Crítica: Bright (2017, David Ayer)



A primeira coisa que me veio à cabeça foi: o que Tolkien diria se tivesse assistido ao filme? E a resposta foi que, talvez, ele ficasse decepcionado. 

É indiscutível a capacidade que a Netflix tem de fazer séries e filmes originais. A qualidade das produções não deixa a desejar, seja nos efeitos especiais, quanto de atores e roteiros, porém, não é sempre que ela acerta em tudo. Apesar de todo o marketing envolvido, tirando a presença de Will Smith como protagonista, será que o filme vale as duas horas?



Acredito que um dos maiores problemas da produção, foi a confusão que ela é. O ritmo frenético dos acontecimentos e o excesso de informação, deixaram o filme atropelado, e o que poderia ter sido sensacional, ficou apenas ok. Não conseguimos ao certo entender o que está acontecendo, sabemos que criaturas místicas como Orcs, Fadas, Elfos, dentre outros, vivem uma má harmonia, de uma raça para outra. Percebemos muita violência, racismo e preconceito. Mas, isso simplesmente é jogado no nosso colo. Descobrimos algumas coisas aqui e outras ali, mas nada nos é explicado de fato.
Mas, apesar de tudo isso, você continua assistindo porque é interessante! O roteiro teve uma ideia muito boa e inovadora, de colocar todas essas criaturas no dia a dia de uma sociedade atual, porém, não soube desenvolver isso muito bem. Ward (Will Smith) e Jacoby (Joel Edgerton), só não estão mais perdidos que o espectador no filme. Eles caem de paraquedas no meio de algo muito maior, pois os dois encontram uma varinha mágica. Tal varinha é capaz de realizar qualquer desejo, desde que você consiga usá-la, e somente os Brigth são capazes de segurá-la, sem literalmente, virar pó.



O
vilão ficou a desejar um pouco, pois ele não aparece, é apenas citado
como um ser das trevas que, com a ajuda de Leilah (Noomi Rapace), uma
elfa brigth, a real vilã até aqui, conseguirá unir o poder das varinhas
mágicas e o trazer de volta. E muita gente parece acreditar nisso no
filme, já que se você prestar atenção, nas paredes à sempre pichações
com desenhos ou escritas falando dele. Talvez, seja proposital ele não
ter tido maior importância no filme, podendo assim, deixar aberto – quem
sabe – para uma possível continuação.



Apesar
da fantasia do filme, ele tenta criar alguns paradigmas preconceituosos
da sociedade em geral, como a questão de Jacoby se tornar policial,
graças a uma “cota”, considerado um pária da sociedade, pelo simples
fato de sua raça ser Orc, sofrendo preconceito inclusive de seu
parceiro, Ward. Percebemos também que todas as raças são divididas e
dificilmente se misturam com outras. E que todas tem um estereótipo bem
marcado. Orcs são bandidos, Elfos são ricos e inteligentes, Fadas são
consideradas uma praga, e por aí vai. Mas, como em todo o filme, o
roteiro falha em passar isso na tela. A tentativa de reflexão social
fica em segundo plano. Com situações e conversas desnecessárias, o filme
melhoraria 100% se fosse mais enxuto e focado em explicar os
acontecimentos.
 
Para uma aposta de 90 milhões de dólares, não é o melhor filme da Netflix, nem o pior. Os efeitos especiais estão ótimos, a maquiagem, a ideia é muito boa e, temos tudo que um filme de fantasia precisa: o vilão dos vilões, varinhas mágicas, profecia, um herói que ninguém espera, e redenção. Ainda assim, consegue divertir e entreter quem deseja ver um filme de ação, e só.


Título Original: Brigth

Direção:
David Ayer

Elenco: Will Smith, Joel Edgerton, Lucy Fry, Noomi Rapace

Sinopse: Um thriller policial contemporâneo com elementos fantásticos, incluindo orcs e fadas. Tikka (Lucy Fry), uma jovem elfo detentora de uma varinha com poderes mágicos será protegida por Scott Ward (Will Smith), um ser humano e por Nick Jakoby (Joel Edgerton), um orc.


Trailer:



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