Crítica: Morgan (2016, de Luke Scott)


Ainda seguindo sem previsão de estreia no Brasil, o longa Morgan já vem causando discussões entre os internautas. Dirigido por Luke Scott, esta ficção científica com toques de suspense tem em seu elenco rostos como Anya Taylor-Joy, Kate Mara, Rose Leslie e Paul Giamatti. É realmente um filme notável e que tem grandes chances de despertar o interesse da maioria dos que curtem o gênero de sci-fi.

A história acompanha Lee Weathers, uma consultora corporativa de gestão de risco convocada para investigar um acidente que provocou vários danos em uma instalação remota. Chegando lá ela se depara com uma jovem de aparência frágil e inofensiva e precisa decidir se ela deve ou não ser sacrificada. À mercê de compreender qual a opção mais viável, o que Lee não imaginava era que se dada uma brecha, a situação pode se agravar mais cedo ou mais tarde. Primeiramente, uma das coisas que me chamou a atenção foi o fato deste filme ser a estreia de Luke Scott como diretor, uma vez que trabalhou anteriormente em vários projetos com seu pai, Ridley Scott (Alien – O 8º Passageiro). Sendo assim, é incerto afirmar pelo trailer que essa será uma película de ficção sem uma dose de suspense/terror, pois existem detalhes na trama que servem justamente para pegar o espectador de surpresa.

Luke cria personagens cujas decisões são baseadas naquilo que o público não está acostumado a ver; tudo isso envolto através de uma narrativa serena e ao mesmo tempo densa. Ademais, enquanto a maioria dos filmes atuais de sci-fi procura analisar a inteligência artificial e afins de maneira refrescante e/ou sofisticada, o diretor aqui procura abordar o livre-arbítrio e suas consequências de forma deveras realista. Assim, ambos os momentos pacíficos e intensos fazem parte do contexto. Aliás, o que o enredo tem a nos oferecer é o seguinte: a criação de um ser humano originado artificialmente que é mantido em um laboratório de isolamento por cientistas e médicos que a veem como parte da família, o que se mostra natural no quesito de relações entre pais e filhos. O ser, que se desenvolveu rapidamente ao longo da adolescência, pôde sentir mudanças drásticas em sua personalidade. Motivo pelo qual a equipe também foi forçada a mantê-la em cativeiro. Porém, Morgan afirma que pode se sentir como um ser humano, justificando que seu comportamento errôneo ocorreu devido ao desejo de liberdade.

No exato instante do acidente, a empresa responsável pelo financiamento do projeto contrata Lee Weathers, aqui interpretada pela bela Kate Mara (Atirador) e que já havia trabalhado com Ridley Scott em Perdido em Marte. Não vou negar, Kate é uma atriz incrível! Sua protagonista é quem “carrega o filme nas costas”. O diferencial é que ela prova não possuir qualquer vínculo com o ser artificial. Ao contrário dos outros, ela representa o indivíduo que não sente nenhuma ligação emocional com Morgan. Desse modo, compreendemos o pretexto de a própria cena inicial exibir o grave incidente. A atriz mirim Anya Taylor-Joy (A Bruxa), encarna a tal Morgan e infelizmente entrega uma performance um pouco superficial. Afinal, embora na história não seja humana, ela aparenta desconfiar de tudo e todos ao seu redor. Certamente a nova queridinha de Hollywood tem talento para o ofício ora de terror, ora de ficção.

Inclusive, temos Toby Jones (O Nevoeiro) e o razoável Boyd Holbrook (Narcos) dando vida a Simon Ziegler e Skip Vronsky, vistos como as figuras paternas de Morgan. Toby está ótimo como sempre, porém Boyd já foi mais “água com açúcar”; ele até se esforçou, mas faltou algo a mais para o ator impressionar. Ao contrário de Paul Giamatti (A Dama na Água), que ao incorporar o Dr. Paul Shapiro, rende um dos momentos mais tensos da obra. Contamos ainda com a presença da diva Rose Leslie (Game of Thrones) no papel de Amy Menser, personagem de suma importância e Michelle Yeoh (Além da Liberdade) como a chefe da equipe, Dr. Lui Cheng. Rose foi plausível, já Michelle Yeoh deixou a desejar. Outrossim, a falha de Morgan é com relação ao roteiro de Seth W. Owen, que foi raso, visto que apresentou a má condução do restante de alguns figurantes. No geral, é aquele clichê que dá pra “passar por cima”.

Sendo assim, independente dos seus prós e contras, não há razão para que eu deixe de recomendá-lo ao público e em especial aos que tiverem despertado interesse na mensagem por trás da história. Na opinião do próprio Luke Scott, Morgan deixa claro que há duas características que sempre distinguirão um humano: a empatia e o sentimento de identidade; concordo plenamente com ele. O assunto ainda é um tabu e tanto, mas certamente valeu o entretenimento! (Obs.: se ligue na última cena).


Título Original: Morgan

Direção: Luke Scott

Elenco: Anya Taylor-Joy, Kate Mata, Rose Leslie, Toby Jones, Paul Giamatti, Michelle Yeoh, Jennifer Jason Leigh, Boyd Holdbrook, Yare Michael Jegbefume, Brian Cox, Chris Sullivan, Crispian Belfrage, Jonathan Aris, Sam Spruell, Vinette Robinson.

Sinopse: Uma consultora de risco trabalha para uma grande empresa. A sua próxima tarefa é definir se autoriza ou não o desligamento dos aparelhos que mantêm um ser artificial vivo, levando-a à questionar suas posições éticas.



Trailer:

Mais imagens do filme:

E aí, qual a sua expectativa para este filme? Conte pra gente o que achou!

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