Crítica: The Handmaid’s Tale – 1ª Temporada (2017, Bruce Miller)


Todos os anos, – desde a grande febre de ótimas obras
televisivas –, temos algumas estreias que são de cair o queixo, seja por
ousadias ou maestrias nas execuções e escolhas de enredo do programa. E, em
2017, temos uma que realmente é de cair o queixo, e o nome dela é The Handmaid’s Tale. Seja pela extrema
qualidade de roteiro, atuações, direções e cinematografia, ou pelo tema
abordado – e dentre esse, vários – que essa série não é apenas excepcional, mas
como também de extrema importância.

Na sociedade totalitária de Gilead, há uma escrava para
produzir uma criança para o comandante Waterford (Joseph Fiennes) e sua esposa
Serena Joy (Yvonne Strahovski) chamada Offred (Elisabeth Moss), que procura a
filha tirada dela. Baseada no livro best-seller O Conto da Aia, de Margaret Atwood.

A série trata de temas como estupro, política de pão e
circo, fanatismo religioso (sendo a explicação de ações, como a escravidão em
que os senhores liam a bíblia provando o seu ponto de vista), desvalorização e
objetificação da mulher, sistema totalitário (pontos narrativos lembrando as
telas do livro 1978), opressão e etc.
Sim meus amigos, tudo isso em uma série só.

Claramente por falar de assuntos tensos, tem um tom, – seja
pela trilha sonora, bela fotografia ou direção –, extremamente tenso, sendo
assim uma série que não é pra qualquer um. E a maneira como cada assunto é
inserido em cena é fenomenal, com sutilezas que provocam o pensar do
espectador, ainda mais com o silêncio provocante de cenas emocionalmente carregadas
ou extremamente simbólicas.


Porém, a melhor coisa a meu ver é que cada um desses
recursos narrativos são ingredientes de algo bem maior, sendo a clara
possibilidade de tudo aquilo que ocorre em Gilead (cidade em que a maior parte
do tempo a série se trata) ser possível na nossa sociedade, e isso, é
extremamente perturbador, como também chocante.

E essa experiência e visão trazida ao espectador é graças a
um roteiro brilhante e sutil, trazendo a narração em off como um acréscimo a
obra, além da ótima utilização de flashbacks. Graças também a uma direção
tocante e minuciosa, seja por cada enquadramento, utilização de foco, construção
de cena para causar diversas emoções e terrores psicológicos dos personagens,
com também um tom extremamente bem desenvolvido. Simplesmente sensacional.


E o que falar das atuações? Elizabeth Moss (Mad Men) está fenomenal, traz um
brilhantismo e olhares altamente significativos (é evidente que para um recurso
desses exige uma clara qualidade de direção, mas também um trabalho de ator
avassalador), além de uma sutileza de expressões incrível (indicação ao Emmy mais que garantida). Sem falar das
atuações de Yvonne Strahovski (Chuck),
Joseph Fiennes (Shakespeare Apaixonado),
O-T Fagbenie (Looking) e Samira
Wiley (Orange Is the New Black), que
também são de um alto nível.

The Handmaid’s Tale acerta
em sua maior parte do tempo, trazendo em sua trama nada estrambólico, sendo por
isso mesmo incrível. Fazendo-nos pensar que tanto ocorre, como também tudo
passado é possível. Deixando claro o quão absurdo pode ser, e é o mundo real.
Melhor estreia do ano até aqui, e com certeza, a mais importante. Certeza de indicação ao
Emmy e  recomendadíssima! 

Criador: Bruce Miller

Elenco: Elisabeth Moss, Joseph Fiennes, Yvonne Strahovski, Alexis Bledel, O-T Fagbenie, Max Minghella, Samira Wiley, Madeline Brewer, Ann Dowd.

Sinopse: Adaptado do clássico romance de Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale é a história da vida na distopia de Gilead, uma sociedade totalitária no que era antigamente os Estados Unidos. Diante de desastres ambientais e de uma taxa de natalidade em queda, Gilead é governado por um fundamentalismo retorcido em seu “retorno aos valores tradicionais” militarizado. Como uma das poucas mulheres férteis remanescentes, Offred (Elisabeth Moss) é uma serva na casa do Comandante, uma das castas de mulheres forçadas à servidão sexual como uma última tentativa desesperada de repovoar o mundo. Nesta sociedade aterrorizante, Offred deve navegar entre os comandantes, suas esposas cruéis, Marthas doméstica, e suas servas companheiro – onde qualquer um poderia ser um espião para Gilead – tudo com um objetivo: sobreviver e encontrar a filha que foi tomada dela.


Trailer:


1 thoughts on “Crítica: The Handmaid’s Tale – 1ª Temporada (2017, Bruce Miller)”

  1. Eu concordo com você.

    Incrível a actuação de Yvonne, humaniza Serena Joy (as cenas da cerimônia e do terceiro episodio, completamente improvisada, são da nivel galactico).
    Que è a sua opinão sobre esta actriz? En "Chuck" foi divina, pero certos não considerano Yvonne una atriz de alto nivel por causa de su actuação no "Dexter".

    Obrigado.

    Michael Morlanes de Paris, TX.

Deixe uma resposta