Especial Antifascismo: A onda (2008, de Dennis Gansel)


Dennis Gansel, diretor deste longa, afirma que “não acredita que os filmes são capazes de ter um impacto político maior sobre os espectadores e que um filme só pode influenciar as pessoas que já estavam sensibilizados para o tema apresentado“. De fato, ele está certo. 


Hoje, mais do que nunca, é possível perceber que não importa como a verdade seja jogada, desde uma forma mais didática e digerível, até a mais crua e complexa; quem não quer enxergar o que está acontecendo, não vai enxergar. Contudo, não podemos nunca deixar de estimular o senso crítico; de questionar verdades tidas como absolutas; de ir contra o sistema!

A Onda é baseado no livro “The Wave”, de Todd Strasser (sob a alcunha de Morton Rhue), que trata-se de uma história ficcional, mas que foi baseada em fatos reais: em abril de 1967, em uma escola de ensino médio em Palo Alto, na Califórnia, o professor Ron Jones fez o experimento mostrado no filme com os seus alunos, e o chamou de “Third Wave” (Terceira Onda). Veja o documentário sobre este experimento clicando aqui.

Com um roteiro fluido e muito interessante, uma ambientação de fácil identificação por parte do espectador mais jovem e ainda excelentes atuações, com grande destaque para 
Frederick Lau, na pele de Tim. Este filme deveria ser um item obrigatório na vida de qualquer pessoa. 




O filme se inicia com a música Rock ‘n’ Roll Highschool dos Ramones, regravada pela banda alemã EL*KE, especialmente para esta trilha sonora. E o início da música não poderia ser um retrato mais fiel do que estamos vivendo:



 “Well I don’t care about history”
“Bem, eu não quero saber de história”

 


O professor Rainer Wenger, jovem, atlético e cheio de energia para transmitir aos alunos, tem a missão de aplicar um seminário para os secundaristas de sua escola, e por seu próprio estilo de vida, anseia falar sobre anarquia. Entretanto, lhe é atribuído o tema autocracia, que num primeiro momento lhe desagrada, principalmente porque outro professor ‘menos qualificado’, de acordo com sua visão, aplicará o tema com o qual tanto se identifica. Assim, não tendo outra alternativa, inicia o seminário com os estudantes. 

Inicialmente, ele indaga aos alunos sobre as características da autocracia, e o bate-papo culmina, logicamente, no nazismo, onde os alunos não creem que  algo como aquilo possa se estabelecer novamente, pois não creem que as pessoas se identifiquem com uma ideologia fascista outra vez. O professor,  retruca e utilizando de um método muito didático e extremamente efetivo, passa a introduzir algumas regras para a turma, de modo que todos passam a segui-las.

Desde o rigor com que devem se dirigir ao professor (Sr. Wenger), até o uso de um uniforme (uma blusa social branca), passando pelo desprezo e não aceitação de outros estudantes que não tenham aderido à Onda (nome pelo qual o movimento passa a ser denominado), exclusão de membros que não se adequem e ainda uma saudação própria; o movimento vai ganhando força dentro da escola (e fora dela), atraindo adeptos, despertando uma profunda paixão de seus integrantes, principalmente pelo sentimento de pertencimento; de unidade; de equipe.




O professor se empolga com todo aquele movimento, ainda mais que seus alunos passam a apresentar um desempenho muito melhor após a adesão, entretanto, quando vê que um dos alunos possa ter ido longe demais com a ideia do movimento, entende, principalmente após conversar com outro aluno, que é o momento de parar.


É então, que ele decide fazer uma confrontação arriscada: leva o movimento até sua última instância, ameaçando a vida de um dos adeptos e quando vê que a maioria entende a gravidade daquele movimento, que chega aos poucos, com ideias que, inicialmente são inofensivas, mas que depois tomam grandes proporções; decide então, dar fim aquilo. Porém, o fascismo, mesmo que em sua forma mais ‘branda’, é uma ideologia perigosa. 




Por isso, mais do que nunca é necessário o questionamento e, acima de tudo, o senso crítico em situações onde o fascismo está se espalhando de forma brusca e aterrorizante. Para aqueles que creem que tudo isto não passa de um mero exagero, além da história estar aí para comprovar que não é exagero, percebemos que mesmo em situações mais simples, como a do filme, após o fascismo se implantar, o que se pode esperar é apenas a tragédia. Não deveríamos pagar para ver.


Título Original: Die Welle


Direção: Dennis Gansel

Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich, Christiane Paul, Jacob Matschenz, Cristina do Rego, Elyas M’Barek, Maximilian Vollmar, Max Mauff, Ferdinand Schmidt-Modrow, Tim Oliver Schultz, Amelie Kiefer, Fabian Preger, Odine Johne, Tino Mewes, e outros.

Sinopse: Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.


Trailer:



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