Crítica: Não Estou Lá (2007, de Todd Haynes)

Um dos assuntos mais comentados da semana foi a respeito da escolha de Bob Dylan como ganhador do Prêmio Nobel de literatura deste ano. A escolha surpreendeu e gerou uma discussão se a música dele é pode ou não ser considerada poesia. E o mais impressionante: além de ganhar o prêmio, a Academia Sueca está desistindo de notificar Dylan de seu prêmio. Ele inclusive ainda nem se pronunciou sobre o assunto! Estaria ele cansado de tanto reconhecimento? Polêmicas a parte, o Minha Visão de Cinema aproveita para trazer a crítica de um filme biográfico desse ícone da música americana. 


Bob Dylan (hoje com 75 anos) pode ser considerado um artista com muitos talentos. Já ganhou nada menos do que 12 prêmios Grammy, 1 Oscar, 1 Globo de Ouro e 1 Prêmio Pulitzer. Um homem com este currículo merece uma cinebiografia à altura. Não Estou Lá, de 2007, tenta contar sua história de uma maneira diferente: com vários atores interpretando alguma fase de sua vida. O que pode parecer confuso, realmente pode ficar se você parar para olhar o filme por acaso, sem saber do que se trata antecipadamente. Mas, para fãs, o filme cumpre seu papel de contar algumas de tantas boas histórias de sua vida. Com uma pitada de licença poética, algumas cenas misturam realidade e ficção e tornam o filme mais bonito.

A trilha sonora dispensa comentários, afinal de contas, é uma cinebiografia de Bob Dylan! Com grandes sucessos, só ela já vale a pena acompanhar a história. Cate Blanchett também é um capítulo a parte: ela não só convence como homem, como está incrível, e foi inclusive indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo papel. Além dela, Christian Bale, Heath Ledger, Marcus Carl Franklin, Richard Gere e Ben Whishaw também formam o estrelado elenco que o interpreta.

Não Estou Lá traz uma narrativa não linear, que pode ser difícil para quem não conhece absolutamente nada da vida do personagem principal. Ao longo do filme, as partes de sua história vão convergindo, mas o filme não explica as cenas para quem está de fora. Fica para o espectador formar a história de vida de Dylan e associar as cenas com acontecimentos reais. A fotografia do filme também impressiona, hora trazendo sobriedade, hora trazendo fantasia.

O filme tentou o que parecia impossível: retratar a vida de um camaleão como Bob Dylan. E justamente por seu formato, consegue cumprir a tarefa, não completamente, visto que algumas das histórias poderiam até virar um filme independente e novas histórias aconteceram desde então, mas traz várias facetas do músico, e a escolha de um ator para cada fase passa exatamente essa mensagem: Bob Dylan nem sempre foi o mesmo, e sempre foi o mesmo. Complicado? Nem tanto, visto que a vida é uma constante transformação.

Enfim, se você ficou não conhece Bob Dylan ou é fã dele, vale a pena ver o filme. Este é um músico do qual vale a pena conhecer a história. Além disso, o filme foi muito bem produzido, tem ótimas atuações e vai ampliar sua visão de cinema! Recomendo!

Título original: I’m Not There

Direção: Todd Haynes

Elenco: Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Heath Ledger, Ben Whishaw, Charlotte Gainsbourg, David Cross.

Sinopse: Bob Dylan (Christian Bale / Cate Blanchett / Heath Ledger / Marcus Carl Franklin / Richard Gere / Ben Whishaw), ícone musical, poeta e porta-voz de uma geração. Sempre viveu em constante mutação ao longo da vida, especialmente durante os anos 60. Musicalmente, fisicamente, psicologicamente, as alterações do seu personagem público dialogaram com acontecimentos sociais e ocasionaram múltiplas repercussões culturais. De jovem menestrel a profeta folk, de poeta moderno a roqueiro, de ícone da contracultura a cristão renascido, de caubói solitário a popstar.


Trailer:







Mais algumas imagens do filme:






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