Crítica: As Bruxas de Salém (1996, de Nicholas Hytner)




Filmes Cult são uma beleza, né? Nossa, como é gostoso assistir a um bom clássico, independente se dos anos 80, 90 ou 2000 e aquela sensação nostálgica invadir a sua mente. Tendo em vista tal fato é que esta crítica de As Bruxas de Salém se baseia. O longa, dirigido por Nicholas Hytner, é baseado nos eventos históricos que levaram à perseguição de bruxas a partir de 1692, em Salém, Massachusetts e até hoje a história permanece um mistério aos habitantes dessa cidade que foi palco de uma terrível desventura no século 17.

1692. Cidade de Salém, Massachusetts. Quando algumas garotas resolvem se reunir às escondidas na floresta, logo são descobertas e suspeitas de praticar feitiçaria. Levadas a julgamento, elas agora devem contar tudo o que houve naquela noite, visto que após o ocorrido, duas meninas simplesmente não acordam mais. Junto com os habitantes da vila, o pastor local pede ajuda a médicos e especialistas, porém ambos alegam que nunca viram nada parecido. Pronto, bastava ouvir que uma histeria coletiva havia sido espalhada que todos já pensavam ser o diabo o responsável por tal infortúnio e que alguém possivelmente havia conjurado espíritos malignos para silenciar as pobres crianças. Entre a inocência e o perigo, a cena de abertura, por sinal, retrata muito bem isso, pois a ambientação escura é tomada pela névoa e as batidas instrumentais da trilha sonora são totalmente assombrosas. Entretanto, a questão ali é se tudo não passava de uma brincadeira (afirmam as próprias) e sobretudo: qual o real motivo pra que a situação tenha fugido do controle? Não é preferível adentrar em tantos detalhes para não dar spoiler, mas se tem uma coisa que a cena inicial desse filme provou ser foi macabra e ao mesmo tempo visualmente bela.

Em um período que ficou conhecido como “a idade das trevas”, é interessante ver a maneira que os cristãos daquela época agiam em situações assim. Afinal, o extremismo religioso puritano era repleto de temores e se alguém era acusado de bruxaria e/ou dançar feito pagão na floresta, o destino final era certamente a forca. Em meio a este episódio que marcou a história dos EUA, As Bruxas de Salém abriu espaço para inúmeras referências para com outras produções hollywoodianas, que se não são meras adaptações da famosa peça de teatro de Arthur Miller – escrita em 1953 – soam como longas vindos com o tema caça as bruxas moderna “escrito na testa”. Exemplos são: Salem Witch Trials (2002), Salem Falls, The Sisterhood of Night (confira nossa crítica dele aqui), A Autópsia de Jane Doe (confira nossa crítica dele aqui) e a própria série Salem – que não poupa em alterar parte dos elementos originais, tornando tudo ainda mais bizarro.

Claro que para um clássico Cult como este, o elenco escalado pelo diretor Nicholas Hytner não poderia estar melhor. Primeiramente, contamos com a diva Winona Ryder, de Stranger Things, cuja performance como Abigail Williams é de arrepiar. Felizmente, o que Winona não deixa de mostrar é talento nas telonas! Sua protagonista é marcada por um passado sujo, no qual ela tinha se envolvido com seu antigo patrão e após o fim do caso, foi despedida. Altamente maquiavélica, Abby está sempre procurando “salvar a própria pele”, fazendo inúmeras queixas e desejando a morte de Elizabeth Proctor, interpretada pela atriz Joan Allen, de Sempre ao Seu Lado. Aliás, a personagem de Elizabeth também é de extrema relevância; quando Allen rouba a cena, somos levados a questionar suas motivações, se a mulher realmente é quem diz ser, uma mulher inocente, pura de coração, ou se as acusações vindas da boca de Abigail, dizendo que ela é uma invejosa, intrigante e mentirosa, não passam de boatos para suas verdadeiras e cruéis intenções.

Em seguida temos Daniel Day-Lewis, de Lincoln, no papel de John Proctor, personagem que também é criticamente importante no enredo e rendeu vários momentos onde ficamos embasbacados ao ver seu desempenho. Embora seu relacionamento com Abigail seja ora mencionado, ora mostrado, o mesmo serve de conexão entre começo, meio e fim da obra; fique atento! Já o restante dos atores secundários, tais como Bruce Davison, Rob Campbell e Jeffrey Jones inclusive não decepcionaram em suas atuações, uma vez que o ritmo é eletrizante e o suspense só aumenta a cada cena onde eles aparecem. Ressaltando novamente: só de pensar que o horror passado pelos personagens ocorreu de fato já torna a história ainda mais impressionante.

Ademais, se o roteiro apresenta um primeiro e segundo ato geniais, o mesmo não se pode dizer do terceiro, que apesar de notável, ficou vago. Em contrapartida, a fotografia é linda, pois inclui vistosos cenários campestres e ângulos de câmeras bem montado ao longo das 2 horas de duração. Outro aspecto positivo foi à maneira com que a trama se desenvolve. O medo, a dúvida e as relações construídas entre os personagens, é tudo executado de maneira plausível, sem forçar nada ao extremo. Por fim, caso você esteja procurando por um filme cujas performances são em sua maioria fortes e marcantes, então As Bruxas de Salém é ideal! Uma ótica dica aos que apreciam um clássico ambientado na Idade Média. Se fosse defini-lo em uma palavra, seria com certeza: avassalador.

Título Original: The Crucible

Direção: Nicholas Hytner

Elenco: Winona Ryder, Daniel Day-Lewis, Joan Allen, Paul Scofield, Bruce Davison, Rob Campbell, Jeffrey Jones, Peter Vaughan, Karron Graves, Charlayne Woodard, Frances Conroy, Elizabeth Lawrence, George Gaynes, Mary Pat Gleason, Robert Breuler, Ashley Peldon, Kali Rocha, Rachael Bella.

Sinopse: Em Salém, Massachusetts, 1692, algumas jovens fazem “feitiços”. Uma delas, Abigail Williams, tinha se envolvido com seu patrão John Proctor, mas após o fim do caso foi despedida. Assim, desejava a morte de Elizabeth Proctor, a esposa deste. Elas são descobertas no seu “ritual” e, acusadas de bruxaria, provocam uma histeria coletiva que atinge várias pessoas, sendo que Abby, a jovem desprezada por John, faz várias acusações até ver Elizabeth ser atingida.

Trailer:



Bônus:



Ilustração de 1876 da sala de audiências, onde 20 pessoas – sendo a maioria composta por mulheres – foram declaradas culpadas e executadas e mais de 150, presas.

E você? Pensa que as bruxas são um mito, que o ocorrido em Salém foi algo sobrenatural ou que foi alguma outra influência?

Mais imagens do filme:

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