Crítica: Nossa Vida Sem Grace (2007, de James C. Strouse)


Vencedor de dois prêmios (Melhor Roteiro e Melhor Drama escolhido pela Audiência) no Festival Sundance de Cinema (maior festival de filme independente dos Estados Unidos que acontece anualmente em Utah) e recebendo duas indicações (Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original) no Globo de Ouro, Nossa Vida Sem Grace, apesar de possuir uma linguagem simples, consegue ser um filme bastante sensível, abordando de forma muito eficiente o luto, relações familiares e o drama vivido pelos parentes daqueles soldados enviados para o exterior em zonas de conflito.

O longa teve uma distribuição bastante tímida, sendo exibido apenas em alguns países, um dos motivos que provavelmente fez com que tivesse pouca repercussão.

O filme começa mostrando o dia a dia de Stanley Phillips, personagem vivido brilhantemente por John Cusack, um homem casado, gerente de vendas de uma loja de departamentos, pai de duas filhas (Heidi e Dawn Phillips), que se vê obrigado a aguardar pela volta da esposa, sargenta do exército americano, Gracie Ann Phillips, que fora enviada ao Iraque durante o período conturbado da guerra. A insegurança causada pela incerteza do futuro reservado para sua família fica bem evidente nas expressões de Stanley, que faz todo o possível para não contagiar as filhas com o mesmo sentimento, impedindo-as de se inteirar com relação aos acontecimentos mais recentes nas áreas de conflito. Essa insegurança se intensifica ainda mais quando ele recebe a visita de dois oficiais do exército informando a morte de Grace em campo de batalha, causando-lhe um grande choque emocional. 





A partir de então, sem saber como lidar com a situação, como sofrer o luto, daquela que esteve presente nos melhores momentos de sua vida, e ter forças para conseguir servir de alicerce às filhas ainda muito novas que, mais que ele, precisariam de apoio nessa hora tão difícil. Ele decide que a melhor coisa a fazer é dar-se um tempo para absorver melhor a notícia, prolongando assim, a inocência das filhas um pouco mais, saindo com elas em uma viagem de carro, visando conhecer lugares que elas tivessem vontade de ver.
As filhas de Stanley, Dawn e Heidi (interpretadas por Gracie Bednarczyk e Shélan O’Keefe), que no filme tinham respectivamente 8 e 12 anos, possuem uma química incrível, não somente entre elas mas também com John Cusack. A interpretação das atrizes é bastante impressionante, a ponto de parecer pouco crível que esse fosse o primeiro filme de estréia de ambas. Apesar de esbanjar talento na telona, Shélan O’Keefe se aposentou em seu filme de estréia, hoje sendo vocalista, guitarrista e ukulelista de uma banda chamada Swellshark.
John Cusack gostou tanto do roteiro que quando terminou de lê-lo se tornou um dos produtores do filme. 



Não foi apenas a Cusack que o filme causou essa primeira boa impressão, após a exibição no Festival de Cinema de Sundance, Clint Eastwood se ofereceu para compor o tema do filme, que mais tarde acabou recebendo indicações no Globo de Ouro como Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original.


O ano em que foi lançado, 2007, é considerado por muitos como sendo o mais terrível da Guerra do Iraque, não somente pelo alto investimento requerido pelo governo Bush para a mobilização das tropas, como também pela quantidade de baixas americanas em solo iraquiano, contrasteando severamente o argumento falacioso da administração Bush de que a situação estivera melhorando. Esse ano foi também o segundo maior com baixas civis iraquianas (um pouco mais de 24 mil civis mortos), evidenciando inevitáveis comparações com a ‘Guerra do Vietnã’, na qual a opinião pública se tornara a maior opositora do conflito.

Apesar do grande simbolismo político implícito no filme, questões relativas aos lados pertinentes ao conflito não são realmente abordadas, dando atenção principalmente a perspectiva parental daqueles relacionados àqueles que tiveram que partir.   



Muito além de tentar transmitir uma mensagem política partidária, Nossa Vida Sem Grace nos presenteia com uma história sensível e tocante, que faz com que nos identifiquemos com a dor da perda de alguém próximo e a sensação de impotência que sentimos por não podermos fazer nada para mudarmos as circunstâncias, nos obrigando a buscar dentro de nós a resposta para seguir em frente.     































Título Original: Grace is Gone


Direção: James C. Strouse


Elenco: John Cusack, Shélan O’ Keefe, Gracie Bednarczyk


Sinopse: um pai recebe a notícia de que sua esposa, uma sargenta das forças militares americanas, foi morta em combate em território iraquiano. Sem saber como dar a triste notícia às filhas, ainda muito novas, ele decide realizar uma viagem de carro com elas rumo à um parque temático, antes da trágica verdade.  



Trailer:


Galeria de Imagens:






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