Crítica: Rogue One: Uma História Star Wars (2016, de Gareth Edwards)

Está em cartaz nos cinemas de todo o mundo o mais novo filme da franquia de ficção científica mais famosa, pop, contagiante e de sucesso na história da sétima arte. O novo capítulo que se intitula Rogue One: Uma História Star Wars é o primeiro spin-off da franquia, ou seja, um filme que não faz parte de algumas das trilogias, mas trata de um acontecimento isolado, dentro deste vasto universo. Após a trilogia clássica (1977-1983) e da trilogia recente (1999-2005), a Disney comprou os direitos para produzir toda uma nova leva de filmes. Esta decisão poderia dar errado por dois motivos: primeiro é que poderia ser apenas mais alguns filmes caça-niqueis, apenas para arrecadar dinheiro em cima do nome; e segundo, retomar algo tão clássico e amado é sempre arriscado. Mas com um time de diretores, produtores e atores fãs dos filmes originais, Star Wars retornou com tudo em 2015 no poderoso Episódio VII: O Despertar da Força. Enquanto aguardamos o Episódio VIII, a Disney e a Lucasfilm nos presenteiam com este Rogue One. Uma dica? Vá logo assistir no cinema, é a melhor coisa que você fará neste fim de ano.

Crítica com spoilers, se você não viu, não leia!

Rogue One mostra a história de um esquadrão, cuja missão é roubar os planos da terrível Estrela da Morte, a poderosa arma do Império e que é capaz de destruir planetas. Com estes planos, a Aliança Rebelde poderá ter uma chance de vitória. Se em Uma Nova Esperança (1977) nós vemos Luke Skywalker liderar o ataque até a Estrela da Morte, aqui nós presenciamos os fatos ocorridos um pouco antes, mostrando como tudo chegou lá. Se na trilogia clássica vemos as aventuras de Luke, Leia, Han Solo e companhia, mostrando as batalhas finais contra o Império; aqui temos um acontecimento menor, mas extremamente importante para o que viria. E apostar nesta questão que ficou nos bastidores da Guerra nas Estrelas é um grande acerto. Quantas histórias fascinantes pode-se criar dentro deste universo, extremamente rico e original? E o roteiro sabe aproveitar isso, fazendo um filme mais íntimo, mas grandioso de coração.

De início, talvez falte um pouquinho de ritmo nos dois primeiros atos do longa, há uma leve vagarosidade ao formar a equipe e fazer a história avançar, mas nada que de fato estrague a experiência. Na verdade, neste período temos a apresentação de personagens cativantes, especialmente o time de coadjuvantes, que são sensacionais. Se há uma ação rápida e simples de início, ao mesmo tempo temos uma apresentação interessante das personagens, onde acabamos nos apegando a elas e entendendo parte de suas motivações. Isso será mais importante conforme a história avança. Temos leves toques de humor negro, vindos do robô K-2SO (voz de Alan Tudyk), novo queridinho dos fãs da saga. K-2SO é uma das melhores coisas do filme. Temos Chirrut e Baze, vividos pelos astros orientais Donnie Yen e Jiang Wen. Seus coadjuvantes são sensacionais e carismáticos, em boas atuações que misturam na medida certa humor e emoção. Felicity Jones e Diego Luna entregam protagonistas decentes, embora apagados diante coadjuvantes tão bons, que roubam a cena. Mas eles dão conta do recado. Felicity Jones é uma das queridinhas do cinema atual e tem um bom desempenho em certos momentos. Sua heroína entrega mais um momento “girl power” na atual saga.

Ainda no elenco, Mads Mikkelsen, Forest Whitaker e Ben Mendelsohn entregam papéis competentes, embora pudessem ser melhor explorados. Mendelsohn entrega um bom vilão, frio e ambicioso, que poderia ter sido ainda mais ameaçador. Seu vilão lembra vagamente os papéis dos vários vilões de Christoph Waltz (Bastardos Inglórios). Espantosa é a aparição do saudoso Peter Cushing como Tarkin, vilão da trilogia clássica. Cushing faleceu em 1994, mas utiliza-se uma computação gráfica assustadoramente realista para trazer a vida este grande ator, é algo realmente de cair o queixo. Temos ainda James Earl Jones emprestando novamente sua poderosa voz para o icônico Darth Vader. Imponente, assustador e arrepiante, Vader mostra ser o grande elemento pop da saga e protagoniza uma cena espetacular, que arrepia qualquer fã da saga. São curtos minutos, que ficará na memória cinéfila da maioria.

O diretor Gareth Edwards tem-se mostrado muito competente. Do independente e simbólico Monsters, passando para o remake dramático e realista de Godzilla (o de 2014), Edwards assume a difícil missão de comandar o filme, revelando-se assim um fã e entendedor deste universo. As referências não são poucas. Vão desde as mais explícitas, como Vader; a detalhes mais sutis, como diversos aliens no bar, um jogo de tabuleiro e inúmeras outras referências que só quem viu os filmes originais irão perceber. Algo interessante sobre o diretor, é que para dar um clima mais sombrio, em momentos, Rogue One lembra um filme de espionagem e intrigas internacionais, e em outros se aproxima ao clima de guerra de longas como Platoon.

Rogue One é diretamente interligado à franquia, lotado de “fan service” e referências. Mas ao mesmo tempo, toma riscos nunca pensados, se diferenciando muito dos demais filmes. Além de mais negativo e obscuro, alguns clássicos elementos não estão no filme (o letreiro inicial, sabres de luz) e apresentando momentos ambíguos e personagens mais imperfeitos. A relação dos protagonista é áspera, mostra-se melhor como o Império é opressor e temos uma maior dimensão de como a galáxia está sofrendo e precisa da futura libertação. Rogue One vem para fazer pesar o lado negro da força. Mas nunca sem se esquecer da esperança, de que a força está presente e guiando.

Em quesitos técnicos, temos uma ótima reutilização da trilha sonora original, agora com algumas mudanças na faixa. Temos ótimos efeitos especiais, porém, propositalmente mais contidos. A fotografia é belíssima, contemplativa e nos imerge dentro dos planetas, cenários e paisagens. Então temos o terceiro ato, simplesmente sensacional. A ação é feroz, realmente é uma guerra. As atitudes, os sacrifícios, a importância da causa, tudo é colocado da balança de uma maneira impactante, em um final que machuca seu coração. É triste de verdade, mas necessário para os acontecimentos que levam a esperança. Princesa Leia, Darth Vader, o casamento perfeito do final deste com o Episódio IV, tudo encaixa muito bem e arrepia. As cenas finais são difíceis de esquecer, seja pela coragem, pelo simbolismo ou pelos momentos épicos que se apresentam. Star Wars sempre foi uma saga feita com carinho. Por trás de toda fantasia, sempre há muito coração, muita emoção dentro da obra. Seus realizadores são apaixonados e acreditam naquilo que criam. Isso é notável e quem sai ganhando é o público. Rogue One: Uma História Star Wars é aparentemente mais simples, mas traz uma grandiosidade digna da marca. É uma superprodução, tem ótimos efeitos especiais e é para se divertir. Mas também inova, traz coragem e conceitos bacanas de se discutir. Pois em tempos de política obscura, sempre haverá quem se sacrificará em nome da esperança. Que a força esteja conosco. E que venha 15 de Dezembro de 2017, com o lançamento do Episódio VIII!







Leia nossa crítica de O Despertar da Força aqui!

Leia nosso especial Star Wars aqui!

Título Original: Rogue One: A Star Wars Story

Direção: Gareth Edwards

Elenco: Alan Tudyk , Ben Mendelsohn, Diego Luna, Donnie Yen, Felicity Jones, Forest Whitaker, Jiang Wen, Mads Mikkelsen, Riz Ahmed, Aidan Cook, Alistair Petrie, Andrei Satalov, Andy de la Tour, Angus MacInnes, Angus Wright, Ariyon Bakare, Arthur L. Bernstein, Babou Ceesay, Ben Daniels (I), Benjamín Benítez, Bronson Webb, Christopher Patrick Nolan, Daniel Eghan, Daniel Mays (I), Drewe Henley, Duncan Pow, Emeson Nwolie, Fares Fares, Francis Magee, Genevieve O’Reilly, Geoff Bell, Geraldine James, Gordon (I) Martin, Ian McElhinney, Jack Roth, James Earl Jones, James Harkness, James Henri-Thomas, Jimmy Smits, Jordan Stephens, Jorge Leon Martinez, Matt Rippy, Michael Gould, Michael Nardone, Michael Shaeffer, Ned Dennehy, Nick (I) Hobbs, Nick Walters, Paul Kasey, Richard Cunningham, Richard Franklin (II), Richard Glover (IV), Robin Pearce, Rufus Wright, Sam Wilkinson (I), Sharon Duncan-Brewster, Shina Shihoko Nagai, Simon Farnaby, Stephen Stanton, Toby Hefferman, Tony Pitts, Tyrone Love, Valene Kane, Warwick Davis e Weston Gavin.

Sinopse: ainda criança, Jyn Erso (Felicity Jones) foi afastada de seu pai, Galen (Mads Mikkelsen), devido à exigência do diretor Krennic (Ben Mendelsohn) que ele trabalhasse na construção da arma mais poderosa do Império, a Estrela da Morte. Criada por Saw Gerrera (Forest Whitaker), ela teve que aprender a sobreviver por conta própria ao completar 16 anos. Já adulta, Jyn é resgatada da prisão pela Aliança Rebelde, que deseja ter acesso a uma mensagem enviada por seu pai a Gerrera. Com a promessa de liberdade ao término da missão, ela aceita trabalhar ao lado do capitão Cassian Andor (Diego Luna) e do robô K-2SO.

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Um adeus a Carrie Fisher






Faleceu nesta terça, 27 de Dezembro, a atriz e ícone da saga, Carrie Fisher, nossa eterna Princesa Leia. Vítima de complicações de um infarto, Fisher chegou a gravar suas cenas para o Episódio VIII, que sai em 2017. Fica aqui nossa humilde homenagem a esta lenda, que deixará imensa saudade no coração dos cinéfilos, nerds, fãs da saga e deste que vos escreve.

“Que a força esteja com você.”

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