Crítica: Blade Runner 2049 (2017, de Denis Villeneuve)


O que define ser humano? Até onde se estende nossa existência? Existimos? Essas, dentre outras perguntas, são as ferramentas que locomovem toda essência da trama de Blade Runner (1982). Já em sua “continuação”, somos apresentados a novas perspectivas, trama, ritmo, direção, fotografia, trilha, entre outras, mas que no geral mantêm toda dúvida existencial do primeiro filme. 

California, 2049. Após os problemas enfrentados com os Nexus 8, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida, de forma que seja mais obediente aos humanos. Um deles é Officer K (Ryan Gosling), um blade runner que caça replicantes foragidos para a polícia de Los Angeles. Após encontrar Sapper Morton (Dave Bautista), Officer K descobre um fascinante segredo: a replicante Rachel (Sean Young) teve um filho, mantido em sigilo até então. A possibilidade de que replicantes se reproduzam pode desencadear uma guerra deles com os humanos, o que faz com que a tenente Joshi (Robin Wright), chefe de Officer K, o envie para encontrar e eliminar a criança.

Villeneuve rege bem toda sequência de mundo do primeiro filme, transitando com elegância a partir do acompanhamento de Officer K (Ryan Gosling) na trama, mostrando a mudança de mundo após 30 anos, os núcleos da história, acrescentando e descobrindo camadas ao personagem, além de depositar cada vez mais peso a trama. A princípio, esse processo aparenta ser lento e cansativo, mas ao decorrer do filme temos algo complexo, denso, e extremamente bem construído como desenvolvido, dando total margem a uma maior imersão do expectador, como potencial à trama.
Isso tudo é logicamente reforçado, como estruturado na qualidade de roteiro de Hampton Fancher e Michael Green, que introduz a história todas alternativas dramáticas, como narrativas para a história, sendo extremamente bem ligadas e nada óbvias, fugindo de clichés e potencializando toda qualidade da obra.

Porém, é evidente que um aspecto básico da ficha técnica do filme não atrai, a duração do filme. O longa tem nada menos como nada mais do que 2 horas e 43 minutos, isso com certeza não atrai, e dentro da narrativa tende a se prolongar como também a cansar. Mas, é aqui que entramos no resultado dessa aparente “demora” e lentidão: a recompensa.
E, a recompensa de Blade Runner 2049 é de longe algo extremamente empolgante, fantástica e inigualável. Ao longo do filme entramos em um clímax progressivo, somos introduzidos a vida do personagem principal, ele nos guia a núcleos secundários e rege a trama, na qual, nessa trama, percebemos camadas, nos envolvemos. Tudo com um ardiloso jogo de câmera, e transição narrativa da história, que prolonga momentos e tensões, que apesar de parecer estranho, não agradar, imerge, e no final, faz todo sentido. Chegando a um ponto que o mesmo filme que te faz se despertar para não dormir, termina te fazendo aplaudir.


Ryan Gosling está maravilhoso, de longe um de seus melhores personagens feitos até hoje, transmite muito bem toda a sua dualidade imposta pela trama. Harrison Ford mostra que apesar da idade, sabe atuar em cenas de ação, assim como adicionar maturidade a trama. Jared Leto aparece pouco, mas no que aparece dá luz a uma personalidade que impõe apenas em sua presença (deixo claro que não desejo uma nova continuação, mas caso nela existisse esse personagem, compraria o ingresso apenas pelo mesmo). Se falar de Ana de Armas, que brilha mesmo sem muitos holofotes. 
Em aspectos técnicos o filme brilha, seja em uma qualidade absurda de efeitos visuais, como em uma trilha sonora de Hans Zimmer caótica, e ao mesmo tempo organizada, de tal forma acrescentando ao filme algo sutil, simples, e ao mesmo tempo claro e rústico. A fotografia é incrível, dualidades extremamente presentes que reforçam todo princípio da trama como planos exemplares.


Por fim, Blade Runner 2049 é aquele filme que te faz aplaudir, e quando se vai comentar tu não sabe muito o que dizer, apenas que é espetacular. Tão bom quanto o primeiro, e para alguns, até melhor. Uma obra-prima, o melhor filme de Denis Villenueve até hoje, e com certeza, o melhor do ano até aqui. Vem Oscar! Mas, apesar disso, não recomendo ao público em geral, já a cinéfilos, fãs do 1º, de Villeneuve, e de filmes que dão uma aula, vá assistir e contemple!


Título Original: Blade Runner 2049

Direção: Denis Villeneuve

Elenco:Ryan Gosling, Harrison Ford, Robin Wright, Dave Batista, Ana de Armas, Jared Leto, Mackenzie Davis, Sylvia Hoeks

Sinopse:California, 2049. Após os problemas enfrentados com os Nexus 8, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida, de forma que seja mais obediente aos humanos. Um deles é K (Ryan Gosling), um blade runner que caça replicantes foragidos para a polícia de Los Angeles. Após encontrar Sapper Morton (Dave Bautista), K descobre um fascinante segredo: a replicante Rachel (Sean Young) teve um filho, mantido em sigilo até então. A possibilidade de que replicantes se reproduzam pode desencadear uma guerra deles com os humanos, o que faz com que a tenente Joshi (Robin Wright), chefe de K, o envie para encontrar e eliminar a criança.

Trailer:



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