A equipe do blog comenta o filme A Chegada.


A Chegada é a ficção científica do ano, forte candidato ao vindouro Oscar 2017 e fez muito sucesso de público e especialmente crítica. Como foi um dos filmes mais comentados no período de Novembro/Dezembro, parte da equipe do blog Minha Visão do Cinema resolveu dar suas breves opiniões. Será que vale tanto a pena? Confira abaixo:



João Rafael Ferreira

O proeminente diretor Denis Villeneuve só confirma ser um dos realizadores mais versáteis e perfeccionistas com este novo A Chegada. O canadense mostra mais uma vez seu talento e habilidade para manipular visualmente e dramaticamente uma narrativa. Seus filmes têm algumas características fundamentais de gênero, mas sem jamais deixarem de se preocupar com uma atmosfera extremamente densa e imersiva. Diretor de trabalhos exemplares como Politécnica, Incêndios, Os Suspeitos, O Homem Duplicado e Sicário, agora se aventura nos ares da ficção científica, trazendo de volta os grandes questionamentos característicos de outras grandes obras do gênero.

Sua preocupação com a estética continua firme. O diretor sabe muito bem aliar sua preocupação em contar uma história com a sempre característica fotografia de seus trabalhos. É uma movimentação de câmera e criação de ritmo que faz menção a grandes cineastas que revolucionaram a ficção científica, principalmente Stanley Kubrick, e sem jamais parecer imitá-lo. A Chegada é um desses exemplares escassos do gênero que tem uma bela história a contar e ótimos questionamentos a serem feitos, tudo envolto numa narrativa imponente e envolvente.



Rodrigo Zanateli

Depois de alguns dias, a minha impressão sobre A Chegada amadureceu e o que realmente ficou marcado pra mim foi a força da atuação da Amy Adams e a profundidade investida em sua personagem (Louise Banks). O diretor Denis Villeneuve é excelente, assim a ambientação do filme é uma das melhores que eu vi no cinema. A expectativa que Villeneuve e os roteiristas conseguem criar até aparecerem os alienígenas é impressionante. Faço um adendo para a cena de mudança da gravidade dentro da nave, que é de embrulhar o estômago e se segurar na cadeira, além dos takes certeiros no rosto da protagonista, trazendo toda a emoção melodramática pra dentro do cinema.

Porém, tenho a impressão que eu achei o filme pior que as pessoas que eu conversei. É claro que o considero bom, apesar de estar longe de ser espetacular. Até o terço final do filme, o único incômodo que eu sentia era a falha no desenvolvimento de alguns personagens e a má atuação do magnífico Forest Whitaker. Percebi que algo não estava conectado ao forte clima criado entre Louise~filha e Louise~aliens. Mas eu continuava engajado com o filme, acreditando que poderia ser um dos 5 melhores do ano. Mas o clímax do filme foi muito raso e deveras rápido. Em poucos minutos, depois de todo o trabalho pra colocar o espectador na história, sinto que os responsáveis pelo filme pensaram em algo assim: “O pessoal no cinema já está super imerso, independente de como terminar, já caímos no gosto.” E resolveram o filme com uma simples cena com uma ação muito mal colocada e pouco tensa. A cena me causou uma indignação enorme, mas fiquei na expectativa de vir algo mais. Alguma inquietação que me fizesse sair da sala do cinema com uma pulga atrás da orelha, querendo mais daquele filme. Mas não. O filme se resolve e acaba. Aliás, tenho a impressão que é o filme que acaba mais pra cima que já vi na vida. Não há possibilidade de acontecer algo errado. A impressão que fica é que se tivesse um A Chegada 2 seria 90/120 minutos dos povos do mundo cantando Aquarius do filme Hair de 1979. Afinal, a era de aquário chegou.

Crítica completa dele aqui!

Luis Gustavo Bocatios

Aqui, Villeneuve entrega seu melhor trabalho, o que significa muito. Amy Adams dá um show de interpretação. Já Jeremy Renner e Forrest Whittaker seguram perfeitamente seus papéis. A fotografia é linda, a edição de som é perfeita, assim como a edição e o roteiro. Um filme que com certeza será lembrado por muito tempo por ser reflexivo, profundo e belo.

Leonardo Costa

Saí da sessão de A Chegada impressionado. O diretor Denis Villeneuve entrega um filme misterioso, com clima de tensão crescente, mas apresenta “alienígenas” de maneira realista e original. A história é interpretativa e muito humana, mostrando que um dos maiores problemas existentes hoje é a falta de comunicação, seja na família ou entre as nações. A trilha sonora é arrepiante e ajuda a emocionar.

O final tem um plot twist genial e ao mesmo tempo belíssimo. Não é um filme para se ver esperando ação e efeitos especiais. É reflexivo, ousado e deverá concorrer a algumas estatuetas no próximo Oscar. Amy Adams atua muito bem e o diretor usa ângulos de câmera que ajudam na imersão da experiência. A fotografia escura também ajuda na criação da atmosfera da obra. Vá logo ao cinema ver e sinceramente, um dos poucos filmes deste ano que valeu o ingresso e o único até aqui a receber minha nota máxima.

Eduardo Ben Lima

Você curte uma mistura de ficção com drama e um toque de suspense? Então A Chegada te é indispensável! Pra ser bem sincero atrevo-me a dizer que está entre os melhores do ano, pois o diretor Denis Villeneuve – que já havia cessado nosso fôlego com Os Suspeitos e pirado nossas mentes em O Homem Duplicado – acerta em cheio mais uma vez, nos prestigiando com uma ficção científica madura e perfeita no quesito qualidade. Assim que vi o trailer me perguntei: “quando ele estrear, será com certeza o filme do momento!”; não poderia estar mais certo. Quando estava conferindo, conforme a trama vai passando ia ficando evidente como Amy Adams e Jeremy Renner foram a aposta certa para o elenco. Porém, o único desempenho que em minha opinião deixou um pouco a desejar foi o de Forest Whitaker – ganhador do Oscar por O Último Rei da Escócia – cuja morna performance baseou-se nas mesmas “caras e bocas” de seus últimos papéis; nada extraordinário. Sendo assim, o carisma dos personagens não teria sido o mesmo nas mãos de qualquer celebridade Hollywoodiana.

Já o roteiro foi sem dúvidas magistral! Ele procura focar em momentos que fazem o público adquirir interesse pela história, principalmente no emocionante desfecho. Com relação ao clima de tensão, penso que devido ao tema se tratar de alienígenas, não existe um filme que em algum momento não vá te deixar com calafrios e apreensivo na hora de testemunhar o “primeiro contato”. No caso aqui, a trilha sonora composta por Jóhann Jóhannsson contribuiu bastante para a criação de faixas que geram tanto um medo necessário quanto uma bela reflexão em tais cenas. Não obstante, nunca estive tão tenso com as músicas de um filme desde A Bruxa (faixas de Mark Korven) e tudo isso envolto em uma obra de 2 horas que certamente passarão despercebidas. Por fim, garanto que deleitará não apenas o seu público-alvo, mas também a todos os públicos. Excelente! Super recomendado!







Yago Tanaka Gonçalves

Denis Villeneuve é um diretor que tem sensibilidade visual, ele consegue transpassar isso em todos os seus filmes, todas as soluções visuais que ele dá para os aliens e os casulos dos aliens são excelentes. O roteiro bem amarrado na sua narrativa não linear, a fotografia é linda, a trilha sonora tocante e a performance grandiosa de Amy Adams, que tem uma sequência inicial digna de Oscar e que mantém todos nós entrelaçados em sua personagem. O filme se firma como o melhor filme de ficção científica dos últimos anos. Por fim, A Chegada é um filme com uma crítica clara sobre a falta de comunicação, sobre como os países estão desconectados. É um filme que deixa claro que para entendermos a nós mesmos, precisamos entender o outro, que faz pensarmos muito sobre para onde nossa espécie está indo. A “arma” que Louise ganha na verdade é um presente e quem ganhou mesmo esse presente fomos nós. Denis nos deu um presente que dá para a gente assistir, assistir novamente, assistir de novo e não cansar.

Tayná Garcia

A Chegada teve a minha atenção e curiosidade por dois motivos: Denis Villeneuve e alienígenas. Pensei, “como o diretor de Incêndios e O Homem Duplicado vai fazer uma ficção científica com aliens?”. E com tantas pessoas ao meu redor o elogiando após seu lançamento, comprei um ingresso e fui assistir. Me deparei com um filme focado na chegada de alienígenas em nosso planeta, mas de uma maneira muito diferente daquilo que estamos acostumados a ver em outros filmes. E confesso, muito diferente daquilo que eu esperava. O que mais me impressionou no novo longa de Villeneuve foi a maneira como a história é desenvolvida e principalmente, o seu desfecho. Louise (Amy Adams) é uma professora especializada em linguagens que é convocada pelos militares para auxiliar na comunicação deles com alienígenas recém-chegados. É aí que o enredo deslancha de forma gradual e sem perder o ritmo, em uma história sobre não apenas extraterrestres, mas sobre os seres humanos, sobre a vida e tantas outras coisas que nós deixamos passar despercebidos na correria da vida. Villeneuve nos entrega tudo isso em uma história envolvente e muito emocionante.

Com cenas visualmente lindas (simplesmente maravilhosas de assistir na tela dos cinemas), uma direção quase perfeita e um roteiro extremamente bem construído, A Chegada é muito mais que sua premissa. O filme consegue abordar diversos temas, mas principalmente um bem contemporâneo e importante: a dificuldade que todos nós temos em nos comunicar, nos entender e nos unir. Ironicamente, chegamos até a pensar em certa altura do filme, que era mais fácil se comunicar com seres de outro planeta do que com os do nosso. Além disso, temos um plot twist de encher os olhos. Muito inteligente, construído aos poucos e com uma mensagem linda por trás. A maravilhosa trilha sonora, composta por Jóhann Jóhannsson, ajuda muito na construção do filme e no toque sentimental das cenas. Destaque também para a excelente atuação de Amy Adams, uma das melhores do ano. No fim, há muitas maneiras de descrever A Chegada e é impossível escolher aquela uma. Impressionante, belo, emocionante, humano. É um excelente filme e com certeza, um dos melhores desse ano. E merece todo o reconhecimento que está tendo. Estava curiosa ao pensar no que faria Villeneuve com uma ficção científica em mãos, e não me decepcionei nem um pouco. Que filmaço!

Nota geral da equipe: 9,4

E você, o que achou deste filmaço?

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