Crítica: Roman J. Israel, ESQ. (2017, de Dan Gilroy)

Denzel Washington é um dos grandes atores de sua geração. Resta pouca dúvida sobre isso. A composição de seus personagens sempre chama atenção e em Roman J. Israel, ESQ. não é diferente. Para compor um personagem extremamente desengonçado e com dificuldade de viver em sociedade, ele opta por utilizar pares de sapato dois números maiores e anda evitando que eles saiam do pé. Mas, isso não é o bastante aqui. Numa rápida lembrança dos filmes deste último ano, a indicação dele ao Oscar não se justifica. Não desta vez. Sabemos dos problemas que tiraram James Franco, maravilhoso em O Artista do Desastre, da disputa, mas ele seria um candidato muito melhor. Ou ainda, como muito bem lembrado num debate entre a equipe do Minha Visão do Cinema, num mundo ideal, a quinta vaga seria de Robert Pattinson por Bom Comportamento.

Mas, se uma indicação não tão merecida fosse o único problema do longa, estaríamos diante de um bom filme. O roteiro, também assinado por Dan Gilroy (O Abutre), começa muito bem, nos incentivando a conhecer e entender um pouco mais do comportamento peculiar do personagem título. Aliás, o nome do personagem título é repetido exaustivamente durante a projeção seguido do sufixo Esquire, que representa nada mais que o conservadorismo e crenças daquele homem.

O roteiro ainda tem outros momentos de lucidez muito interessantes, como o que Roman dá uma palestra para jovens engajados em projetos sociais, e acaba por discutir com uma das ouvintes da palestra justamente por seu conservadorismo exacerbado, ou ainda, as piadas extremamente sem graça que ele conta a fim de quebrar algum gelo ou sua visível incapacidade negocial, que seria talvez a capacidade mais necessária de um advogado, mas, que é totalmente suprida pelas visíveis atitudes pro-bono e sua incrível capacidade de memorização e interpretação do código civil.


Infelizmente o roteiro cai em algumas pegadinhas e dai por diante são apenas decepções. O filme tem uma premissa de contar uma história de um personagem desajustado, que se ajusta (não como esperamos) e por fim, se redime em apenas 3 semanas. Isso, envolvendo ainda outras duas pessoas e que desenvolve uma empatia incrível por elas, surreal para quem não tem habilidades sociais. É bastante óbvio, portanto, que Colin Farrell (O Estranho que nós Amamos) e Carmen Ejogo (Selma: Uma luta pela igualdade) tenham pouca coisa a construir de seus personagens, apesar de visivelmente tentarem encontrar uma brecha no roteiro que os ajude. Aliás, tenho dúvidas se este ponto especificamente foi falha apenas do roteiro ou também de uma montagem bastante ineficiente.

O plot twist, se assim podemos chamar, é extremamente óbvio, mas longe de irritar tanto quando a mudança de ritmo do primeiro para o segundo ato. É uma mudança que já seria inverossímil para alguém dito dentro dos padrões, e para o personagem construído até então, soa como fantasia pura.


Por fim, o longa termina justamente como esperamos a partir do inicio do terceiro ato, revelando mais uma vez pouca surpresa e uma relativa preguiça em ter mais carinho com o que começou relativamente bem.



Título Original: Roman J. Israel, ESQ.

Diretor: Dan Gilroy

Elenco: Denzel Washington, Carmen Ejogo, Colin Farrell, Shelley Hennig, Nazneen Contractor, Amanda Warren, DeRon Horton, Amari Cheatom, Lynda Gravatt, Sam Gilroy e Tony Plana.

Sinose: Em meio ao sistema criminal de Los Angeles, Roman Israel é um advogado idealista, que em sua busca por justiça acaba se envolvendo em circunstâncias perigosas, que arriscam acabar com sua reputação de ativista.

Trailer



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