Crítica: Um Lugar Silencioso (2018, de John Krasinski)


Um Lugar Silencioso é um filme de uma proposta extremamente interessante, que não só se divulga muito bem, como cumpre o que propõe. Além de ser a estreia na direção de John Krasinski no gênero de horror.



Lee (John Krasinski) e sua família vivem em um Estados Unidos abandonado e silencioso. Tudo isso graças ao perigo eminente do que o barulho pode trazer. 


O filme – como já dito – tem uma proposta bem interessante e extremamente original no meio Hollywoodiano, além de ter alguns nomes de atenção na produção, como Michael Bay, e ter um elenco com o adicional de Emily Blunt. Sem falar na distribuição da Paramount e Universal. 

Com isso, o trabalho de marketing do filme se eleva, basta um trailer apresentando tudo isso e pronto, tem um público. Mas isso nos faz pensar nos recém filmes de terror que se beneficiam mais do suspense como artifício para a generalização do horror, como Corra!, A Bruxa e Ao Cair da Noite. Nos fazendo temer essa espécie de filme, já que o trailer apresenta algo, e no filme temos outra coisa, porém, aqui, está um dos maiores triunfos de Um Lugar Silencioso – além da premissa, é claro -. Tudo que é apresentado no trailer e sinopse é potencializado no filme, e nossa, que maravilha!


Começamos com o dia a dia da família logo após terem que ser submetidos a tal situação, viver sem fazer barulhos. Os ângulos que John Krasinski e Charlotte Bruus Christensen (fotografia) utilizam só faz crescer o que o filme quer, circulando entre todos personagens, nos apresentando de maneira íntima a cada um, fazendo com que em uma cena de 5 minutos temos mais empatia por eles do que em filmes de 2 horas.

Além da maneira sútil e inteligente que o silencio é utilizado, obviamente aqui não temos falas, eles se comunicam por gestos da ASL (a língua de sinais americana) e por trejeitos, facetas, logo nos levando a atuações mais íntimas e ao mesmo tempo expostas, nos adentrando no mundo de cada um. Gerando uma qualidade artística empolgante e autossuficiente, que dá atenção e destaque a todos os personagens, não só aos atores e atrizes especificamente; ademais, por óbvio, os protagonistas são Emily Blunt e John Krasinski, que além de interpretarem um casal no filme, também são um casal na vida real.

Claro, pelo filme ser boa parte em silêncio, há uma baita dificuldade de fazer o público se adequar a esse estilo de filme, e ele faz muito bem. O fato de não poder fazer barulho, e a forma em que o filme vai progredindo, o silêncio se torna inquietante, agoniante, propositalmente arquitetado para causar tensão em quem o assiste (vão ao cinema, passar 20 minutos só com respiros e etc dos personagens no meio de várias pessoas é algo que DEVE ser sentido para esse filme funcionar na sua potencia máxima).

O ritmo é muito bem calculado, além de, claro, as cenas de tensão. É um filme que sabe onde ir, obviamente se o problema é o som, e deve se viver em silêncio, os momentos mais explosivos serão quando há a presença do barulho, mas quando essa cena se vai o risco de ter uma quebra é gigante, porém aqui não ocorre. O filme sabe se conter, ele poderia ser extremamente mais agoniante e horrível, mas caso fosse, pós essas cenas de uma hiper tensão haveria um sentimento de interrupção, de quebra. Logo nos mostra um filme que tem potencial, o utiliza, mas sabe se conter, e isso é digno de muita atenção e admiração, principalmente no gênero de horror. 

Logo, com esse ritmo maravilhoso, uma dosagem certa do quão ser tenso e uma direção de ângulos maravilhosa, temos um filme excelente, porém ele não é. Em alguns momentos temos furos no roteiro, o “mal” que pune quem faz barulho em alguns momentos perde a sua presença para momentos mais emotivos, além da solução ter uma quebra de genialidade do roteiro. Mas, felizmente todos esses erros não diminuem o filme ao ridículo, sendo assim, ele é ótimo.

Por fim, Um Lugar Silencioso é uma experiência inquietante, agoniante e emotiva, sendo uma ótima surpresa, que entrega muito bem o que promete e traz uma das melhores coisas do recém já iniciado ano de 2018 nos cinemas. Recomendadíssimo! 


Título Original: A Quiet Place.

Direção: John Krasinski.

Elenco: John Krasinski, Emily Blunt, Millicent Simmonds, Noah Jupe e Cade Woodward.

Sinopse: Em uma fazenda nos Estados Unidos, uma família do Meio-Oeste é perseguida por algo. Para se protegerem, eles devem permanecer em silêncio absoluto, a qualquer custo, pois o perigo é ativado pela percepção do som.

Trailer:



Ansioso para o filme? Gostou da crítica? Vai assisti-lo no cinema? Diz pra gente nos comentários 😀

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