Crítica: Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017, de Jon Watts)

São exatamente 3 horas da manhã. Acabei de sair da sessão de Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Caminhei meia hora nesse tempo frio que está fazendo na cidade de São Paulo, morrendo de medo de ser assaltado e pensando no filme. O que me deixa mais intrigado é que eu já me esqueci de boa parte do que eu acabei de assistir na tela do cinema. Primeiramente, pensei que estava ficando velho e estava começando ter crises de amnésia conforme a idade avança, porém, lembrei que tenho apenas 22 anos. Na realidade Homem-Aranha: De Volta ao Lar é o tipo de filme que Hollywood está fazendo aos montes desde o início do século. Obras vazias, com pouco conteúdo e estórias que servem apenas de pano de fundo para vender ação ou um futuro filme, o que é o caso desse.

Façam comigo uma viagem no tempo amiguinhos, vamos voltar para 2002, que tal? O ano de lançamento de Homem-Aranha, filme dirigido por Sam Raimi. Nunca me esqueço da cena do elevador em que Peter Parker deixa o assassino do seu Tio Ben ir embora com o dinheiro roubado. Dois anos depois Homem-Aranha 2 também dirigido por Raimi, nos entrega a memorável cena da luta do herói com Dr.Octopus em cima do trem. Com absoluta certeza, vo se lembra dessas duas cenas. Homem-Aranha: De Volta ao Lar não tem nenhuma sequência ou momento que vo vai carregar consigo durante a vida.

Dizer que os filmes da Marvel Studios tem roteiros bem costurados é chover no molhado. O ritmo do filme é ótimo, a todo momento acontecem situações e plots que não deixam o telespectador dormir, entretanto, a simplicidade do roteiro deixa tudo muito artificial e “sem alma”. A seguir, um exemplo do que eu quero dizer:
Temos o vilão Abutre, interpretado por Michael Keaton de uma forma magnífica, com absoluta certeza, é  a melhor coisa do filme. A motivação dele, apesar de interessante, é muito mal explorada. Em nenhum momento o longa te diz o que fazem com os produtos que ele faz a “venda”. Isso daria muito mais drama e afetaria o Peter Parker, que é um adolescente e nunca viu armas de destruição tão poderosas como aquelas. São devastadoras, mas o filme em nenhum momento coloca o personagem nessa situação, isso entregaria muito mais relevância a batalha dos dois. Consequentemente, as histórias do vilão e do herói se cruzam em um determinado momento do filme. Porém, o lado do plot por parte do Abutre nem sequer é colocado em pauta de alguma forma. Isso aproximaria ainda mais os dois personagens e criaria um peso maior para a história.
Tia May, a figura mais importante para Peter Parker, a única pessoa viva de sua família, não tem serventia nenhuma para a história e nem cria nenhum drama ou situação para o Peter durante o filme. Marisa Tomey está ali apenas para fazerem a piada: “Olha só a tia gostosona que ele tem”. Em certa parte do filme, que inclusive, está em um dos trailers lançados, (portanto não é spoiler), o vilão Abutre diz a Peter que vai matá-lo e também matar todos que ele ama. Ele fica realmente preocupado e até apavorado com a situação, mas em hora alguma ele pensa na Tia May, o filme não dá nenhuma importância para essa questão, a relação de tia e sobrinho que o filme mostra é completamente fria.
Os momentos mais interessantes da obra ficam por conta das cenas na escola. Tom Holland é um ótimo Peter Parker. O seu jeito nerd meio tímido deixa essa parte do filme muito divertida. Eu assistiria tranquilamente um filme de 3 horas apenas com o Parker em sua vida escolar e interagindo com o pessoal. São dilemas que não tinham sido explorados nos filmes anteriores e que esse filme retrata muito bem.
As cenas de ação são bem coreografadas e pensadas, o CGI desse filme está em sua totalidade impecável. A trilha sonora ficou por conta do ótimo Michael Giachinno que fez as ótimas composições para a série LOST e para o filme Jurassic World. A trilha é competente, mas em diversos momentos ela se perde durante as cenas, não colocando o peso necessário e não surtindo efeito na mudança de emoção em alguma parte do filme.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar certamente vai fazer sucesso e tem a fórmula perfeita para fazer isso acontecer. Apesar dos problemas, o filme tem uma pegada jovem super legal e que nos faz gostar e prestar atenção naqueles personagens durante a projeção. Em contrapartida, quando ele acabar, dificilmente vai se lembrar de alguma cena memorável do filme. Aliás, qual o nome do amigo gordinho do Peter mesmo? 

Título Original: Spider-Man Homecoming


Direção: Jon Watts


Elenco: Tom Holland , Michael Keaton, Jon Favreau, Zendaya, Donald Glover, Tyne Daly, Marisa Tomei, Robert Downey Jr.

Sinopse: Depois de atuar ao lado dos Vingadores, chegou a hora do pequeno Peter
Parker (Tom Holland) voltar para casa e para a sua vida, já não mais tão
normal. Lutando diariamente contra pequenos crimes nas redondezas, ele
pensa ter encontrado a missão de sua vida quando o terrível vilão Abutre
(Michael Keaton) surge amedrontando a cidade. O problema é que a tarefa
não será tão fácil como ele imaginava.


                                 Trailer:

O que achou do Homem-Aranha voltando ao lar?? Deixe os comentários abaixo 😀



1 thoughts on “Crítica: Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017, de Jon Watts)”

  1. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver. Laura Harrier esta impecável no filme. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Além, acho que a sua participação neste filme de ação realmente ajudou ao desenvolvimento da história. O filme tem uma grande historia e acho que o papel que ele interpreta caiu como uma luva, sem dúvida vou ver este filme novamente. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores lançamentos em 2018 acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.

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