Crítica: Venom (2018, de Ruben Fleischer)

Em 2007, Sam Raimi encerrou o seu arco dos filmes do Homem Aranha apresentando um dos vilões mais marcantes do herói, no terceiro filme da franquia. Agora, onze anos depois, a Sony Pictures volta novamente a este universo e traz o filme solo de Venom. Com as recentes “perdas” do aracnídeo, o estúdio joga suas forças nos antagonistas e cria um universo totalmente paralelo ao Universo Cinematográfico da Marvel. O que nos resta saber é se essa tática ousada vai conseguir seduzir os fãs, em geral.


Eddie Brock (Tom Hardy) leva uma vida devidamente perfeita: jornalista investigativo do próprio programa, com um bom relacionamento amoroso com a advogada da Fundação Vida, Anne Weying (Michelle Williams). Uma nova tarefa, no entanto, muda totalmente o curso de sua vida quando lhe é atribuído entrevistar Carlton Drake (Riz Ahmed) após descobrir informações confidenciais sobre o novo experimento científico em humanos do criador da fundação. Sem conseguir provar tais crimes, Brock é demitido. Seis meses após o episódio, uma das cientistas mais envolvidas no projeto, Dora Skirth (Jenny Slate), decide denunciar todas as atrocidades de Drake com as simbiontes. Com a veracidade do fato, Brock se envolve demais com a investigação e é tomado pelo simbionte Venom.




E é essa melancolia da vida de Brock que o diretor Ruben Fleischer (Zumbilândia) tenta trabalhar. Tenta, porque em nenhum momento a direção e o roteiro conseguem acertar um compasso sólido dos fatos. A confusão dentro de tela é risível e obscura demais. O CGI também contribui para o deprimente resultado. O espalhafatoso embate de Venom e Riot – uma das piores coisas que eu já vi no cinema – é pra lá de lúgubre. Além disso, a adaptação de promover o filme com a garantia da conquista de novos fãs, atrapalhou o andamento da trama. O próprio Tom Hardy admitiu corte de cerca de 30 minutos de filmes e, segundo o ator, uma das melhores cenas ficou de fora. 


Ainda por causa da censura do filme, cenas de violência se quer derramam algum tipo de gota de sangue, o que deixa o filme bastante artificial. O Venom virou “nutella” aos olhos dos mais experientes, algo insosso e sem graça de acompanhar. A comprovação disto é o fato da simbionte começar a ter ciência do estado espírito do ser humano e criar laços afetivos com Brock servindo até de conselheiro amoroso.


Porém, nem tudo é desastroso no filme. Tom Hardy consegue criar uma simpatia no seu personagem logo que assume a dupla personalidade. A esquizofrenia de Brock é um dos pratos cheios da trama que rende bons diálogos e consegue arrancar alguns risos, mesmo com algumas piadas forçadas. Longe de toda a sua excelente interpretação de Mad Max – A Estrada da Fúria, o ator é o que sustenta a trama. Em contraponto, Michelle Williams (Todo o Dinheiro do Mundo) e Riz Ahmed (O Abutre) estão totalmente fúteis em seus papéis. A atriz simplesmente não acrescenta em nada no filme, um total desperdício de talento. Já Riz, não consegue criar uma identidade interessante mais vilanesca para Drake, uma zona de conforto tediosa. 

A aposta de tornar o vilão em um anti-herói pode corroer demais o entendimento que se tem do personagem totalmente carnívoro e com um ego privado ao extremo. Por outro lado, a ascensão de obras da Marvel em seu universo diferem da liberdade dessa vertente de criação para elaborar uma história quase que independente de tudo, já que não há uma ligação com o Homem Aranha. Quem esperou ver o Tom Holland pode tirar seu cavalinho da chuva! 

Venom é um filme  – ele não merecia isso! – voltado para um público mais “família” do que para os fieis adoradores de HQs, uma desventura que pode perfeitamente passar em uma “sessão da tarde”. Sem grandes objetivos neste primeiro filme, um das cenas pós créditos, no total de duas, podem dar um alento para um vindouro filme com o Carnificina. 



Título Original: Venom


Direção: Ruben Fleischer


Elenco: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed, Reid Scott, Jenny Slate e Woody Harrelson

Sinopse: San Francisco, Estados Unidos. Eddie Brock (Tom Hardy) é um jornalista investigativo, que tem um quadro próprio em uma emissora local. Um dia, ele é escalado para entrevistar Carlton Drake (Riz Ahmed), o criador da Fundação Vida, que tem investido bastante em missões espaciais de forma a encontrar possíveis usos medicinais para a humanidade. Após acessar um documento sigiloso enviado à sua namorada, a advogada Anne Weying (Michelle Williams), Brock descobre que Drake tem feito experimentos científicos em humanos. Ele resolve denunciar esta situação durante a entrevista, o que faz com que seja demitido. Seis meses depois, o ainda desempregado Brock é procurado pela dra. Dora Skirth (Jenny Slate) com uma denúncia: Drake estaria usando simbiontes alienígenas em testes com humanos, muitos deles mortos como cobaias.

Trailer:



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