Crítica: O Silêncio Dos Inocentes (1992, de Jonathan Demme)

The Silence Of The Lambs (ou O Silêncio Dos Inocentes) é um dos três filmes na história que venceu os 5 principais prêmios da academia: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Direção. Só por estar na mesma categoria de Um Estranho No Ninho, de Milos Forman, e Aconteceu Naquela Noite, da lenda Frank Capra, já é um filme que merece atenção. E melhor, ao longo dos anos, o filme se provou tão relevante e memorável quanto os dois filmes citados.

O filme de Jonathan Demme conta a história de uma agente do FBI que tem que se envolver com um canibal – Hannibal Lecter, condenado a prisão perpétua por 9 assassinatos – para resolver um outro crime. Demme sabe muito bem como instalar a tensão no espectador, por meio de roteiro, fotografia, direção de arte e movimentos de câmera. Ele usa zoom’s rápidos que vão prendendo o personagem dentro da tela e, consequentemente, o público também. Tecnicamente, o diretor usa movimentos de câmera acelerados, subjetivas muito boas que deixam o espectador muito tenso e planos que variam entre médios, close-ups e big close-ups (que são usados em todas as cenas de diálogos entre Clarice e Lecter, o que deixa essas cenas quase insuportavelmente tensas). A direção não é só tecnicamente excelente, Demme também consegue misturar perfeitamente suspense, terror, mistério e filme de investigação.

O roteiro faz um trabalho excepcional em deixar o público com medo de Lecter, criar distância entre ele e todas as outras pessoas e um vínculo entre ele e Clarice, e faz você se importar com a mesma. Todas as cenas de Lecter e Clarice juntos são absolutamente memoráveis, e muito disso se deve também as interpretações de Anthony Hopkins e Jodie Foster.

Hopkins está absolutamente perfeito como Hannibal Lecter. Ele passa 16 minutos em tela e você jura que ele passou mais de uma hora no filme. O ator cria um personagem frio e sem emoções que sempre tem uma segunda intenção para benefício próprio e o faz com perfeição. Jodie Foster também brilha. Ela passa determinação, curiosidade, esperança e medo com absoluta perfeição. Ambos constantemente estão – merecidamente – na maioria das listas de melhores atuações de todos os tempos. Mesmo apagado pelas duas atuações principais, Scott Glenn (hoje em dia conhecido pela série Demolidor), tem uma cena marcante e entrega uma ótima interpretação.

Tecnicamente o filme também é excelente. A direção de arte é imersiva, a fotografia funciona, a edição é ótima e a montagem é melhor ainda. Há uma sequência no terceiro ato que é uma das coisas mais tensas que eu já vi na vida. A cena é dirigida com maestria, e Demme, sem apelar para jumpscares, assusta muito mais do que se o fizesse.

O Silêncio dos Inocentes triunfa em todos os sentidos. As atuações são perfeitas, a direção é excepcional, o roteiro é fantástico e os aspectos técnicos são ótimos. É um exercício achar defeitos nesse filme, mas sim, ele poderia ser um pouco enxugado e ter talvez uns 10 minutos a menos. É uma produção espetacular que merece – ou melhor, deve – ser vista por todos os cinéfilos.

Título Original: ‘The Silence Of The Lambs’

Direção: Jonathan Demme

Elenco: Anthony Hopkins, Jodie Foster, Scott Glenn, Ted Levine, Roger Corman, Chris Isaak, George A.Romero, Anthony Heald, Brooke Smith, Charles Napier

Sinopse: A agente do FBI, Clarice Starling é ordenada a encontrar um assassino que arranca a pele de suas vítimas. Para entender como ele pensa, ela procura o perigoso psicopata, Hannibal Lecter, encarcerado sob a acusação de canibalismo.

TRAILER:



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