Crítica: Sete Dias em Entebbe (2018, de José Padilha)




“Se você pensa que não tem opção, então é um refém também”, esta é uma das frases de lucidez que embalam o novo longa de José Padilha (Tropa de Elite). O filme se passa durante o evento de 1976, quando um grupo revolucionário palestino sequestra um voo da Air France com passageiros israelenses. Entretanto a primeira boa surpresa do filme está em Padilha não tentar estabelecer um vilão e um mocinho, ao menos no começo, em Sete Dias em Entebbe.


Contando com dois alemães, vividos por Rosamund Pike (Garota Exemplar), que dá vida a Brigitte e Daniel Bruhl (The Alienist), que dá vida a Wilfried, o filme se concentra em mostrar as motivações dos grupos e como os jogos de interesses movem as pessoas, as tornando refém de planos onde, até então, elas eram organizadoras. É ai que os personagens vividos por Eddie Marsan (Atômica), como Ministro da Defesa e Lior Ashkenazi (Abrigo), como Primeiro-Ministro, ganham corpo e em absolutamente todas as cenas com ambos, sentimos uma tensão presente oriunda entre negociações de paz e uso de força militar.





Infelizmente, mesmo seguindo boas premissas, tentando ser o mais isento possível, o filme não decola. Ele fica ali, paradinho junto com o avião sequestrado por 7 dias. E devo relatar que o motivo é a direção de Padilha. Enquanto tenta estabelecer o clima tenso de um sequestro e nos apresentar profundamente um pouco mais de seus personagens principais, ele falha em torna-los memoráveis. Algumas cenas chegam a soar forçadas, como uma cena onde Pike está em um telefone público, para mais tarde aquela cena poder justificar uma ação (ou falta de), num recurso, portanto, que demonstra a falta de técnicas para poder aprofundar os personagens. É bom que se diga que o elenco todo se esforça, o que não torna o resultado pior, mas, ainda assim, será difícil você se recordar de algum após o final do filme.

Mas, o filme não vive só de acertos isolados nas atuações ou em tentar contar a história de forma isenta, conta ainda com uma montagem, a cargo de Daniel Rezende (Bingo, O Rei das Manhãs), que podemos chamar de ousada. A montagem sincroniza os eventos da Missão Thunderbird (de resgate dos sequestrados) com uma importante peça israelense que simboliza os conflitos militares no País. Como tudo ousado, em alguns momentos ela parece demais, mas ainda assim, não compromete o clímax.


Por fim, Sete Dias no Entebbe é um filme que fica preso na preocupação de contextualizar demais o espectador nos eventos e não em criar personagens que nos conduzam pela trama. Filmes como A Grande Aposta e O Lobo de Wall Street, ainda são referências de como contar temas com histórias não tão conhecidas pelo público, mas, preocupadas em fazer você viajar por elas aos olhos de seus protagonistas.


Nome Original: 7 Days in Entebbe

Direção: José Padilha

Elenco: Daniel Bruhl, Rosamund Pike, Eddir Marsan, Lior Ashkenazi, Denis Ménochet e Bem Schnetzer

Sinopse: Em julho de 1976, um voo da Air France de Tel-Aviv à Paris foi sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda. Os passageiros judeus foram mantidos reféns para ser negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita decidiu organizar uma operação de resgate atacar o campo de pouso e soltar os reféns.


Trailer:


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