Especial: 5 documentários na Netflix sobre empatia.





Estamos nos aproximando do fim de 2016.


Todos os anos nos acostumamos cada vez mais a ter a
possibilidade de visualizar o mundo de maneira mais imediata do que fazíamos no
ano anterior. A tecnologia tornou possível que, através de uma rápida olhada em uma
página de notícias, possamos tomar conhecimento de histórias incríveis sobre o
ser humano, sejam elas boas ou ruins. É também inegável que o fluxo de
informação constante também tem nos tornado blindados pela banalização da
tragédia cotidiana. Claro que um acidente aéreo, por exemplo, num contexto cultural forte de
um país inteiro, ainda causa comoção generalizada, mas a tragédia de todos dias
ainda permanece despida de uma personalidade. 
O sentimento de empatia pelo
próximo parece ser ainda uma utopia, o que é triste se constatarmos que vivemos
numa época onde podemos enxergar o próximo e conhecer suas dores em apenas
poucos cliques.




Trazemos hoje 5 documentários (todos disponíveis na Netflix)
que tratam de mostrar a você que ainda é possível encontrar personagens admiráveis pelo mundo. São histórias reais que, embora contenham a face
desprezível da humanidade, são importantes porque justamente despertam o senso
de solidariedade e empatia, tanto das pessoas envolvidas quanto de quem vê.
Afinal, esse é o maior trunfo de uma obra de arte.




1 – Alive Inside (2014)


Direção: Michael Rossato-Bennett

Trecho


O documentário, vencedor do Prêmio de Público no Festival de
Sundance de 2014, acompanha o famoso neurologista Oliver Sacks e um assistente
social enquanto usam a música para tratar de pacientes idosos que sofrem de
demência. Durante breves 78 minutos, vemos pessoas que antes eram incapazes de
manter um diálogo coerente, perdidas em sua doença e falta de memória,
recuperarem subitamente sua história e sua juventude ao escutarem músicas de sua
época em um Ipod. É um trabalho tocante de um profissional da medicina que
ficou conhecido pela sua imensa capacidade de demonstrar respeito pelos seus
pacientes. O médico já foi interpretado por Robin Williams no filme ‘Tempo de
Despertar’, de 1990. Morreu em 2015, deixando uma incontestável influência para
o tratamento de distúrbios neurológicos.




2 – Audrie & Daisy (2016)


Direção: Bonni Cohen, Jon Shenk


Trailer



Embora ainda seja relevado por muita gente, o bullying
virtual é um assunto tão sério quanto qualquer outro abuso capaz de destruir a
vida de alguém. Tanto é verdade que este documentário fala sobre duas
adolescentes americanas que foram dopadas e estupradas por colegas de escola
nos EUA, sendo que uma delas foi levada ao suicídio. Não é uma história
otimista, mas é importante justamente por mostrar que o problema é cada vez
mais discutido. No meio de tanta demonstração de crueldade virtual, é
esperançoso ver que muita gente se une para tornar este mais um problema a ser
combatido.




3 – Blackfish (2013)


Direção: Gabriela Cowperthwaite


Trailer


O filme conta a história da orca Tilikum, que ficou
conhecida há alguns anos por ter matado uma funcionária do Seaworld durante uma
apresentação em frente a centenas de pessoas. Mas não é o objetivo aqui contar
somente sobre a tragédia acidental, mas também sobre outra ainda mais grave: o aprisionamento
e tortura física e psicológica (sim, animais sentem medo e dor) das baleias
para uma indústria multimilionária. Não é um filme com uma bandeira explicitamente
revolucionária, mas serve como uma prova da capacidade do espectador em sentir
que há uma imensa crueldade acontecendo constantemente e que não é
preciso que o alvo seja outro ser humano para que ele seja capaz de refletir
sobre seus próprios atos.




4 – Virunga (2014)


Direção: Orlando von Einsiedel


Trailer


Virunga, com produção executiva de Leonardo Di Caprio,
concorreu ao Oscar de Melhor Documentário em 2015. Não levou o prêmio, mas sua
importância é incontestável. Neste filme é onde se pode encontrar o maior
exemplo de esforço humano em prol de proteger um patrimônio mundial. Em uma área
fronteiriça entre Ruanda, Uganda e República Democrática do Congo, ficam as
montanhas de Virunga, onde vivem os últimos exemplares dos gorilas das
montanhas. É uma região muito perigosa e alvo de constantes investidas por
parte dos governos locais e de guerrilhas. Lá os guardas florestais arriscam
suas próprias vidas para tentar proteger o que resta da diversidade biológica
do local. É um retrato impressionante e edificante sobre o altruísmo de poucos
frente à ameaça de muitos.




5 – A Vida Em Um Dia (2011)


Direção: Kevin McDonald


Trailer


No dia 24 de julho de 2010, milhares de usuários do Youtube enviaram mais de 80
mil vídeos ao site, capturando momentos de seus cotidianos. O documentário é
uma experiência que consiste em mostrar inúmeras pessoas no mundo todo vivendo
situações das mais variadas possíveis durante um dia. Não poderia ser mais
adequado para a proposta de discutir a empatia do que observar dezenas de
culturas diferentes espalhadas pelo o mundo todo vivendo uma vida que cada uma
delas julga natural. É o resultado da tecnologia a serviço de criar uma
narrativa que torna possível entender que cada um de nós vive numa pequena
bolha e que existe um mundo inteiro lá fora que tem as mesmas alegrias,
preocupações, realizações e frustrações que você. Do ponto de vista de
linguagem, é curioso perceber que a construção da narrativa se dá
majoritariamente pela montagem, já que os vídeos são produções particulares de
cada usuário. O sentido que resulta daí é acompanhar um dia inteiro como se
fosse observado de uma janela para o mundo. Ao nos depararmos com a nossa
pequenez diante o resto do planeta, inevitavelmente somos forçados a reconhecer
que não há nada de especial em nossa existência que justifique achar que
estamos acima de alguém. Ainda assim, é a mesma reflexão que nos leva à realização
de que em cada dia que vivemos, estão situações que nos transformam nas pessoas
mais importantes do mundo para nós mesmos, ou como diz uma própria usuária: “Eu
passei o dia todo esperando que algo grandioso acontecesse, algo que me fizesse
apreciar e fazer parte desse dia. A verdade é que nem sempre isso acontece. Quero
que as pessoas saibam que eu estou aqui. Não quero deixar de existir e também
não acho que sou alguém importante. Diante dessa realização, algo grande pode
ter acontecido hoje.”


      






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