Crítica: Os Guardiões (2017, de Sarik Andreasyan) Os Vingadores ou o Esquadrão Suicida russo?


A Rússia não é um país muito conhecido pelo seu cinema, sendo que de vez em quando alguma fantasia faz sucesso e chega no restante do mundo direto em DVD (como a saga dos filmes Guardiões da Noite e Guardiões do Dia), ou algum drama que faz sucesso em algum festival. Mas isso acontece a cada 4 ou 5 anos. Porém, desde que o primeiro trailer começou a fazer sucesso na internet em meados de 2015, muita gente criou expectativas com este filme aqui. Os Guardiões (The Guardians nos Estados Unidos e Zaschitniki na tradução literal russa – algo como Os Patriotas) veio com a promessa de ser o 1° grande blockbuster de super-herói russo, com força para bater de frente com as obras da Marvel e DC. E embora ele seja isso, pode ficar um gostinho de decepção. 


A trama traz um grupo de pessoas com poderes especiais, vítimas de experimentos genéticos durante a Guerra Fria da União Soviética. Cada um com uma habilidade, quatro deles são reunidos pelo governo afim de acabarem com o vilão, o cientista responsável pelos seus dons/maldição. A premissa por si só é bem clichê, mas por se tratar de uma obra 100% russa, poderia ser uma ótima pedida alternativa. O problema é que o roteiro se baseia inteiramente em tramas e diálogos comuns e mundanos, daqueles que você já viu em muitos outros longas. Para se ter ideia, há cenas que remetem diretamente a Vingadores, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Quarteto Fantástico (qualquer um deles), Esquadrão Suicida, X-Men e outros. Isso não seria um problema gigante se os diálogos fossem melhores, mas os mesmo são bem genéricos e pró-forma. Sem falar que eles são poucos, parece que o jeito russo de ser é pancadaria, super poderes e poucas palavras.



Outro problema é a edição e montagem, que não são totalmente ruins, mas apressadas demais. O filme tem 1 hora e meia, tempo de duração que cai melhor em comédias ou terror, mas que pode ser perigoso em obras de maior orçamento. Parece que tudo é apressado, até as cenas de ação são rápidas, não empolgando tanto. O filme poderia ter as mesmas cenas que já tem, porém mais longas, com cenas de ação mais bem trabalhadas e diálogos maiores, enriquecendo o que já existe e deixando um bom tempo de duas horas redondas. Um outro problema a se citar é a computação gráfica. Embora grande parte dos efeitos especiais sejam aceitáveis, há algumas cenas em que não funcionam e soam até mesmo risíveis, mostrando uma certa limitação, como nas cenas do urso. Isso que o longa teve um orçamento alto para os padrões de lá. 

Porém, existem acertos. Alguns efeitos especiais funcionam bem, como já dito. A trilha sonora é um grande acerto, bastante heroica, que remete a grandiosidade da faixa sonora de Batman vs Superman, além da bela canção tema. Embora o elenco não entregue nada memorável devido o roteiro, as atuações são aceitáveis. Destaque para Alina Lanina, que além de belíssima, tem força e é uma espécie de Scarlett Johansson e sua Viúva Negra em Vingadores. E o vilão, apesar de atuar tanto quanto uma “porta”, assusta com seu excêntrico e bizarro visual. Os heróis tem sua própria mitologia, são misteriosos e interessantes, fazendo-nos querer vê-los até o fim. O herói urso é bizarro, mas no bom sentido, beirando o trash. Além de sentirmos empatia pelo “animal”, ver ele empunhando uma metralhadora giratória calibre 50 é insano e épico, melhor coisa (“maluquice”) do filme, não tem nada mais “russo”. 


A direção de Sarik Andreasyan não faz nada novo, mas não é das piores, entregando algumas cenas interessantes, que com melhor atenção, poderiam ser grandiosas. Há algumas cenas bem filmadas e a parte física do visual, como direção de arte e designe de interiores são bem elaboradas. Assim como a fotografia, cheia de paisagens lindas do país, seja no deserto, montanhas, no meio urbano ou nos velhos escombros de uma antiga União Soviética. Os Guardiões traz um ótimo 1° ato, um meio um tanto enrolado e um final quase eletrizante, mas incompleto, para deixar gancho para a continuação. 

Explicitamente, o longa de heróis russos tentou ser um sucesso de qualidade como Vingadores ou Guardiões da Galáxia, mas se aproximou mais de um Quarteto Fantástico ou Esquadrão Suicida (ambos com boas ideias e recursos desperdiçados). Mas ainda vale a pena vê-lo, mais por curiosidade do que o país pode trazer. A ideia é boa, é interessante ver algo 100% russo, mesmo que algumas coisas remetam a Hollywood. Se a Marvel e a DC podem fazer filmes aos montes, mesmo que muitos sejam fracos, nossos amigos russos também tem direito. Ao menos o ritmo do filme é rápido e pode gerar alguns risos e diversão. O longa estreou bem na 1° semana de exibição na Rússia, mas logo após caiu, sendo um sucesso modesto e abaixo das expectativas. Mas ao que parece, assegurou-se uma continuação, que se feita com um cuidado a mais e melhor aproveitamento do riquíssimo cinema tanto europeu, como  oriental, pode-se sair algo melhor dali. Potencial e história existem. Encerrando, pode-se dizer que este é um divertido filme ruim, onde a intenção valeu mais do que o resultado. 




PS: como em todos filmes de heróis, há uma cena pós-crédito. E não poderia ser diferente. 




Título Original: Zaschitniki



Direção: Sarik Andreasyan



Elenco: Alina Lanina, Sanzhar Madiyev, Sebastien Sisak, Anton Pampushnyy, Stanislav Shkilnyi.



Sinopse: Em plena Guerra Fria, uma organização secreta chamada “Patriota” recrutou um grupo de super-heróis russos, modificando o DNA de quatro indivíduos, com o objetivo de defender o país de ameaças sobrenaturais. Arsus, Khan, Ler e Xenia representam os diferentes povos que compõem a União Soviética, e mantêm suas identidades bem guardadas para, também, não expor aqueles que têm a missão de proteger.



Trailer: 







Bônus: Trilha Sonora


Em inglês:







Em russo:












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1 thoughts on “Crítica: Os Guardiões (2017, de Sarik Andreasyan) Os Vingadores ou o Esquadrão Suicida russo?”

  1. Você foi bem bonzinho, o filme é horrível, tem falas de filmes tipo Power Rangers, o efeitos são péssimos e q história não tem consistência alguma, odiei

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