Crítica: O Segredo dos Seus Olhos (2009, Juan José Campanella)

O Segredo dos Seus Olhos é um filme sofisticado, cheio de paixão, amor e obsessão. A paixão é o ponto forte desse filme, é mostrada de forma tímida no começo, como uma brincadeira ou um sonho e aos poucos vai se tornando algo grande e imutável. Tudo passa, tudo muda, menos a paixão. Podendo ser algo bom e em outros casos, algo ruim, destruindo nossa vida, a tornando vazia e precisamos disso para poder seguir em frente, sendo felizes ou não com essa decisão. 
O filme
começa com o estupro e assassinato da bela Liliana Colotto (Carla Quevedo), um
crime brutal, que é investigado pelo oficial de justiça Benjamín Espósito
(Ricardo Darín), que no primeiro momento, não quer
o caso, mas ao pisar na cena do crime, tudo muda. Poderia ser um roteiro comum,
onde a polícia procura o misterioso assassino e ponto.  Mas aqui, vemos duas versões dos fatos, o
passado onde ocorreu o crime e o presente após 25 anos dos acontecimentos, mostrando
o que as escolhas na vida dos personagens acarretaram a eles.

A maior
parte da história se passa nos tribunais, segurando a atenção do público para o
que está por vir na investigação, com personagens carismáticos e comprometidos
em descobrir a verdade. A ligação deles com o caso começa a se tornar pessoal
depois de um tempo. E nós sentimos isso, a necessidade da verdade, de pegar o
assassino e ter um ponto final, uma justiça pela vítima.






Mas de
certa forma, achar o assassino se transforma em segundo plano no filme,
começamos a entrar na mente de Espósito (Ricardo Darín) e nos vemos perdidamente
apaixonados por Irene Me­néndez
Hastings (Soledad Villa­mil
) sua chefe e que está noiva. E toda a
frustração que esse amor acarreta a ele. O pesar de não dizer nada mesmo quando
tudo já está dito. Detalhes nas conversas que na hora pode parecer
insignificante, mas que são fundamentais para o desfecho, a máquina de escrever
que não escreve o ‘A’ que acaba por fazer toda a diferença, a dimensão de uma
amizade.

Os olhos são como janelas onde toda a
verdade se diz, mesmo quando queremos esconder ou mentir. Aqui de certa forma,
os olhos conversam. Em várias cenas os temos como coadjuvantes da história,
mostrando o que a alma tenta esconder. Descobrimos o assassino, o amor, a
obsessão com o passado. O Segredo dos Seus Olhos nos faz pensar sobre a vida.
Sobre o que fazemos com as escolhas que temos, onde escolhemos deixar passar o
grande amor ou conviver com isso para sempre, como uma voz que nunca se cala na
mente. Você pode tentar esquecer, ignorar e até fingir, mas nunca a calará. Não
se pode enganar a si próprio.



Para finalizar deixo aqui uma frase
dita por Irene (Soledad Villamil):
 

 “Como
se faz para viver uma vida vazia? Como se faz para viver uma vida cheia de
nada?”






Nome Original: El Secreto De Sus Ojos
Direção: Juan José Campanella.

Elenco: Ricardo DarínSoledad VillamilGuillermo FrancellaPablo RagoJavier GodinoCarla Quevedo.

Sinopse: Benjamin Esposito (Ricardo Darín) se
aposentou recentemente do cargo de oficial de justiça de um tribunal penal. Com
bastante tempo livre, ele agora se dedica a escrever um livro. Benjamin usa sua
experiência para contar uma história trágica, a qual foi testemunha em 1974. Na
época o Departamento de Justiça onde trabalhava foi designado para investigar o
estupro e consequente assassinato de uma bela jovem. É desta forma que Benjamin
conhece Ricardo Morales (Pablo Rago), marido da falecida, a quem promete ajudar
a encontrar o culpado. Para tanto ele conta com a ajuda de Pablo Sandoval
(Guillermo Francella), seu grande amigo, e com Irene Menéndez Hastings (Soledad
Villamil), sua chefe imediata, por quem nutre uma paixão secreta.

Trailer:


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