Crítica: Rebirth (2016, de Karl Mueller)




‘Rebirth’, longa original Netflix tendo Karl Mueller como diretor, estreou na sexta (15) com uma premissa já conhecida, porém bastante engenhosa. Volta-se a um protagonista típico americano que tem sua vida, pacata com uma rotina quase que robótica, transformada depois que é convocado por um antigo amigo a ir a um retiro espiritual num final de semana.

Se
eu pudesse convencê-lo de algo, seria não assista a este filme, ou assista só
para ter um gosto amargo por ter perdido um tempo, mas se encontrou este filme
rolando a barra da Netflix e achou a sinopse interessante, veja primeiro suas
notas no IMDB ou Rotten para amenizar sua decepção.




No longa, Fran Kranz vive
Kyle, gerente de mídias sociais de um banco, que encontra em seu trabalho seu
amigo de infância Zack (interpretado por Adam Goldberg, que não sei vocês, mas
acho este cara incrivelmente medonho depois de tê-lo visto como o companheiro
de apartamento louco de Chandler em Friends), este último convida Kyle para um
retiro espiritual chamado ‘Rebirth’, que tem como objetivo construir uma nova
vida para seus participantes. Kyle, mesmo desconfiado, vai até o retiro e
percebe ali diferentes tipos de atividades bastante questionáveis, algo
bastante semelhante a cultos ou seitas.

        Divulgação:
Collider

Já pela premissa é perceptível que não há uma total originalidade, porém
ao se tratar de um thriller psicológico, há diversos mecanismos que poderiam
ter sido usados para prender o telespectador e torná-lo interessante, coisa que
o filme fracassa colossalmente. Podemos justificar erros ou limites impostos pelo
baixo orçamento que o filme se instaura, entretanto não é apenas isso que prejudica
o filme e o impede de ser bem sucedido, pois até mesmo o roteiro não foi bem
trabalhado, o suspense não instiga você a continuar a assistir, só te frustra a
cada passo que os personagens dão.

        Divulgação: Netflix


Desde
as relações com cada ambiente da casa que é um pouco fora de sentido, dando
espaço para vários momentos ‘WTF’, até a existência de várias pontas soltas,
que mesmo se fossem propositais, não se tornariam bem sucedidas. Há diversas
referências a outros grandes filmes, que cabe a mim compará-las, mesmo não
gostando desta sistemática para críticas. 

Primeiramente, e mais evidente, a
famosa lista de regras sobre o certo grupo, referência imediata ao ‘Clube da
Luta’ (Tyler deve estar se revirando na cabeça do protagonista sem nome de seu
filme). A forma como se critica a sociedade capitalista é outro ponto bastante
parecido, já que nos leva a uma dinâmica de uma mudança de sistemática imposta
a outra (do capitalismo para a seita no caso de ‘Rebirth’, ou do capitalismo
para a anarquia em ‘Clube da Luta’) que em seu final acaba sendo apenas uma
mudança de quem impõe e não uma mudança total do sistema. Aqui está o ponto principal
que o filme deveria consolidar, o qual deveria ser o objetivo a ser alcançado. 

Entretanto, ‘Rebirth’ traz apenas maneiras bastante rasas de carregá-lo até seu
desfecho, não leva qualquer personagem a fundo, no final, apenas ficamos com o pensamento
de dúvida do que acabou de acontecer nessa 1h de filme.


        Divulgação:
Collider

É
um pouco vergonhoso ver como a crítica social é restaurada durante todo o
filme, há repetidas falas referentes a pessoas zumbis que chega a ser chato, a
maneira como o protagonista não convence, exagerando nos gritos em momentos
desnecessários, bem como o desfecho “documental” que, mesmo sendo uma
maneira inteligente de se provar uma crítica e ironizar a hipocrisia humana,
foi jogado ao ar, diferentemente do bom posicionamento no filme ‘The Stanford
Prison Experiment’ (Kyle Patrick Alvarez, 2015) que se utilizou do mesmo
recurso final para retomar toda a ideia central.


Mueller
não fez um filme ruim, só foi responsável por uma boa ideia que não foi bem
desenvolvida. Até mesmo a fotografia azulada perde um pouco da essência do que
ela representaria. Mesmo que a premissa seja bastante interessante e possa
incitar diversas reflexões de várias maneiras, o filme fracassa e acaba decepcionando
a cada sequência lógica.


        Divulgação:
Croogles

Os
incontáveis filmes que abordam a mesma temática crítica tornam difícil não
esperar que dentro desses novos filmes apareçam algo novo, algo que surpreenda
ou que nos deixe arrasados pela dureza da crítica, filmes que, atualmente, são
raridades e sempre terão como parâmetro filmes de alto nível, como o já citado ‘Clube
da Luta’ ou até mesmo ‘Vidas em Jogo’ de David Fincher, provando que qualquer filme que
caia na armadilha de criar uma visão crítica ao sistema vigente estará
suscetível também a críticas mais duras dos telespectadores.


Nota: 2 (Pela participação apenas e a criação da premissa)

Título Original: Rebirth

Direção: Karl Mueller

Elenco: Fran Kranz, Adam Goldberg, Nicky Whelan, Kat Foster

Trailer: 

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