Crítica: Westworld – 2ª temporada (2018, Lisa Joy, e mais)

A segunda temporada de Westworld se encerrou no final de junho de 2018, porém os questionamentos acerca de todos os acontecimentos ainda martelam na cabeça. Também pudera: a série conquistou uma legião de fãs tanto por sua história extremamente bem elaborada, quanto pela produção riquíssima em efeitos especiais, figurino, maquiagem, entre outros. Sendo uma das melhores séries da atualidade, Westworld possui uma trama complexa e inteligente e nessa segunda temporada temos ainda mais desse mundo que nos cativou desde o início. Para se inteirar sobre a temporada anterior e sobre o mundo em si, recomendo fortemente a leitura de nossa crítica clicando aqui.

Passamos a acompanhar a saga de Dolores (Evan Rachel Wood) rumo à compreensão do seu mundo e do (s) mundo (s) exterior (es), bem como a jornada de Maeve (Thandie Newton), buscando por rastros de seu passado a fim de encontrar aquilo que mais almeja. Conhecemos ainda novos personagens, que são peças fundamentais para a trama, como Emily (Katja Herbers), Akecheta (Zahn McClarnon) e James Delos (Peter Mullan) o financiador dos projetos de interação com anfitriões, incluindo Westworld.


A mesma aura misteriosa que pairava nos episódios da primeira temporada paira também nesta, que traz, novamente, a mesma ordem não linear dos fatos, trazendo-nos um quebra cabeça, até um pouco mais complexo do que na primeira temporada, para que montemos à medida que a trama vai se desenrolando. Bernard (Jeffrey Wright) passa a ter consciência de quem ele realmente é, ao passo que se vê perdido em espaços temporais, assim como Dolores estava na primeira temporada. 

O que poderia ser um grande acerto acaba não sendo muito satisfatório: o embaralhamento criado para que fiquemos sedentos para desvendar a história. Há uma superficialidade nas sub-tramas, principalmente nas de Emily e Charlotte Hale (Tessa Thompson), o que dificulta nossa empatia para com as personagens, mesmo que Charlotte faça parte de um grande plot relacionado à Dolores, que nos deixa de boca aberta no desenrolar dos fatos.

Um dos grandes trunfos da série são os efeitos especiais que estão muito acima da média, justificando as caras produções da HBO, entretanto, seja por um descuido ou até mesmo despreparo, um dos mais importantes ‘itens’, o tigre, que traz a questão de outros mundos à tona, é feito de maneira não muito convincente, algo muito abaixo dos padrões quais estamos acostumados na série.

É claro que este é um dos poucos defeitos que essa temporada possui, uma vez que todo o restante da produção está primorosamente bem trabalhado, com destaque especial para o descartável episódio que se passa em Shogun World, um parque baseado no antigo Japão, igualmente perigoso e sangrento. Quando digo descartável, falo porque a sub-trama que é desenvolvida neste episódio pouco acrescenta à trama como um todo, sendo mais um deleite visual e uma ótima oportunidade de ver a Maeve de Thandie Newton mostrando todo seu potencial em cena (o que justifica mais uma vez sua indicação às principais premiações, principalmente ao Globo de Ouro 2019), com destaque para quando contracena com Akane (Rinko Kikuchi).


Novamente devemos enaltecer a belíssima trilha sonora que compõe todo o resultado final: não bastasse uma trama envolvente e com teor filosófico grandemente questionador, ainda temos uma trilha que nos faz arrepiar, com músicas conhecidas belamente repaginadas, muitas vezes somente na forma instrumental, como é o caso de Heart-Shaped Box, do Nirvana (vídeo abaixo, vale a pena escutar!), que em conjunto com os acontecimentos finais da temporada, nos faz sentir um êxtase que poucas produções conseguem fazê-lo. Destaque ainda para as mudanças ocorridas na abertura, sugerindo, de forma simplória e até mesmo enigmática, as mudanças que ocorrerão na temporada, traços de personalidade e acontecimentos marcantes.



Mesmo morto na primeira temporada, Ford (Anthony Hopkins) ainda faz ecoar sua voz, através de seus questionamentos e cutucadas, principalmente ao Homem de Preto (Ed Harris) que continua em sua incansável busca pelo segredo do parque, que culmina (numa cena pós-créditos) em um ‘fim’ enigmático com uma boa ponte para a terceira temporada, que para nossa tristeza, só chega em 2020.

Título Original: Westworld




Direção: Lisa Joy, Craig Zobel, Richard J. Lewis, Vincenzo Natali






Episódios: 10






Duração: 57 a 91 minutos 



Elenco: Evan Rachel Wood, Anthony Hopkins, Ed Harris, Thandie Newton, James Marsden, Jeffrey Wright, Shannon Woodward, Rodrigo Santoro, Angela Sarafyan, Luke Hemsworth, Simon Quarterman, Sidse Babett Knudsen, Ingrid Bolsø Berdal, Jimmi Simpson, Ben Barnes, Tessa Thompson, Clifton Collins Jr, Talulah Riley, Gustaf Skarsgård, Katja Herbers, Zahn McClarnon, Julia Jones, Booboo Stewart, Peter Mullan, Jonathan Tucker, Jasmyn Rae, Rinko Kikuchi, Hiroyuki Sanada, Kiki Sukezane, Tao Okamoto, Masayoshi Haneda, Masaru Shinozuka, Giancarlo Esposito, Neil Jackson, Fredric Lehne, Seteven Ogg, Betty Gabriel e outros.
Sinopse: O caos toma controle do Westworld na segunda temporada da série original HBO, enquanto os androides desenvolvidos para o parque temático encontram sua própria consciência e se rebelam contra seus criadores.

Trailer:


E você, já assistiu à segunda temporada? Já questionou também a natureza de sua realidade?




Deixe uma resposta