Crítica: Animais Noturnos (2016, de Tom Ford)


Um suspense dramático onde suas emoções e seus sentimentos são testados várias vezes, um thriller psicológico com atuações excelentes, um diretor que (desculpe o trocadilho) tem estilo para dar e vender e transpõe isso em tela. Qualquer uma dessas definições pode se encaixar em Animais Noturnos, que foge dos clichês e que mantém a tensão do início ao fim.


Tom Ford é um nome muito aclamado no mundo da moda e começa a trilhar seu caminho no cinema com louvor. Seu primeiro filme foi Direito de Amar, foi muito bem recebido pela crítica e rendeu uma indicação ao Oscar para Colin Firth. Em Animais Noturnos, Ford deve conseguir indicações para o elenco e indicações técnicas, porque o filme é bem adaptado, é visualmente incrível, é bem atuado, bem dirigido e com certeza é um dos melhores filmes do ano.

O roteiro é muito bem escrito, a narrativa foi muito bem desenvolvida, principalmente no segundo e no terceiro ato. Passado, presente e a história de ficção do livro vão se cruzando ao longo do filme e Ford consegue deixar tudo isso em um ritmo excelente, além de deixar brecha para várias interpretações diferentes. Confesso que após ver um suspense meia boca como A Garota no Trem, ver um thriller psicológico que realmente tem algo a dizer, que incomoda, que intriga, que faz pensar, é algo muito gratificante.

O visual do filme é extremamente impecável, mesmo que isso seja algo que a gente espera de um estilista, Ford capricha em cada detalhe, desde os ambientes modernos da vida de Susan, até o ambiente da natureza, seco, rústico que a história de ficção narra, tudo é impecável.

Tom Ford filma extremamente bem, ele dá os enquadramentos certos nas horas certas, nas cenas de mais esforço para o elenco, ele fecha no rosto dos atores, nos ambientes modernos ele deixa o campo bem aberto, mas além disso ele opta por escolhas que não são óbvias, o enquadramento que ele dá na cena final é a prova viva disso.

O elenco é outro ponto chave do filme. Jake Gyllenhaal é um monstro em cena, ele interpreta dois papéis e faz isso com louvor. A cena da cabana é incrível e só por ali ele já merece todos os prêmios do ano, ele é visceral, tem carga dramática e explode na hora certa. O Oscar ignorou suas performances em Os Suspeitos e em O Abutre, se ignorar novamente em Animais Noturnos será uma injustiça tremenda. Amy Adams faz um belo trabalho também, sua personagem é melancólica e contida, não têm explosões dramáticas grandes, mas ela consegue passar todas as emoções que Susan sente. É incrível a maneira como Adams sempre pega papéis menos interessantes nos filmes e consegue reverter a situação, foi assim em O Mestre, O Vencedor e em Dúvida e nos três casos anteriores, ela foi indicada ao Oscar e em Animais Noturnos não deve ser diferente, porém não é o papel para dar o tão sonhado Oscar para ela, vamos aguardar por A Chegada e torcer. Aaron Taylor-Johnson está irreconhecível, ele tem uma presença sombria, uns trejeitos esquisitos e uma voz que assusta, é com certeza a melhor performance do ator. Michael Shannon também está ótimo no papel, o cara lança 100 filmes por ano e consegue se sair bem em todos.

Animais Noturnos foge dos clichês e te coloca para pensar o tempo todo, é desconfortável, é belo e é foda.

Título Original: Nocturnal Animals.

Direção: Tom Ford.

Elenco: Jake Gyllenhaal, Amy Adams, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Isla Fisher, Laura Linney e Armie Hammer.

Sinopse: Susan é uma negociadora de arte de meia idade, que está bastante infeliz no seu casamento atual, mas a sua vida começa a mudar quando ela recebe um manuscrito do próximo livro do seu ex-marido intitulado ‘Animais Noturnos’, os sentimentos antigos começam vir a tona e o suspense do livro faz com que Susan repense nas decisões que tomou no passado.

Trailer:





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