Crítica: Vizinhos 2 (2016, de Nicholas Stoller)






O primeiro ‘Vizinhos’ de 2014 foi uma surpresa, uma comédia original para maiores de idade que arrecadou muito em bilheteria e conquistou a crítica como um dos melhores filmes do gênero daquele ano. É óbvio que assim teríamos uma sequência. Eis que agora em 2016 temos o lançamento de ‘Vizinhos 2’, que não obteve o mesmo êxito em bilheteria e mesmo que a crítica não detonou por completo, também não teve o mesmo impacto que o primeiro. Acontece que ‘Vizinhos 2’ é uma comédia legal, mas sofre de um mal bastante comum neste gênero: a continuação ser inferior e não ter a mesma graça do original.



Dos pontos negativos, podemos começar falando em um certo retrocesso da direção e montagem. Se o cineasta Nicholas Stoller havia acertado em 2014 com um ritmo mais ágil e insano, às vezes abusando de situações absurdas que em momentos lembrava filmes de ação, aqui há uma certa quebra de ritmo no meio do filme. Algumas cenas que exigem um pouco de efeitos especiais (como as do airbag), funcionaram melhor no primeiro. Aqui vemos um certo defeitinho de montagem e presença de cortes e de computação. Também há uma cena em Sydney em que percebemos o telão verde. As piadas parecem menos originais e engraçadas, requentando alguns bordões (e até algumas cenas) do filme anterior. Realmente faltou um pouco de criatividade para o roteiro do filme, preferindo-se repetir algumas coisas que já haviam dado certo.




Dentre os pontos positivos podemos falar que por outro lado, há pequenos momentos do roteiro em que ele ainda se sai bem. Esta continuação é um pouco menos apelativa do que o anterior. Ainda há piadas de cunho sexual ali, porém menos explícitas. Outro acerto é que o filme ainda aprofunda bem as personagens. Isso é algo que não dá para desconsiderar em ambas produções. Por trás de todo besteirol, se cria uma crítica à fase da vida em que amadurecemos. Seja no casal protagonista ou nos jovens inconsequentes. Se no filme original o casal Mac e Kelly brigavam com os jovens festeiros, mas no fundo os invejavam, pois agora estavam ficando velhos, cansados das responsabilidades e com o primeiro filho a caminho; desta vez eles estão esperando o segundo filho, precisam vender a casa e estão apavorados com a vida cheia de responsabilidades envolvendo a paternidade. Se no primeiro o jovem Teddy não queria se formar para não acabar com as festas, aqui ele tem uma crise ao perceber que está adulto, deve trabalhar e todos ao seu redor estão construindo a vida, casando e etc. Esta ambiguidade das personagens é algo bacana e que o roteiro acerta em construir, mesmo que na base do exagero e palhaçada.

O elenco é todo bem entrosado. O casal na pele de Seth Rogen e Rose Byrne tem química nas piadas e cenas grosseiras. A queridinha Chloë Grace Moretz também se sai bem como a líder de uma irmandade feminina e feminista. É interessante como o roteiro também trabalha bem em cima dela e de suas colegas de irmandade. A pequena participação de Dave Franco é engraçada e guarda uma surpresa. E quem diria que Zac Efron, que um dia fez garotinhas suspirarem no fenômeno ‘High School Musical’, mas que não deu certo como bom moço no cinema; se sairia bem e genuinamente engraçado em comédias para adultos? Apesar de seu porte físico, é na sua “cara de burro” e besteiras desenfreadas que ele se destaca aqui dentro desta saga. Ele serve como um “agente duplo”. Atuando em dois lados, uma hora ele ajuda a curtição da fraternidade das meninas, sendo como um paizão. Em outra hora, ele ajuda o casal vizinho, sendo como um filho. A bola fora do elenco pode ser Selena Gomez, que não faz praticamente nada demais exceto ser uma participação especial, com sua expressão sem graça de sempre.


Por fim, há algumas boas piadas e críticas aos fatores sociais como minorias, machismo, sexismo e feminismo. Faz-se um bom uso da tecnologia para gerar alguns momentos cômicos. O coadjuvante Ike Barinholtz também tem umas cenas hilárias, onde ele encarna um palhaço assustador. De pequenos em pequenos momentos, ‘Vizinhos 2’ tem alguma boa sacada e alguma graça, embora inferior ao primeiro. Sofre do mau das continuações desnecessárias, porém não chega a ser um lixo como ‘A Ressaca 2’ ou ‘Segurança de Shopping 2’. Está mais para ‘Ted 2’, que ainda merece ser conferido. Tem um bom visual, festas com cores neon e bom elenco. Tem um boa trilha sonora e não te deixará entediado. Só precisava se distanciar um pouco do primeiro para ter vida própria, fora isso ainda vale ser conferido. E termino dizendo que estes filmes me fazem lembrar de uma verdade: quem de nós nunca teve um vizinho barulhento no qual tivemos vontade de declarar guerra?


NOTA: 6






Título Original: Neighbors: Sorority Rising


Direção: Nicholas Stoller


Elenco: Chloë
Grace Moretz, Rose Byrne, Seth Rogen, Zac Efron, Selena
Gomez, Abbi Jacobson, Awkwafina, Beanie Feldstein, Billy
Eichner, Brian Huskey, Brian K. Johnson, Cameron Hill, Carla
Gallo (I), Christopher Mintz-Plasse, Ciara Bravo, Clara Mamet, Dave
Franco, Denryc Hill, Elise Vargas e Ike Barinholtz.


Sinopse: prestes a ganhar um segundo filho, Mac e Kelly estão dispostos a dar
mais um passo rumo à vida adulta: morar em um subúrbio. Mas justo na hora em
que decidem vender a casa, percebem que as vizinhas ao lado são de uma
fraternidade muito mais sem limites que a anterior: as garotas de Kappa Nu, que
estão cansadas das restrições da faculdade e decidiram criar uma república onde
podem fazer tudo o que querem. A única saída será chamar Teddy, seu antigo
vizinho, para ajudá-los a combater as estudantes.


Trailer:












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