Crítica: Game of Thrones (7° Temporada) – Enfim, As Crônicas de Gelo e Fogo?



Antes de mais nada, leia nossas primeiras impressões do 1° episódio da 7° temporada aqui!





*Contém spoilers!!!



É inegável que Game of Thrones é a grande série da atualidade. Elogios da imprensa, recordes de audiência e frenesi nas redes sociais transformaram esta num fenômeno pop mundial, sendo assim a série mais comentada na última década. Depois de 6 primeiros anos espetaculares (no geral), era sabido que esta sétima temporada vinha como a penúltima – e o início do fim. Com apenas 7 episódios (contra 10 das demais safras), GoT (para os íntimos) acabou no último domingo, deixando opiniões extremamente diversas. O que antes era unanimidade, agora divide discussões. Mas afinal, como foi esta temporada? E será que se afastou tanto assim da sua ideia base? Não li os livros, então basearei a crítica na obra técnica televisiva.



Primeiramente é preciso dizer que sim, tivemos uma queda na qualidade do roteiro. Se outrora de maneira lenta, o texto apresentava elaborados diálogos, explicava sua história e mitologia, aprofundava personagens complexos lotados de camadas; agora não há mais espaços para isso. Assim, fica um clima apressado, com situações mais mundanas e comuns, sendo solucionadas com válvulas de heroísmos e soluções fáceis, tendo pouco desenvolvimento das características dos personagens e às vezes, soando mais exibicionismo televisivo do que arte. Perdeu-se assim um pouco de brilho nas atuações, perdeu-se força nos diálogos e com isso, menos emoção em esperados encontros e reencontros. De uma trama pesada, ousada, suja e original, chegamos a um ápice novelesco, com situações e romances que o público pediu, e os produtores estão entregando. Alguns atos heroicos ou de salvação no último instante, soam forçados e oriundos do cinema blockbuster, como a típica cena de resgate em última hora nos filmes de heróis. Exemplo: a batalha ao fim do episódio 4, quando Jaime é salvo em um último instante. Em outros tempos, personagens importantes teriam sido mortos sem dó. Game of Thrones perdeu um pouquinho, mas bem pouquinho, de sua identidade, uma vez em que começou-se a demarcar definitivamente os mocinhos e vilões, já que antigamente, todos eram meio dúbios. E quando alguém era mocinho e ingênuo demais, perdia a cabeça (literalmente). 





Podemos dizer que tudo isso se confirma no 6° e penúltimo episódio, o melhor e pior deste ano. Melhor, porque temos momentos épicos e emocionantes, além da chocante morte de um dos dragões, algo que sinceramente eu já esperava (não porque li spoilers, mas porque é uma guerra, de três dragões, pelo menos um teria de morrer). Mas tal episódio entrega um roteiro apressado, lotado de lacunas e situações clichês que você já viu em filmes de fantasia. Poderia-se ter explicado de onde os “caminhantes brancos” tiraram aquelas correntes. E se eles não nadam, como resgataram o corpo do dragão em baixo d’água? Bem, sobre as correntes, eles possuem armaduras, espadas e outras coisas, então poderia-se mostrar que como um exército, eles realmente estão equipados. Sobre o mergulho, poderia-se mostrar alguns mortos sacrificando-se, chegando até o fundo e enrolando a corrente no corpo do dragão. Mas o ritmo apressado preferiu esconder possíveis explicações para isso, enquanto que o público não engoliu estas lacunas. Sem falar que tais detalhes tirariam aquela surpresa quando o dragão em questão fosse ressuscitado, agora como um zumbi de gelo. Daí temos outro problema: os roteiristas e produtores passaram a se importar mais com os típicos plot twists (reviravoltas) e momentos épicos, do que com a lógica. Assim, agrada-se o grande público, mas deixa-se perguntas e inverossimilhanças no ar. 





Mas felizmente, os problemas param por aí. Vamos ser sinceros: o fato da série ser a mais vista e comentada da atualidade e ainda rasgar elogios da crítica mundial, tornou a obra “hypada”, e como tudo que tem grande hype ou torna-se pop, está na mira dos haters, ou os “do contra” de plantão. Basta a trama baixar um pouco o nível, e as críticas negativas vão ao extremo (estamos numa era digital de extremos, ou algo é incrível ou algo é vergonhoso), falta um bom senso em julgar as coisas. Ou seja, comentários negativos em cima da série tem sido bastante exagerados. GoT ainda segue como uma das melhores tramas televisivas da atualidade. E na verdade, é algo pioneiro, o sucesso da mesma prova isso. É a primeira série de fantasia, com dragões, bruxas e afins, que realmente é bem feita, com boa produção técnica, preocupação em criar personagens interessantes, chocar a plateia com fatos inesperados e ser realisticamente cruel. Qualquer outra produção deste gênero foi risível, com efeitos visuais vergonhosos e trama superficial, e na verdade muitos filmes são assim. Alguém aí lembra de Dungeons e Dragons? Game of Thrones estabeleceu um novo patamar na história da televisão, com cenários, visual, batalhas e trama superior a sétima arte. 




Na verdade, de certa forma a série sempre caminhou para o ponto em que está, reveja desde a 1° temporada e lembrará disso. Sempre brinquei que GoT é equivalente ao O Senhor dos Anéis (o escritor assumiu ter essa base), porém em formato de série e para maiores de 18 anos. A prova disso é a estrutura da mesma, muito parecida com um filme blockbuster. Nas primeiras cinco temporadas, tivemos um ritmo deveras lento (na época, pensei em desistir de ver a 1°), com um aprofundamento da trama, personagens, famílias e povos, mostrando como cada um dos personagens atuais chegou onde se encontra. Entre períodos de construção da narrativa da trama, tivemos traições, assassinatos e as primeiras batalhas, todas fundamentais para chegar aqui nesta 7° temporada. Na 6° temporada, tivemos a morte de vários personagens secundários, uma aceleração no ritmo e o início do fim, com uma esperada batalha. De certa forma, a temporada anterior alertou que o fim se aproximaria. E bem, esta sétima temporada concretizou isso, dando início aos derradeiros acontecimentos. Está tudo preparado para o fim, tudo, as peças do jogo de xadrez estão posicionadas. Agora é dar o xeque-mate. Tudo chega ao seu fim, e com GoT, terminará com inescapáveis batalhas (e algumas pequenas reviravoltas?). Então sim, mesmo que com problemas de roteiro, a série está onde sempre caminhou para estar, equivalente a um 3° ato de um filme blockbuster de aventura: a batalha final.





Como já comentado, no cinema isto é corriqueiro, mas em uma série de televisão (meio extremamente limitado por orçamento, produtores, parceiros, censuras, etc), GoT se sobressai como pioneira, única, a primeira a alcançar um patamar elevado. Dito isso, os efeitos especiais utilizados nos dragões são incríveis, os cenários continuam majestosos, a fotografia é belíssima, os figurinos e penteados de época são ótimos, a trilha sonora se apresenta empolgante e épica, a ação é muito bem coreografada e de grande magnitude. Embora o roteiro os aproveite menos, o elenco ainda é ótimo e esforçado, especialmente Peter Dinklage e Lena Headey. Emilia Clarke e Kit Harington continuam limitados, mas a vontade e é ótimo finalmente ver os dois juntos em cena. A surpresa fica pelo crescimento e possível troca de lado de Nikolaj Coster-Waldau e seu personagem Jaime. O personagem Theon Greyjoy é digno de raiva, bom trabalho do ator Alfie Owen-Allen, que entrega um ótimo momento no último episódio desta temporada, mostrando uma tentativa de se redimir, note que após derrotar um oponente e convencer os seus homens a ficar do seu lado, ele cai cansado na beira da praia, mas se levanta, com um grande pôr do sol laranja ao fundo, uma bela cena simbólica. Aliás, o ótimo episódio final desta temporada foi cheio de esclarecimentos, pondo “pingos nos is” e demarcando o que virá a seguir.



Apesar de suas falhas, o roteiro ainda trouxe diálogos afiados, algumas reaproximações de personagens e reencontros marcantes, além de algumas finalizações. A cena em que Tyrion e Cersei se acertam, o destino de Mindinho e a mudança do Cão de Caça foram alguns dos bons momentos. Várias pontas soltas foram deveras amarradas, preparando terreno para o fim. Embora distante dos livros, onde a trama já passou na cronologia dos mesmos, a série faz jus ao nome original das obras literárias: As Crônicas de Gelo e Fogo. Teremos a esperada batalha dos exércitos de Daenerys e Jon e seus dragões, contra o exército de mortos e seu dragão de gelo. Mais icônico impossível, portanto, Game of Thrones está onde sempre caminhou para estar. Não importa o que digam, a série continua um espetáculo áudio visual, algo poucas vezes visto na TV. E é justamente isso que incomoda detratores. A oitava e última leva desta história tem previsão de estreia somente para 2019, será um longa espera. Mas será uma que valerá a pena, estamos preparados para o 3° ato.



Título Original: Game of Thrones


Criada por: David Benioff e D. B. Weiss



Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Emilia Clarke, Kit Harington, Aidan Gillen, Liam Cunningham, Carice Van Houten, Indira Varma, Sophie Turner, Nathalie Emmanuel, Maisie Williams, Conleth Hill, Kristofer Hivju, Isaac Hempstead-Wright, Gwendoline Christie, Alfie Allen, Michiel Huisman, Tom Wlaschiha, Iain Glen, John Bradley, Hannah Murray, Rory McCann, Jerome Flynn, Ed Sheeran.



Sinopse: Daenerys Targaryen finalmente partiu para Westeros com seus exércitos, dragões e sua nova Mão da Rainha, Tyrion Lannister. Jon Snow foi nomeado Rei no Norte após derrotar Ramsay Bolton na Batalha dos Bastardos e devolver Winterfell para a Casa Stark. Em Porto Real, Cersei Lannister tomou o Trono de Ferro incinerando o Alto Pardal, seus seguidores e seus rivais no Septo de Baelor. Mas à medida que velhas alianças são rompidas e novas surgem, um exército de mortos se aproxima da Muralha, ameaçando acabar com o jogo dos tronos para sempre.



Trailer:





Imagens:















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