Crítica: Arrow – 6ª Temporada (2018, de Alexandra La Roche e outros)


Chega a ser surreal a forma como a qualidade de Arrow vem decaindo nesses longos seis anos, mas nada me preparou para esse final confuso, forçado e, no mínimo, contraditório. Venha conferir a crítica da última temporada e saiba como mais um ano foi enterrado em confusão. Se você ainda não viu, cuidado, contém alguns spoilers!



A última temporada nos ludibriou com o ótimo vilão, Adrian Chase (Josh Segarra), talvez o melhor e o mais bem construído personagem até hoje; tinha propósito, inteligência e quebrou o Oliver como nenhuma ilha conseguiu. Seu personagem foi o responsável por muitos momentos marcantes e consequentemente, pela volta de alguns personagens à trama. Como eu já disse em outras críticas, ninguém fica realmente morto na CW e o exemplo vivo disso em Arrow é Laurel Lance, ou melhor, Sereia Negra.


Laurel Lance talvez seja a única personagem que poderia continuar no limbo. Não incrementa nada na história que não seja a lembrança da Laurel verdadeira e do símbolo que ela foi para os personagens. No começo da temporada, descobrimos que ela trabalha com Cayden James (Michael Emerson), que quer vingança pela morte de seu filho e culpa Oliver (Stephen Amell) por isso. Apesar de ter chegado perto, o time Queen consegue deter mais essa ameaça, para então, o verdadeiro vilão dar as caras, Ricardo Diaz (Kirk Acevedo).




E mais uma vez, a temporada parece ter sido salva pelo vilão. Entretanto, a inconsistência do roteiro é algo tão absurdo que dá para perder as contas de quantas vezes Oliver quis deixar seu lado noturno de lado e se dedicar à família. Ao mesmo tempo em que ele não quer se desfazer do uniforme, mostrando-se incapaz de liderar seu time e suas ações, fazendo com que todos ao seu redor virem as costas para ele, o personagem dá um passo para frente e volta três. Não cresce como pessoa, apesar de todos os problemas enfrentados, e não aprende com os erros. Insistindo em fazer as mesmas coisas.


A temporada pelo menos serviu para dar mais abertura ao time Arrow sem o Oliver, já que Dinah (Juliana Harkavy), Curtis (Echo Kellun) e Rene (Rick Gonzales) montam seu próprio time. Dinah, inclusive, foi um ponto forte nesse ano: sua personagem, que por vezes ficou de escanteio, foi de grande importância na história e deu liga a alguns acontecimentos. Rene também ganhou mais espaço, já que em temporadas passadas sua única função era brigar e fazer jus ao seu apelido, “Cão Raivoso”. Esse ano vimos uma maior interação com sua filha e sua vida pessoal, apresentando um lado mais humano, antes inexplorado. Por falar em paternidade, a interação de Oliver com seu filho foi uma coisa estranha de ser assistida, já que de uma hora para outra, Willian resolve aceitá-lo, mesmo tendo culpado o pai pela morte da mãe na explosão da ilha. A dinâmica entre eles não foi das melhores. Dinâmica essa, que Felicity (Emily Bett Rickards) também estava envolvida e de uma forma mais natural, conseguiu desenvolver aos poucos uma ligação com a criança.




Mas até aqui a série ainda estava ok(!), o grande problema foi quando o roteiro começou a patinar no julgamento de Oliver ser ou não ser o Arqueiro Verde. Em praticamente todos os episódios ele gritava aos quatro ventos que o grande culpado da cidade estar onde estava era de Ricardo Diaz e ninguém queria ajudá-lo, parecia que todos estavam mais preocupados em provar que o prefeito era um justiceiro. Após muitos episódios e algumas reviravoltas esperadas, ele insiste em não dizer a verdade no julgamento sobre ser quem é, e acaba sendo salvo por um plano inteligente de John (David Ramsey). Mesmo sendo absolvido (em partes), Diaz continuava em ação. Oliver, então, decide dar sua última cartada e pede ajuda ao FBI, o que por si só já seria estranho.

Após uma captura não tão difícil de Diaz, o que também foi inesperado, já que ele passou a temporada inteira prevendo o comportamento do arqueiro e manipulando a todos, vê-lo ser abatido foi um tanto frustrante. Oliver se entrega ao FBI e vai contra tudo aquilo em que acreditava para salvar seu time. Algo que poderia ter sido feito no meio da série, quando os mesmos agentes estavam lutando para provar que ele era o justiceiro. Se isso tivesse acontecido, talvez a narrativa tivesse sido muito melhor aproveitada, dando outro ar para a história, já que os roteiristas devem achar que nós, os telespectadores, não temos coisa melhor para fazer do que ver inconsistência atrás de inconsistência. 

Em apenas dois episódios, Oliver muda completamente de comportamento, assim como todos ao seu redor, apenas para entregar um final chulo e preguiçoso. Nem toda a nostalgia dos bons tempos de seriado foram o suficiente para agradar os fãs ou entregar algo digno. Outras séries da CW como Legends of Tomorrow também foram difíceis de engolir no começo, mas conseguiram se reerguer e se tornar algo muito superior a essas tramas forçadas que Arrow insiste em passar. A grande questão agora é, como vão tirar Oliver da cadeia sem forçar? Como vão ficar os familiares dele agora com um alvo pintado na testa? Apesar de não ser a melhor de todas as temporadas, longe disso, a audiência continua firme e forte o suficiente para que uma sétima temporada fosse confirmada…

Título Original: Arrow

Direção: Alexandra La Roche, Andi Armaganian, Antonio Negret, Ben Hernandez Bray, Gordon Verheul, Gregory Smith, James Bamford, Joel Novoa, Kevin Tancharoen, Laura Belsey, Mark Bunting 

Elenco: Stephen Amell, Colton Haynes, Emilly Bett Rickards, Willa Holland, Katie Cassidy, David Ramsey, Paul Blackthorne, Juliana Harkavy, Echo Kellun, Rick Gonzales, Kirk Acevedo, Michael Emerson

Sinopse: Após um violento náufrago, o bilionário Oliver Queen (Stephen Amell) foi dado como morto por cinco anos antes de ser descoberto em uma remota ilha no norte do mar da China. Ele retorna à sua cidade Star City, disposto a corrigir os erros feitos pela sua família e lutando contra a injustiça sob o nome do Arqueiro Verde.

Trailer:

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