Crítica: A Série Divergente – Convergente (2016, de Robert Schwentke)





Na onda de ficções adolescentes distópicas e pegando carona em ‘Jogos Vorazes’, o primeiro ‘Divergente’ foi um sucesso em 2014 e apesar de ter alguns pequenos defeitos, divertiu sem compromisso e tinha um bom material em mãos, que poderia render uma saga interessante e com boas críticas político-sociais. Mas em 2015 sua continuação chamada ‘Insurgente’ teve uma bilheteria abaixo do esperado e críticas bem negativas, trazendo um roteiro confuso, atuações ruins e colocando a saga em um mal caminho. Agora em 2016 chegou o terceiro capítulo chamado ‘Convergente’, que em vez de consertar os erros do segundo, acentua ainda mais os mesmos, destruindo a chance de redenção da saga. 



Praticamente tudo no filme é falho. O diretor Robert Schwentke (que já entregou o ótimo ‘R.E.D. – Aposentados e Perigosos’) tem uma direção fraca, que embora saiba construir um cenário para a ação, os ângulos de câmera escolhidos são ruins e não consegue criar tensão ou perigo real. A edição é apressada e com muitos cortes, ajudando ainda mais na desconstrução da tensão e dando um ar amador. O roteiro até carrega um certo conceito, com questões sociais advindas da trilogia de livros. Mas aqui este bom conceito é desperdiçado com clichês forçados, seja no arco romântico mal estruturado ou nas atitudes burras das personagens. Shailene Woodley mostra uma certa regressão na atuação, soando fraca, sem sal e com uma personagem estúpida. Depois de tudo que passaram nos dois primeiros filmes, é sério que ela toma estas atitudes? Não há emoção ou força suficiente na atriz para seu protagonismo. A moça é uma boa atriz e provou isso em ‘Os Descendentes’ e ‘Pássaro Branco da Nevasca’. Mas aqui ela é justamente um dos pontos mais fracos. Outro que está “mal na foto” é Miles Teller, que apresenta um “vilãozinho” caricato, artificial e irritante. O moço que tinha potencial está começando a entrar em frias como este filme e o novo ‘Quarteto Fantástico’. E Ansel Elgort continua sem saber o que fazer na saga, totalmente sem graça e dispensável. 




A maior parte do elenco está apenas ok, clichê mas ok. O único que apresenta uma evolução é Theo James. Se nos filmes anteriores lhe faltava atuação e carisma para ser o herói da trama, aqui ele não apenas manda bem na ação, como é o único a ter atitudes pensadas. É ele que salva o irmão da Tris, é ele que desconfia da perfeição lúdica atrás da muralha, é ele que se prepara para a batalha. O único personagem no filme inteiro no qual eu torci, isto que considerava ele dispensável nos filmes anteriores. Isso é mal sinal, não é? Se seu personagem chamado Quatro tem esta melhoria, não sei o que atores de calibre como Naomi Watts, Octavia Spencer e Jeff Daniels estão fazendo aqui desperdiçando seu talento. Possivelmente ao lerem o roteiro, se enganaram achando que seria um interessante filme com discurso político. 




Os efeitos especiais no geral estão bons, mas na maioria das vezes são excessivos e passam superficialidade. A trilha sonora tenta sintetizar batidas eletrônicas, mas não empolga. A fotografia é um dos poucos acertos. Há um cenário específico que remete ao planeta vermelho em ‘Perdido em Marte’ e há uma perseguição de automóvel que utiliza de cortes de câmera e uma fotografia amarelada que lembra a aceleração pós-apocalíptica máxima de ‘Mad Max: Estrada da Fúria’. Mas apenas lembram mesmo e não apresentam as qualidades destes filmes citados. 


‘Convergente’ afunda em atuações canastronas, efeitos exagerados, um romance piegas e uma protagonista de atitudes burras e impensadas. Pena, pois a ideologia utópica e o roteiro crítico tinha potencial. Tentou tanto ser um substituto para ‘Jogos Vorazes’, mas afundou ao se aparentar com ‘Crepúsculo’. Com o imenso fracasso deste, o quarto e último filme foi cancelado para os cinemas. Agora ele será um telefilme (feito diretamente para a TV) que servirá tanto como um final para esta saga como um início para uma série de TV (coisa que ‘Os Instrumentos Mortais’ fez e se salvou). Não se sabe ainda se o elenco retorna (na verdade dificilmente acontecerá) ou se serão substituídos. Mas torcemos para que o desfecho e a série sejam melhor construídos. Até lá torçamos para que o ator protagonista de ‘Maze Runner’ se recupere do acidente que sofreu nas gravações, para que o terceiro filme seja lançado, corrija os defeitinhos do segundo e encerre esta outra saga de maneira melhor. E se isso não ocorrer com ‘Maze Runner’, há planos para que ‘Jogos Vorazes’ ganhe novos filmes. Torçamos para que isso ocorra da maneira correta, com bons roteiros e que os fãs das sagas literárias de ficção científica adolescente distópicas recebam um produto de qualidade. Agora sobre este ‘Convergente’, deveria se chamar ‘Inconvincente’, porque não deu. E tem gente reclamando dos filmes da DC deste ano. É porque ainda não viram este daqui.


NOTA: 2 (0 a 10)




Título Original: The Divergent Series: Allegiant 


Direção: Robert Schwentke


Elenco: Shailene Woodley, Zoë Kravitz, Miles Teller, Theo
James, 
Naomi Watts, Octavia Spencer, Daniel
Dae Kim, Maggie Q., Ansel Elgort, 
Jeff Daniels, Joseph David-Jones e Bill Skarsgård.


Sinopse: após a mensagem de Edith Prior ser revelada em ‘Insurgente’, Tris (Shailene
Woodley), Quatro (Theo James), Caleb (Ansel Elgort), Peter (Miles Teller),
Christina (Zoë Kravitz) e Tori (Maggie Q) deixam Chicago para descobrir o que há
além do muro. Ao chegarem lá, eles descobrem a existência de uma nova
sociedade.



Trailer: 









A capa do livro.







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