Eddie Brock (Tom Hardy) leva uma vida devidamente perfeita: jornalista investigativo do próprio programa, com um bom relacionamento amoroso com a advogada da Fundação Vida, Anne Weying (Michelle Williams). Uma nova tarefa, no entanto, muda totalmente o curso de sua vida quando lhe é atribuído entrevistar Carlton Drake (Riz Ahmed) após descobrir informações confidenciais sobre o novo experimento científico em humanos do criador da fundação. Sem conseguir provar tais crimes, Brock é demitido. Seis meses após o episódio, uma das cientistas mais envolvidas no projeto, Dora Skirth (Jenny Slate), decide denunciar todas as atrocidades de Drake com as simbiontes. Com a veracidade do fato, Brock se envolve demais com a investigação e é tomado pelo simbionte Venom.
E é essa melancolia da vida de Brock que o diretor Ruben Fleischer (Zumbilândia) tenta trabalhar. Tenta, porque em nenhum momento a direção e o roteiro conseguem acertar um compasso sólido dos fatos. A confusão dentro de tela é risível e obscura demais. O CGI também contribui para o deprimente resultado. O espalhafatoso embate de Venom e Riot – uma das piores coisas que eu já vi no cinema – é pra lá de lúgubre. Além disso, a adaptação de promover o filme com a garantia da conquista de novos fãs, atrapalhou o andamento da trama. O próprio Tom Hardy admitiu corte de cerca de 30 minutos de filmes e, segundo o ator, uma das melhores cenas ficou de fora.
Ainda por causa da censura do filme, cenas de violência se quer derramam algum tipo de gota de sangue, o que deixa o filme bastante artificial. O Venom virou “nutella” aos olhos dos mais experientes, algo insosso e sem graça de acompanhar. A comprovação disto é o fato da simbionte começar a ter ciência do estado espírito do ser humano e criar laços afetivos com Brock servindo até de conselheiro amoroso.
Porém, nem tudo é desastroso no filme. Tom Hardy consegue criar uma simpatia no seu personagem logo que assume a dupla personalidade. A esquizofrenia de Brock é um dos pratos cheios da trama que rende bons diálogos e consegue arrancar alguns risos, mesmo com algumas piadas forçadas. Longe de toda a sua excelente interpretação de Mad Max – A Estrada da Fúria, o ator é o que sustenta a trama. Em contraponto, Michelle Williams (Todo o Dinheiro do Mundo) e Riz Ahmed (O Abutre) estão totalmente fúteis em seus papéis. A atriz simplesmente não acrescenta em nada no filme, um total desperdício de talento. Já Riz, não consegue criar uma identidade interessante mais vilanesca para Drake, uma zona de conforto tediosa.
Título Original: Venom
Direção: Ruben Fleischer
Elenco: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed, Reid Scott, Jenny Slate e Woody Harrelson