhos, se encontram novamente pois não haviam ficado juntos ao término do primeiro filme, o que é adorável, pois foge dos clichês inquietantes. Nesse reencontro, já mais maduros, conversam sobre o que aconteceu em suas vidas e dialogam sobre tudo, sempre com um teor filosófico, mas não muito rebuscado ou fora da realidade. O término desse filme é um dos mais bonitos da sétima arte: poético, sensual sem vulgaridades, sutil, mas ao mesmo tempo, profundo.

E é no terceiro filme que a obra, que como um todo, é uma parceria de Linklater com Delpy e Hawke na produção dos filmes e do roteiro, culmina no relacionamento já consumado, com frutos e muita história para contar. Com a belíssima e estonteante paisagem da Grécia como pano de fundo, dos três este é o filme com visual mais bonito, daqueles de encher os olhos. Neste veremos as problemáticas e frustrações que permeiam até o mais perfeito dos relacionamentos, com brigas por vezes mais sérias, por vezes ilógicas, pois nem nosso casal perfeito está livre delas. 

Há rumores sobre um quarto filme, porém nada muito certo e cá entre nós, é possível ficar na dúvida em querer que seja produzido mais um filme ou ter nossa trindade intacta e perfeita como ela é. Como não são filmes muito comerciais, podemos ter quase certeza que um quarto filme não seria produzido apenas para fazer mais dinheiro, o que é um alívio, pois a decisão final será bem pensada e dosada.

Bônus:

A linda canção de Kath Bloom, Come Here, que dá um toque especial ao primeiro filme, quando Jesse e Celine estão se conhecendo. Linda!

E a música A Waltz For A Night, composta por Celine (Julie Delpy) para Jesse, cantada no final do segundo filme. Música linda e cena emocionante, ambas dignas de muitos replays!

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