Crítica: Tomb Raider – A Origem (2018, de Roar Uthaug)



Roteiro adaptado geralmente é algo difícil de manter uma essência natural da obra existente, seja ela qual for o âmbito que possa ser roteirizado. Na maioria dos casos, os próprios autores tentam acompanhar o projeto e dão seus pitacos aqui e ali. O mais recente filme a ganhar o Oscar neste quesito foi Me Chame Pelo Seu Nome, história original do livro de mesmo nome, no qual o diretor Luca Guadagnino soube ilustrar categoricamente todo o envolvimento da trama, arquitetando delicadamente o início de uma descoberta amorosa aflorando a paixão existente entre duas pessoas. O filme ainda concorreu como Melhor Filme e em outras duas categorias. Em Tomb Raider – A Origem, a tarefa seria mais árdua, por ter uma das personagens femininas de maior expressão e icônica dos games, além de conquistar um novo público.

Somos apresentados para uma Lara Croft totalmente desconexa com os compromissos do pai. Por ainda não aceitar a morte do mesmo, fato ocorrido há sete anos atrás, Lara nunca herdou os direitos que tinha e passava sua vida entre a academia em que praticava luta e o seu emprego de “bike service”.  Após o encontro com Ana Miller (Kristin Scott Thomas), as coisas começam a mudar e enigmas são revelados. Dando essas cartas ao jogo, somos então imergidos ao mundo aventureiro que é Tomb Raider. Destino: Ilha de Yamatai, no Japão e tentar descobrir os mistérios sobre a lendária Himiko.

Mesmo com o acerto do roteiro de revitalizar a história de Lara Croft, começando uma nova trama a partir dos jogos mais recentes da franquia, logo entende-se a participação da Square Enix na produção do filme, o enredo apenas se preocupou demais em dar destaque para Alicia Vikander. Logicamente, ela é o triunfo da trama, porém os personagens que compõem o restante dela não apresentam quase nenhum fundamento determinante para o filme. Daniel Wu (A Hora do Acerto) simplesmente jogado para exercer a função de ser um eixo de ligação entre dois pontos. Fez apenas número e ainda teve a medonha coincidência de ter o mesmo drama de Lara Croft: Perda do Pai. Muito clichê! Nem o próprio antagonista, Mathias Vogel (Walton Goggins) consegue transparecer um ar vilanesco ao personagem. 

O roteiro ainda peca com o principal tema dessa aventura: Os famosos puzzles e armadilhas. Novamente, não temos uma composição que faça abrilhantar ou deixar em êxtase o mais ansioso “gamer”. Se for levado pelo fator nostalgia, a escolha foi interessante, mas mal executado e muito irrelevante.

Não podemos deixar de destacar negativamente o fraco CGI do filme, com falhas grotescas de luz e tempo. A trilha sonora também não é uma das melhores. Se “Survivor” entoou lindamente o trailer, aqui vimos a sonoridade demasiada, ora pelas  presenças errôneas em determinadas situações, ora pela falta de compatibilidade com as falas dos personagens atravessando-as. Falando em falas, algumas delas ficaram forçadas em querer arrancar risos do público, o que falhou miseravelmente, além das frases de efeito. Com todos esses buracos, algo pode ter chamado bastante atenção. Lara Croft, diante de todos os acontecimentos, pode ser considerada culpada por tais atos e vir a ser uma vilã? Fica aí esse questionamento. 


Roar Uthaug não consegue nos demostrar uma trama que possa interessar os mais fanáticos por Tomb Raider. Até tentou, encarou o desafio. Vimos a entrega de Alicia Vikander como Lara Croft, com todo o seu talento.  Conseguiu incorporar bem a personagem, deixando para trás as atuações de Angelina Jolie, na primeira empreitada da franquia. Toda as cenas que a envolvia em ação demonstraram toda a sua qualidade de interpretar.


Os fãs do game realmente podem ter ficado decepcionados com todo o desenrolar do filme, porém as cenas do jogo conseguiriam pelos menos matar a ansiedade de quem esperava ver essa relação, mesmo com a fraca adaptação. Só esperamos que a sequência possa ser melhor!



Título Original: Tomb Raider

Direção: Roar Uthaug

Elenco: Alicia Vikander, Dominic West, Daniel Wu, Walton Goggins e Kristin Scott Thomas

Sinopse: 
Aos 21 anos, Lara Croft (Alicia Vikander) leva a vida fazendo entregas de bicicleta pelas ruas de Londres, se recusando a assumir a companhia global do seu pai desaparecido (Dominic West) há sete anos, ideia que ela se recusa a aceitar. Tentando desvendar o sumiço do pai, ela decide largar tudo para ir até o último lugar onde ele esteve e inicia uma perigosa aventura numa ilha japonesa.

TRAILER:

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