Crítica: O Rei do Show (2017, de Michael Gracey)


O gênero de filmes biográficos sempre esteve à tona ao longo dos anos. Presentes nos indicados e vencedores do Oscar, no favoritismo do público, por serem baseados em uma história real, ou por sempre manter uma mensagem de sucesso, são filmes esperados e que alcançam uma certa expectativa do público e dos críticos. E em O Rei do Show isso tudo é acompanhado com outro gênero bastante conhecido, o musical, e querendo – ou não, é isso que define a qualidade do filme como um todo.

O filme já começa com uma apresentação a estilo musicais mesmo, passa alguns minutos e já temos mais cantoria, e assim se vai. Logo percebemos que o filme opta por isso, mas vai além, as músicas e coreografias são em um ritmo estimulante, rápido, que promove a imersão do público por aquela alegria ou ritmo contagiante, e assim o filme escolhe por seguir esse mesmo estilo em sua composição total, trazendo mais dinamismo para a sua história, e é nisso que o filme crava o seu maior triunfo e derrota. 


Particularmente não tenho nenhum problema com filmes que preferem cortar parte da história para apresentar algo mais rápido e dinâmico, mas isso não podia, e nem devia estar em O Rei do Show. É um filme biográfico, e por ser isso temos a necessidade de algum desenvolvimento, mas em O Rei do Show isso não ocorre. O filme opta tanto por esse dinamismo, que promove o mesmo em fio de história, não mergulhando em nada, apenas apresentando os fatos em cenas, e deixando o público engolir os mesmos.

Mas ok, isso não é tão desconcertante se o filme optar por seguir isso e ter a noção disso, mas aí que está o maior tropeço, ele não tem. Em diversos momentos é necessário o apego a algo no filme para o público ter a experiência proposta por alguns conjuntos de cenas, mas como ter tal apego se tudo foi simplesmente colocado em tela sem uma construção, ou desenvolvimento? 


Esse tipo de coisa é o que prova a falta de certo cuidado, ou qualidade em roteiro e direção, porque além de ser algo que fere o que a mesma obra propõe, fere a qualidade de experiência do espectador.

Porém, como disse, há um triunfo em ter esse dinamismo, e ele está na sua parte musical. As coreografias são boas, as músicas legais e empolgantes, aliás, ouso dizer que se o filme fosse só isso, o mesmo teria outro aspecto, uma qualidade melhor. 




Em atuações temos Hugh Jackman (Logan, Os Miseráveis) como um ótimo P. T. Barnum, mostrando que não é apenas um ator, como também um ótimo dançarino, e cantor. Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar) está ótima também, porém sem muitas oportunidades. Já Zac Efron (High School Musical) está um pouco diferente do que se exige em seus papéis rotineiros, e incrivelmente bem no mesmo – o mesmo se equivale para Zendaya (Homem-Aranha: De Volta ao Lar).

De resto temos músicas boas, um design de produção interessante, fotografia comum, e um figurino que é compatível com a época em que se passa – além de uma montagem que em momentos peca, mas em outros acerta por sua suavidade. 



Por fim,
O Rei do Show é um filme que erra como drama, erra como biografia, mas acerta como musical – não totalmente, e isso salva toda a obra. É um filme que agrada, diverte, e apesar de tudo, traz uma boa sensação no final. Ao grande público agrada, já aos cinéfilos e espectadores mais ácidos, pode decepcionar, já que tropeça em si mesmo em diversos momentos. Um ótimo entretenimento. 
Título Original: The Greatest Showman

Diretor: Michael Gracey

Elenco: Hugh Jackman, Zac Efron, Michelle Williams, Zendaya, Rebecca Ferguson, Keala Settle, Paul Sparks.

Sinopse: De origem humilde e desde a infância sonhando com um mundo mágico, P.T. Barnum (Hugh Jackman) desafia as barreiras sociais se casando com a filha do patrão do pai e dá o pontapé inicial na realização de seu maior desejo abrindo uma espécie de museu de curiosidades. O empreendimento fracassa, mas ele logo vislumbra uma ousada saída: produzir um grande show estrelado por freaks, fraudes, bizarrices e rejeitados de todos os tipos.

Trailer:



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