Crítica: A Vítima Perfeita (2009, de Simone North)


Lançado direto em DVD
em Março de 2009, o filme ‘A Vítima Perfeita’ é um drama com toques de suspense
que foi dirigido por Simone North. Baseado em uma história real, ele trata de
um tema complicado: a obsessão pela beleza de outro indivíduo e até que ponto a
inveja de uma pessoa é capaz de chegar.

A trama é centrada em Rachel Barber, jovem de 15 anos que possui a vida
ideal: um bom lar, pai e mãe exemplares e um namorado perfeito; sem contar que
é dançarina e dona de uma beleza incontestável. Tudo ia bem até o dia em que ela simplesmente desaparece. Os pais, Sr. e Sra.
Barber, ficam desesperados, uma vez que Rachel nunca havia se atrasado depois do colégio.
Após terem feito o boletim de ocorrência e entrado em contato com amigos,
vizinhos e qualquer um que soubesse algo de Rachel, os familiares tentam
encontrá-la a todo custo; passaram-se 48 horas até que a polícia começasse a
investigar o caso. O namorado, Manni, revela então um detalhe que estava sendo
mantido em sigilo e de repente, a situação se agrava. No meio de tudo isso,
eles nunca imaginariam que os Reid, família vizinha, pudesse estar envolvida. A questão aqui é a seguinte: no passado, a filha dos Reid, Caroline Reid, odiava tanto a própria vida que seus
pais já não sabiam mais o que fazer, uma vez que ela se via como uma
feia, obesa e cheia de imperfeições no corpo. Certo dia, através de flashbacks vemos Caroline ficar fascinada ao ver Rachel
dançando, mas ao mesmo tempo cobiçando a beleza expressada por ela e é aí que a
“cobra vai fumar”. Anos depois, ela planeja o crime perfeito, pois está
a um passo da barbárie e sabe que não será nada fácil sair impune. Ressalto que
toda esta questão da linha tênue entre a sanidade e a loucura é pesada. Portanto, só assista se conseguir digerir os elementos ali presentes.



Sobre o roteiro: penso que não houve muitas falhas. O descuido aqui é que
semelhante aos fatos verídicos, pequenos desvios ocorreram e posso citá-los sem
problemas: embora o filme se situe em 1999, o uso do computador (CPU), monitores e televisores mostrado no decorrer do filme não
estava sendo amplamente utilizado se comparado com a década seguinte. Outro furo que
notei constitui de algumas alterações feitas com o evento real.
Mas penso que isso não pareceu um aspecto negativo crítico. Até porque o simples fato
da história ter realmente acontecido me deixou chocado.


Sobre o elenco: falando primeiro de Guy Pearce (‘Paixão Inocente’) e
Miranda Otto (‘Guerra dos Mundos’). A dupla de atores soube transmitir emoção e
raiva como os pais de Rachel, ambos de maneira incrível. Porém em minha
opinião, a performance mais dramática aqui foi a de Ruth Bradley como Caroline
Reid. Ela passa a imagem de uma garota cuja autoestima é praticamente inexistente
e devido a isso, o limite da inveja 
– um pecado capital – é ultrapassado e a clara razão do ato. O sofrimento psicológico causado pela pressão
da sociedade, em Caroline precisar ter uma imagem estereotipada para ser tolerada pela
mesma sem preconceito também contribuiu para o estado emocional dela. Não obstante, ela ainda sofre com a
ausência dos pais para atender a estes problemas, o que só piora a situação,
uma vez que ela acha que os mesmos a fazem se sentir como uma péssima filha.
Caroline sequer recebeu afeto fraterno, pois sofria por não ser aceita e amada;
tinha depressão e culpava a si própria por isso. Portanto, seu trauma foi tão
intenso em sua vida que ela moveu seu desejo em ser e ter o que qualquer outra
garota aparentemente possuía e ela nunca poderia ter. Em vista disso, diria que sua personalidade não se definiria como fria e má por natureza, visto que suas motivações
citadas acima são explícitas. Temos também Sam Neill que encarnou muito bem o papel de um pai
distante, mas zeloso de Caroline. Já a bela Kate Bell, interpreta Rachel
Barber, uma jovem inocente que não tinha noção da cilada em que iria cair; ela inclusive rende um dos momentos mais tensos da trama. 

Na medida em que o tempo vai passando, a terrível verdade por trás do delito está prestes a chegar aos ouvidos dos demais personagens. Por esse motivo, drama e suspense “andam juntos”, visto que os mistérios fluem tranquilamente em meio a aflição. Segundo afirmações de usuários, a fita lhes lembrou em alguns aspectos ‘Um Olhar do Paraíso’, que por sua vez envolve mais uma questão espiritual do que melodramática propriamente dita. Com relação a duração é por volta de 1 hora e 40 minutos, que “passam voando” e você não se cansa de acompanhar do começo ao fim, já que os detalhes mórbidos deixarão o espectador grudado na cadeira. Já a trilha sonora é simplesmente tocante. Sem dúvidas a melhor e mais bela é a que toca nos créditos iniciais e finais: ‘What You Want’, do cantor John Butler Trio.

Ademais, apesar da premissa interessante caracterizada por ele, esta
película é bem cruel. Sendo assim, não aconselho os mais sensíveis a
assistirem, porque certas situações talvez sejam desconfortáveis. Por outro lado, quem tiver fôlego e coragem pode ver sem medo, que
ficará perplexo. Todavia, admito que o final me deixou inquieto, justamente por
conta do diferencial que o enredo apresenta. Por fim, é uma boa pedida pra
você conferir; uma obra que merece ser vista e refletida após seu término! 
Resumindo em uma só palavra: indispensável.
Nota: 8,5

Título Original: In Her Skin


Direção: Simone North


Elenco: Guy Pearce, Miranda Otto, Sam Neill, Kate Bell, Justine Clarke, Khan Chittenden, Paul Geoghegan, Andrew Blain, Diane Cragi, Jeremy Sims, Eugene Gilfedder, Jerome Velinsky, Jack Finsterer, Kelley Abbey, Maya Aleksandra, Melissa Andersen, Mia Storey, Rebeca Gibney, Rowan Chapman, Sally Christie, Tim Boyle, Tori Forrest, Veronic Neave, Dena Kaplan.


Sinopse: Pode o desejo por uma vida diferente se transformar em inveja e obsessão? Nesta tensa e surpreendente trama de suspense, baseada em uma história real, uma jovem chega ao limite da inveja – um pecado capital – e começa um bizarro jogo de roubo de identidade. Caroline (Ruth Bradley) é uma garota solitária que deseja intensamente mudar radicalmente a sua vida e sair da mesmice de sua adolescência. Para ela, a solução para o seu problema está em literalmente trocar de lugar com a bela e popular Rachel (Kate Bell), que parece ser tudo o que Caroline não é e ter a vida perfeita. Então, a jovem, motivada pela inveja, decide colocar em prática seu estranho plano e se libertar de sua vida monótona, assumindo o lugar e a rotina de Rachel. Até onde ela irá para conseguir o seu objetivo?


Trailer:

BÔNUS:
Sequência de abertura oficial:

Mais imagens do filme:

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1 thoughts on “Crítica: A Vítima Perfeita (2009, de Simone North)”

  1. Acabei de assistir ao filme e fiquei impressionado com tamanha crueldade e me senti mal ao saber que e uma história Real a verdade pura e que existem ainda seres humanos podre como essa Caroline chegar ao posto de matar por querer a vida de outra pessoa infelizmente a podridão da mente dessas pessoas ainda existem

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