Crítica: Não Se Aceitam Devoluções (2018, de André Moraes)

Leandro Hassum está de volta aos filmes nacionais. Dessa vez, o ator muda totalmente a sua filosofia cômica em Não Se Aceitam Devoluções, uma versão nacional de No Se Aceptan Devoluciones, trama mexicana que detém o feito de ser o filme hispânico mais assistido nos Estados Unidos. O desafio deste “remake” é justamente termos Hassum protagonizando um drama, um desafio inédito em sua carreira e que segue passos de atores internacionais, como Jim Carrey e Adam Sandler. Só resta ao público comprar essa ideia de transição do ator.

Não Se Aceitam Devoluções pode até ter um início meio bobo, sem graça, até mesmo pelo próprio Hassum, um “galã” dono de um quiosque no Guarujá. Entre os seus descompromissos da vida, Juca Valente (Leandro Hassum) se vê no centro de uma epopeia quando uma das suas ex-namoradas, podemos dizer assim dentre a proposta que o filme conduz, a esbelta Brenda (Laura Ramos), bate à sua porta com uma linda bebê, largando-a nas mãos de Juca. Determinado a encontrar uma saída para não carregar a alcunha de “pai presente”, Juca viaja para Los Angeles em busca de Brenda, largando sua pacata vida no Brasil. Mas, para sobreviver ao lado da filha, precisa se estabelecer dentro da cidade. Após uma situação inusitada, sua vida começa a mudar ao ser contratado para dublê de cinema, contrariando todo o seu espírito covarde. Um tempo se passa e Juca se encontra em perfeita harmonia com sua filha, Emma (Manuela Kfouri), mas a andança da vida começa a aparecer e a situação confortável encontrará o caminho do drama.


É no desenrolar do filme que vemos as novas qualidades de Hassum atuando, e para nossa grata surpresa, ele consegue entreter bem no seu papel dramático, mesclando o humor e o drama exigido, dando uma compostura bem encorpada. A sensibilidade do ator também é algo a ser destacado, assim como a sua química com Manuela Kfouri. Já a atriz mirim deixa um pouco a desejar: sua atuação não compromete em nada na trama, mas a falta de naturalidade gera certo incômodo, até mesmo na sua habilidade ao falar o inglês, parecendo alguém recém saído de um curso do idioma. Laura Ramos também sofre um pouco para passar uma segurança, não que ela deixe o talento de atuar de lado, mas o próprio roteiro não consegue contribuir para uma evolução melhor, mesmo com o arco dramático proposto.


A direção de André Moraes tem seus altos e baixos nessa gama de eventos. Claro que a exploração do arco dramático é  seguramente um dos pontos fortes do filme, até mesmo tendo influência funcional dramática de Hassum, porém a conciliação de fotografia, roteiro e trilha sonora podiam ter uma conexão mais aprimorada. O roteiro também peca em não aprofundar ainda mais a relação de pai e filha, que poderia mutuamente dar uma guinada maior à trama e tentar estribar os eixos correspondentes nas cenas que parecem soltas no filme.


Não Se Aceitam Devoluções cria um debate sobre a criação de mãe/pai, aborda os questionamentos desse desafio de encarar a dura realidade de sobrevivência, de ter que pensar além do seu ego. Além disso, podemos afirmar que Hassum pode, sim, se tornar o nosso “Adam Sandler” brasileiro, criando bons fluidos nessa etapa cinematográfica de sua carreira. À medida que se estabeleceu nos Estados Unidos, consequentemente gerou certa influência no seu aperfeiçoamento. O cinema brasileiro ainda está longe de criar bons filmes com a temática internacional, mas o intercâmbio ainda é uma lacuna a se aventurar. Se você é do tipo que curte filmes de Pais e Filhos, vale a pena em ir ao cinema e levar à família.


Título Original: Não Se Aceitam Devoluções

Direção: André Moraes

Elenco: Leandro Hassum, Laura Ramos, Manuela Kfouri, Zéu Britto, Jarbas Homem de Mello e Ana Carolina Machado

Sinopse: Juca Valente (Leandro Hassum) é dono de um quiosque no litoral de São Paulo e só quer saber de diversão. Eterno namorador, ele detesta grandes responsabilidades e não pensa em ter nada sério com ninguém. Mas sua vida toma um rumo totalmente diferente quando uma ex-namorada americana larga um bebê com ele e desaparece. Juca então parte para os Estados Unidos na intenção de devolver a criança, sem imaginar que começaria a gostar da ideia de ser pai.

TRAILER:



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