Crítica: Nasce Uma Estrela (2018, de Bradley Cooper)

Pela quarta vez, a trama Nasce Uma Estrela retorna às telonas após as versões de 1937, com Janet Graynor e Fredric March, de 1954 trazendo Judy Garland e James Mason nos papeis centrais da trama e a de 1977 com o ícone musical Barbra Streisand e Kris Kristofferson. Agora, a nova versão traz a cantora pop Lady Gaga e Bradley Cooper no protagonismo da trama que promete manter o nível da obra com todo o seu drama e principalmente figurar em diversas categorias do Oscar 2019, assim com os outros três filmes fizeram no passado.


Semelhante à versão de 77, a nova versão relata a ascensão de Ally (Lady Gaga) saindo do anonimato musical e alcançando vôos mais altos em sua carreira artística após conhecer Jackson Maine, ou simplesmente Jack, um astro do Rock, nesses acasos da vida. Logo, os dois já estão apaixonados e tentam lidar com a fama de maneiras opostas. Enquanto Ally continua guinando sua carreira artística, Jack tenta deixar os vícios das drogas e do álcool de lado e ter dias menos tenebrosos. 




Para destacar bastante o drama vivenciado pelo personagens, o ator Bradley Cooper, estreando em direção, aposta nos planos mais fechados, captando as feições e emoções que os personagens estão demostrando em tela. O uso constante da câmera em movimento, com planos sequências, também dão um ar dinâmico para a naturalidade dos fatos e dos diálogos presentes. Por se tratar de sua primeira experiência dirigindo um filme, Bradley Cooper comete alguns atos falhos, como não dando continuidade em cenas que poderiam preencher ainda mais o seu filme, prejudicando, minimamente, a narrativa e o equilíbrio que o roteiro propõem. 


A alma de um filme é uma história que possa impactar quem assiste. Aqui, a música consegue ludibriar essa escassez de um conteúdo mais amplo da trama, que até certo ponto chega a ser cansativo pela repetição de Gaga aos microfones. Claro que isso é algo para ser melhorado gradativamente. Ao lado de Matthew Libatique, indicado ao Oscar de fotografia por Cisne Negro, Cooper acerta em escolher cores mais frias diante de fatos mais dramáticos, misturando com eloquência cores mais quentes – cena do bar com um vermelho celebrando o encantamento e o passional é um exemplo disso – para registrar a ascensão e mudança de vida.


Por se tratar de música, o ponto alto do filme é a trilha sonora, cantada ao vivo, dando um charme ainda mais gigantesco, quase que totalmente composta por Cooper e Gaga. A grata surpresa fica por conta do ator que usufrui de seu talento musical – não só o vocal – com maestria, conseguindo criar um personagem crível dentro de sua melancolia, que é fato determinante para um astro do rock totalmente perdido de suas convicções com a temporariedade dos fatos que vão consumindo o seu ego, conflitando com a personagem de Gaga; mesmo seguindo apaixonados no magno químico dos dois: um lado que a trama abrange mais do que a própria história da personagem de Gaga.


Falando nela, Lady Gaga é perfeita! A cantora é extremamente brilhante dentro da personalidade de Ally. Foi interessante termos uma estrela consolidada como Gaga, nessa desconstrução de sua personalidade; construindo uma personagem totalmente simples de suas emoções. Neste filme, podemos ver o tamanho do talento da artista, mesmo sem toda maquiagem; nua, crua e magnífica. É de dar arrepios todas as vezes que possui o microfone em suas mãos! Toda essa capacidade extraordinária é digna de concorrer ao Oscar de Melhor Atriz.


Outro que merece um bom destaque é Sam Elliott (A Grande Escolha) interpretando o irmão mais velho de Jack. Mesmo não tendo grande impacto no filme, Elliott impõe uma austeridade segura em seu personagem, ao ponto de gerar certo embate nas escolhas de Jack por toda trajetória de carreira vivenciada pelo irmão.




Com uma abordagem bastante simples, Nasce Uma Estrela supera todas as expectativas sendo um filme intenso, rodeado de muita paixão e drama. Não é um primoroso filme, mas não está longe disso. A trama te toca, te surpreende, arranca risos e choros e tem uma trilha sonora viciante na qual destaca-se Shallow, que possivelmente pode vir a figurar na categoria de Melhor Canção Original no Oscar.




Título Original: A Star Is Born

Direção: Bradley Cooper

Elenco: Bradley Cooper, Lady Gaga, Sam Elliott, Andrew Dice Clay, Rafi Gavron, Anthoy Ramos, Dave Chappelle e Rom Rifkin

Sinopse: A jovem cantora Ally (Lady Gaga) ascende ao estrelato ao mesmo tempo em que seu parceiro Jackson Maine (Bradley Cooper), um renomado artista de longa carreira, cai no esquecimento devido aos problemas com o álcool. Os momentos opostos nas carreiras acabam por minar o relacionamento amoroso dos dois.
Trailer:

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