Crítica: Um Cadáver para Sobreviver (2016, de Daniel Kwan e Daniel Scheinert)



Um Cadáver para Sobreviver (2016) ficou conhecido após sua apresentação no festival de Sundance. Sua trama polêmica traz a história de Hank, interpretado pelo competente ator Paul Dano (Pequena Miss Sunshine, Os Suspeitos) que quando está prestes a cometer um suicídio numa ilha deserta, encontra um corpo na beira do oceano, interpretado pelo eterno Harry Potter, Daniel Radcliffe. A partir deste momento, Hank entra numa jornada de conhecimento pessoal, enquanto delira com diálogos entre ele e o cadáver que o acompanha.

O que certamente trouxe muito estranhamento ao público, foi o fato do corpo, em decomposição, soltar diversos gases e o protagonista tirar proveito dessa situação, o usando como uma espécie de utensílio para sobreviver na ilha, enquanto constrói uma amizade esquizofrênica com o cadáver.



O que parece ser um enredo “besta” se transforma numa incrível história digna dos filmes de Spike Jonze (Ela e Onde Vivem os Monstros), tanto no visual quanto no argumento. O filme conta com um roteiro cheio de nuances e de uma exposição incrível do personagem principal e sendo o longa de estreia dos diretores, fica claro esta “âncora” do sentimentalismo baseado nos filmes de Spike Jonze. Ao mesmo tempo, os diretores tentam trazer a história para o público jovem e um roteiro fresco para dentro das grandes produções de Hollywood, que costumeiramente vêm sendo marcadas por reboots, remakes ou continuações.

Talvez seja através dessa tentativa de inovar, que o filme causa estranheza para o público. Pois, há de convir que o alto teor sexual e escatológico do filme passe um pouco do ponto, intercalando com cenas de descobertas pessoais e de uma discussão sutil sobre o amor. Mas quem consegue superar esse pequeno exagero e entender a sua significação, consegue colher um bom filme no meio dessa mistura toda.

A atuação como cadáver de Radcliffe é incrível, o ator que sempre é visto com certa desconfiança por suas atuações após a saga de Harry Potter, é pautado de grandes efeitos visuais pontuais e consegue exercer seus dois objetivos muito bem, tanto o de parecer fisicamente e “agir” como um cadáver em decomposição e tanto como o delírio na mente de Hank. Paul Dano, por sua vez, entrega mais uma grande atuação na sua carreira, como é de costume. Assim como alguns de seus papéis, com destaque para a semelhança na atuação do filme de 2012 Ruby Sparks – A Namorada Perfeita, Paul Dano faz um protagonista desengonçado, mas ao mesmo tempo romântico e sutil. O que combina com a direção de arte muito bem planejada na parte “surreal” do longa.

Com o encaminhamento para o final do filme, a película escolhe mudar o tom da confusão, que anteriormente ocorre através da sua fotografia, para uma atuação ainda mais pesada de Paul Dano com a inserção da personagem de Mary Elizabeth Winstead (Scott Pilgrim Contra O Mundo, Rua Cloverfield, 10).

No fim das contas, Swiss Army Man (nome original) é um filme sobre amadurecimento, contada através de uma forte amizade entre dois personagens; de uma forma pouco convencional e com uma trilha sonora única. O fato é que o filme deu muito o que falar, já que sem dúvida é impactante, fazendo jus ao ditado popular: “Falem bem, falem mal, mas falem de mim.”

Título Original: Swiss Army Man

Direção: Daniel Kwan e Daniel Schineirt

Elenco: Paul Dano, Daniel Radcliffe, Mary Elizabeth Winstead

Sinopse: Hank (Paul Dano), um homem perdido no deserto, e sem esperanças, encontra um corpo no meio do caminho. Decidido em ficar amigo do morto, eles vão partir, juntos, em uma jornada surrealista para voltar para casa. Ao mesmo tempo em que Hank descobre que o corpo é a chave para sua sobrevivência, ele é forçado a convencer o morto o quanto vale a pena viver.

Trailer:




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