Crítica: Cegonhas – A História que Não te Contaram (2016, Doug Sweetland e Nicholas Stoller)

As cegonhas costumavam entregar bebês… Costumavam. Após verem que o trabalho exigia muito delas mesmas e que existiam outras formas de se produzir e entregar bebês, elas deixaram de lado esse ofício e passaram a se dedicar na entrega de produtos da CornerStore.com, uma gigante do comércio varejista. Com entregas rápidas e eficientes, o lema da companhia é: Sempre entregue!


E é aí que vamos conhecer Junior, que está prestes a assumir uma nova posição, o cargo de CHEFE, que o atual deixará, para fazer parte da diretoria. No entanto, Junior precisa apenas cumprir uma missão antes de tomar posse do novo posto: demitir Tulipa, uma humana que trabalha na empresa. Desastrada, Tulipa deseja provar seu valor e mais uma vez, como explicado pelo atual chefe, acaba por causar grande prejuízo à empresa.




Junior, entretanto, ao invés de demiti-la, decide deixá-la em um setor totalmente largado às traças: o de recebimento de cartas. No início, tudo para ela é um tédio sem fim, até que passamos a conhecer a história de Nando.


Nando é um filho de pais workaholics, que possuem uma empresa home office. Sozinho e sem a devida atenção, ele decide pedir um bebê aos pais. Os pais explicam para Nando que não é possível terem um bebê e ele decide usar o arcaico método para conseguir um irmãozinho: uma carta às cegonhas. E quem vai receber a carta? Exatamente: Tulipa, a bem-intencionada/desastrada.


Ela segue exatamente o protocolo e ao depositar a carta na fábrica de bebês, inicia um processo já extinto (e proibido!) na empresa. Junior, temendo que isso vá arruinar sua carreira, vai atrás dela para impedir, entretanto, já é tarde demais… E aí começa a aventura dessa ave determinada a ser CHEFE, da humana que só quer cumprir sua missão e de uma bebê (Joia do Destino) para lá de fofa e esperta (ela possui algumas habilidades ninjas!).




O que gosto em animações do gênero é a forma com que conseguem dialogar tanto com crianças, adolescentes e adultos. A mensagem é a mesma, mas o modo com que atinge os diferentes públicos é algo que poucas obras conseguem. E olhando a partir do ponto de vista adulto, a crítica aqui é certeira. Me deu até um pouco de medo ver tantos assuntos abordados em um filme tão curto… Pensei que o roteiro poderia escorregar feio em algum ponto e errar a mão. Que nada!


Primeiramente, o que vemos é uma lição de logística, ou como ela deveria ser na prática. A empresa que nos é mostrada é excelente no que faz, e em uma das cenas, ficamos abismados com a rapidez das entregas realizadas. Ainda assim, há um contraponto: em um evento das cegonhas, é possível ver o slogan “Pense dentro da caixa“, que pode vir a ser uma alusão às engessadas práticas de conduzir negócios do tipo.

Temos ainda uma crítica direta e pontual a respeito dos pais workaholics que temos por aí… No filme, é ainda mais triste, pois os pais trabalham em casa. Talvez, eles pensaram em ter um home office justamente para dar atenção ao filho, mas o tiro saiu pela culatra. Nando não tem companhia para suas brincadeiras e tem pouca atenção dos pais, que estão sempre ao telefone e/ou cansados.


Durante a aventura de Junior, Tulipa e Joia do Destino, eles cruzam com uma alcateia para lá de versátil. Sim, versátil é a palavra! Donos de parte da graça do filme, eles são aquele tipo clássico de ‘as aparências enganam’. Ferozes, logo se rendem aos encantos da bebê e em uma das frases mais emblemáticas do filme eles dizem: ‘Nós queremos transformá-la em uma mulher forte e independente‘. Como não gostar?




Ainda vemos o pombinho Luke que até tenta nos arrancar algumas risadas bancando o doido/viajado/sem-noção/ pirado colega de trabalho que só quer se promover às custas dos outros e é sempre o indesejado de plantão. A tentativa é boa, porém o personagem não tem carisma suficiente para ser expressivo. Mas talvez as crianças acabem gostando.


Em uma das mensagens mais bonitas do filme, percebemos que família não é uma receita de bolo pré-determinada. Família é onde encontramos apoio, porto seguro. Junior, Tulipa e Joia do Destino formaram, inicialmente, a família mais improvável que poderia existir, mas ainda assim, uma família que sobreviveu como pôde para chegar em seu destino final. É interessante ver como o instinto materno aflora em Tulipa de forma natural e bem simbólica.


E o final é para arrancar algumas lágrimas daqueles de corações mais abertos. Em uma reviravolta, milhões de bebês são fabricados… E agora o que fazer? Junior não havia pensado nas consequências. Mas eis que as cartas estão lá e cada bebê será entregue para a família que tanto o desejou. Lembrando que família não é aquela fórmula tradicional já determinada pela sociedade. Caem lágrimas ainda, na parte em que Junior vê como será o futuro de Joia do Destino. 




Em suma, uma ótima animação para curtir com a família, seja ela quem for. Porém, já que tantos temas foram abordados no roteiro, meu desejo era de que a solução fosse mais pela adoção tardia… Mas não deixa de ser um lindo desfecho, vale a pena!




Título Original: Storks 

Direção: Doug Sweetland e Nicholas Stoller

Elenco (vozes):  Andy Samberg, Kelsey Grammer, Jennifer Aniston, Kate Crown, Ty Burrell, Danny Trejo, Keegan-Michael Key e Jordan Peele.

Sinopse: Todo mundo já sabe de onde vêm os bebês: eles são trazidos pelas cegonhas. Mas agora você vai conhecer a mega estrutura por trás desta fábrica de bebês: na verdade, as cegonhas controlam um grande empreendimento que enfrenta muitas dificuldades para coordenar todas as entregas nos horários e locais certos.

Trailer:




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