Esse foi um dos casos em que já comecei a sessão à beira das lágrimas. Independente do que ali viesse, uma das mais marcantes combinações do cinema recente estava se despedindo: Hugh Jackman e seu Wolverine, que nos seguia há quase vinte anos através dos estúdios Fox. Sim, eu vi os filmes da saga original X-Men no cinema e na Temperatura Máxima umas cinquenta vezes, a saga reboot no cinema e na TV a cabo e, EU SEI, tivemos que aguentar os horrores que foram as tentativas solo. Por toda essa trajetória, todos nós sabíamos o quanto Logan merecia sua história contada da forma certa – ao menos em sua saída ele conseguiu.
Tudo aqui se passa em 2029. Por motivos diversos, agora só restam Logan e um debilitado Charles (com o sempre incrível Patrick Stewart) como remanescentes dos X-Men num futuro comandado por corporações. O antes invencível Carcaju é, agora, um motorista de limousine, com fator de cura desgastado, que divide com Caliban (Stephen Merchant) a tarefa de cuidar do outrora Professor X. Para contribuir com a atmosfera de solidão, um cenário de faroeste nos persegue por todo o longa, em sintonia com a tristeza vivida com os antigos heróis que um dia sonharam em evitar este fatídico futuro.
Hugh Jackman como Logan em cena do filme |
Principal falha dos filmes anteriores, o roteiro aqui é afiado. Sem romances desinteressantes ou viagens no tempo que ninguém realmente entende (ou precisa), Logan tem um propósito e gira em torno dele: dar adeus a uma geração cansada e abatida, que perdeu muito mais do que ganhou, e que agora luta pela sobrevivência. Sem super-vilões ou plots maquiavélicos, o tempo aqui é o maior inimigo: Laura Kinney é o que resta a ser salvo, e suas capacidades já quase extintas são o que se sobrou para salvar o que ainda resta de esperança.
Não há muito de elenco a se discutir, especialmente pela natureza que o filme apresenta. Além disso, o foco aqui é Wolverine: esta é a sua história, seu canto do cisne. Destaque para a revelação Dafne Keen (abordar mudez seletiva num filme estilo faroeste merece aplausos) e para o veterano Patrick Stewart, também dando adeus ao icônico papel que interpretou por anos na saga. Quanto à Boyd Holdbrook, se torna quase injusto julgar um personagem escrito para não ter destaque – valeu por apresentar uma ótima evolução em relação aos vilões de X-Men: Origens e Wolverine: Imortal.
Dafne Keen como Laura Kinney em cena do filme |
Patrick Stewart como Charles em cena do filme |
Boyd Holdbrook como Donald Pierce em cena do filme |
Acima de qualquer rótulo de filme de super-herói que receba, Logan é um drama de ação – e dos bons. Se você é um fã dos quadrinhos do Carcaju e deseja ver a despedida deste dedicado ator do seu amado personagem, veja sem medo de se decepcionar – foi feito jus ao nosso mártir. Se viu apenas alguns dos vários filmes em que Hugh Jackman viveu o papel, ou apenas quer ver um bom filme, também vale a pena conferir. No melhor estilo Os Imperdoáveis encontra Os Brutos também Amam, Wolverine teve aqui a melhor despedida que poderia encontrar: a raiva, o amor e a tristeza que representaram sua agoniada existência tem aqui seu adeus em pleno faroeste.
Título Original: Logan
Direção: James Mangold
Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Boyd Holdbrook, Dafne Keen, Stephen Merchant
Sinopse: Em 2029, Logan se vê sozinho com Charles num mundo quase sem mutantes, até que a jovem Lauren aparece em perigo, precisando de sua ajuda para fugir de Donald Pierce.
E você, já assistiu Logan? O que achou? Conta pra gente, deixe um comentário!