Crítica: Sr. Sherlock Holmes (2015, Bill Condon)

Uma das únicas certezas que temos nessa vida, é que o tempo passa rápido e não perdoa. Porém, o que esperar do tempo quando se trata da mente mais brilhante da literatura, filmes e séries, Sherlock Holmes? Seja vivido por Benedict Cumberbatch ou Robert Downey Jr, a genialidade era algo notável e muitas vezes, incompreensível. Até mesmo para ele o tempo passou e, já aos seus 93 anos, Holmes agora é um senhor senil, sozinho e que mora isolado com suas abelhas.

Ian McKellen é, sem dúvida, um grande ator e consegue de maneira brilhante, sincera e emocionante, transmitir os tormentos desse homem, que se agarrava com unhas e dentes em seu intelecto para justificar todas as escolhas de sua vida de forma racional. Agora ele percebe que as emoções humanas não podem ser medidas por lógica, o pensamento humano é irracional e é isso que descobrimos com ele nesse filme. 

É como se víssemos seus pensamentos dentro de sua cabeça e, talvez, o mais chocante do filme seja ver a desconstrução desse notável personagem. Sempre o ligamos a um homem jovem ou de meia idade, cheio de si e de energia. Vê-lo como um reles mortal, com dificuldades e perdendo a memória, sem dúvida choca em um primeiro momento. 

Holmes vive isolado há 30 anos, tentando não deixar sua doença fazê-lo se perder em si mesmo. Contrata, então, uma governanta amargurada com a própria vida (Laura Linney) que, de quebra, traz seu filho (Milo Parker). A interação de Roger e Holmes é excelente, fazendo com que o personagem ache uma motivação para viver novamente, enquanto Roger, ainda um garoto, tenta se provar digno de sua amizade.

Apesar da história ser um tanto quanto densa e triste, ela nos mostra que o ser humano que existe em Sherlock é apenas um homem cheio de culpa e remorso. O filme tem como plano de fundo a lembrança de seu último caso, do qual luta para tentar lembrar dos detalhes, já que sua memória não é mais a mesma. E acabamos descobrindo, por fim, que esse caso que lhe trouxe tantas lembranças talvez tenha sido o mais importante de sua vida… mas por quê?

O filme ao mesmo tempo é doce, suave e tem uma certa leveza mesmo nos momentos mais tensos, o que eu agrego ao excelente elenco, que interage com grande facilidade. Nos lembrando que até o mais brilhante de todos os homens, ainda carrega consigo incertezas sobre os sentimentos e sua complexidade. Infelizmente não podemos resolver todos os problemas, mas podemos tentar.



 
A direção de Bill Condon não mede esforços em mostrar a fragilidade desse homem. Seja em closes mostrando suas rugas, seja em movimentos de câmera pegando sua dificuldade em se movimentar, falar ou pensar. O filme não é sobre o caso e sim sobre como esse fatídico caso acaba por influenciar a vida de Holmes. Ian McKellen, mais uma vez, mostra porque é considerado um dos melhores atores de sua época, entregando, talvez, a melhor versão do detetive Sherlock Holmes.

Título Original: Mr. Holmes

Direção: Bill Condon





Duração: 104 minutos


Elenco: Ian McKellen, Laura Linney, Milo Parker, Hiroyuki Sanada, Hattie Morahan, Patrick Kennedy 

Sinopse: 1947. O famoso detetive Sherlock Holmes (Ian McKellen) está com 93 anos, aposentado, vivendo em uma casa remota no litoral com sua governanta Mrs. Munro (Laura Linney) e o filho dela, o pequeno Roger (Milo Parker). Lidando com a deterioração da sua mente por causa da idade, ele continua obcecado com um caso que nunca conseguiu decifrar. Sem a companhia do seu fiel escudeiro Dr. Watson, Sherlock tentar desvendar este último mistério.

Trailer:

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