TOP 6 Filmes para fazer teorias



De vez em quando, geralmente no circuito independente, aparecem filmes que desafiam o telespectador. Eles começam como um filme normal, apresentando as personagens e preparando o terreno; de repente, a partir da introdução da situação-problema, as coisas começam a fugir do controle: o filme segue um caminho completamente diferente, confundindo o telespectador e, na maioria das vezes, termina sem explicar nada: cabe ao telespectador juntar seus neurônios, rever o filme, se for preciso, e elaborar a sua própria teoria.


O mais interessante sobre esses filmes é que, se a pessoa for a um fórum sobre filmes, como o Filmow, por exemplo, irá se deparar com muitas teorias, algumas parecidas entre si, outras completamente diferentes. Então, nessa matéria, o Minha Visão selecionou 6 desses filmes para quem quiser se aventurar, sair um pouco do comodismo ou simplesmente ver algo desafiador. Confira como ficou esta lista, sem spoilers, e boas sessões!



6. As Palavras (The Words, 2012, de Brian Klugman e Lee Sternthal)
Rory Jansen (Bradley Cooper) alimenta o sonho de um dia ter algum livro seu publicado. Um dia, em uma pequena loja de antiguidades, ele encontra uma pasta com um maço de folhas amareladas; ao ler, Rory sente-se rapidamente ligado à história. Tomado por um impulso, ele começa a transcrever todo o conteúdo para a tela do computador. Palavra por palavra, aquela história começa a ganhar vida através de Rory. Prêmios e fama passam a ser rotina na sua vida, até o dia em que um frágil senhor (Jeremy Irons) encontra Rory e conta para ele como as palavras de seu best-seller foram realmente escritas.


Particularmente, gosto muito de filmes que deixam algumas pontas soltas para a plateia debater. Melhor ainda se todas as hipóteses levarem a algum lugar, como acontece neste filme. A forma como as histórias apresentadas se relacionam, sem nunca, na verdade, se tocarem, é muito tênue, da mesma forma como a realidade e a ficção. Os diálogos são incríveis e as personagens são muito cativantes.

5. Triângulo do Medo (Triangle, 2009, de Christopher Smith)
Quando Jess (Melissa George) parte para o alto mar com um grupo de amigos a bordo de um veleiro, ela tem o pressentimento de que algo está errado. Seus temores se confirmam quendo uma tempestade atinge a embarcação deixando-os à deriva. Em seguida, um misterioso navio aparentemente abandonado surge e embarcar parece ser uma boa ideia. Logo, todos perceberão que não estão sozinhos e que alguma coisa está caçando os novos tripulantes.


Quem gosta de muitos plot twists e de ficar se perguntando o tempo todo “o que está acontecendo?” pode preparar a pipoca e correr para assistir a este filme, que deixa o telespectador confuso e sem respostas durante a maior parte do tempo. Para quem prestar atenção, há uma cena que dá uma espécie de dica, mas a partir daí vários caminhos e interpretações podem ser possíveis.

4. Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr., 2001, de David Lynch)
Após um acidente de carro que lhe causa amnésia, uma mulher (Laura Harring), acompanhada de uma aspirante a atriz (Naomi Watts), procura por pistas e respostas na cidade de Los Angeles, em uma estranha aventura em que sonhos e realidade se misturam.


A assinatura já diz tudo: é um filme de David Lynch, então se prepare para esquecer tudo que é conhecido sobre uma narrativa normal e esteja aberto para se surpreender. Cidade dos Sonhos é um quebra cabeça incrível, achamos que se trata de uma coisa, mas somos jogados no mais completo abismo do “que tá acontecendo?”. Cheio de símbolos e metáforas, o filme instiga o telespectador a reunir as peças do quebra-cabeça (que estão totalmente fora de ordem, é claro), revelando um final bem diferente do esperado. Como nem sempre é possível fazer isso da primeira vez, é um filme que geralmente precisa de mais de uma assistida.

3. Cópia Fiel (Copie Conforme, 2010, de Abbas Kiarostami)
É a história do encontro entre um homem (William Shimell) e uma mulher (Juliette Binoche) numa aldeia italiana no Sul da Toscana. O homem é um escritor inglês que vem dar uma conferência; a mulher, uma galerista francesa. É uma história universal que poderia acontecer a qualquer um e em qualquer lugar.


O filme defende uma determinada visão, a partir da fala de uma das personagens principais e, a partir daí, tenta provar a si mesmo. Cabe ao telespectador imaginar o que está acontecendo, a partir dos diálogos sutis entre o casal de protagonistas e os jogos de câmera feitos estrategicamente, e decidir se concorda ou não com o que é defendido no filme.

2. Terceira Pessoa (Third Person, 2014, de Paul Haggis)
A trama segue três casais lidando com dilemas de relacionamento em Roma, Paris e Nova York. Uma das personagens é um escritor (Liam Neeson), que está com Anna (Olivia Wilde) na subtrama parisiense; ela faz uma repórter que cobre festas na cidade e ele vive seu amante, um autor tentando escrever seu novo romance.


O filme estabelece relações entre realidade e ficção e vida que imita a arte (ou arte que imita a vida?) através das histórias contadas, deixando o telespectador sem saber o que estaria a ligar as personagens – se é que haveria alguma coisa a ligá-los. Apesar de ter algumas falhas quanto ao ritmo lento, determinadas opções de montagem e até mesmo o recurso utilizado para contar a história não ser tão original assim, Terceira Pessoa consegue deixar os telespectadores pensando sobre ele e criando teorias, o que, particularmente, considero como objetivo cumprido para filmes desse tipo.

1. O Homem Duplicado (Enemy, 2013, de Denis Villeneuve)
Adam (Jake Gyllenhaal) é um professor de história que leva uma vida monótona, até que descobre a existência de Anthony, um ator de pouco destaque que é fisicamente idêntico a ele. A partir de então, Adam cria uma verdadeira obsessão pelo seu sósia, e passa a persegui-lo em busca de respostas.


Existe uma boa razão para este filme ocupar o primeiro lugar dessa lista. De antemão, vale ressaltar que esse é um daqueles filmes “para poucos” – não porque superestima a inteligência das pessoas, mas porque deixa praticamente 90% de seu entendimento por conta do telespectador. Então, já temos aqui um divisor de águas; é um filme que pode agradar  quem gosta de exercitar o poder de observação e de capacidade analítica e deixar a imaginação rolar solta, mas quem não gosta (ou não tem paciência) provavelmente vai detestar. Altamente subjetivo e cheio de simbolismos, é um filme em que nada fica claro, nada se conclui em nenhuma das cenas.
Confira a crítica completa deste filme aqui mesmo no Minha Visão!

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