NATURALISMO E IMPRESSIONISMO EM ‘AMORES DE APACHE’

Não se engane com o título em português. Não é um western romântico. Chamavam-se apaches os gângsters franceses da virada do século 19 ao 20, pois resolviam suas disputas à moda dos índios norteamericanos. Essa realização de Jacques Becker é uma obra de mestre. A narrativa, influenciada pelo naturalismo, apresenta personagens governados por suas paixões e pela inevitabilidade da tragédia. Apesar de fotografado em preto-e-branco, é, paradoxalmente, um dos filmes mais coloridos que há, devido à inspiração impressionista na composição de seus planos.



Amores de apache
Casque d’or

Direção:
Jacques Becker

Produção:
Raymond Hakim, Robert Hakim, André Paulvé

Speva Films, Paris-Films Productions
França — 1952

Elenco: Simone Signoret, Serge Reggiani, Claude Dauphin, Raymond Bussièrs, Gaston Modot, Paul Berge, Daniel Mendaille, Frignol, Roland Lasaffre, Odette Barancey, Loleh Bellon, Solange Certin, Jacqueline Dane, Dominique Davray, Paul Azais, Jean Clarieux, Tony Corteggiani, Émile Genevois, Marc Goutas, William Sabatier, Fernand Trignol, Anne Beressy, Marianne Bergue, Jacqueline Canterelle, Gisèle Delzen, Suzanne Grey, Simone Jarnac, Yvette Lucas, Jacqueline Marbaut, Paquerette, Pomme, Georgette Talazac, Yvonne Yma, Léon Bary, Dalphin, Abel Coulon, Jean Degrave, Max Lancourt, Pierre Le Proux, Roland Lesaffre, Julien Maffre, Marcel Melrac, André Méliès, Bobby Mercier, Louis Moret, René Pascal, Raphaël Patorni, Léon Pauléon, Raymond Raynal, Marcel Rouzé, Roger Vincent, Claude Castaing, os não creditados Martine Arden, Joëlle Bernard, Jacqueline Danno, Jacques Duby, Yvonne Legeay, Maurice Marceau, Christiane Minazzoli.



Do jornalismo policial parisiense de início do século 20, Jacques Becker extrai um drama com sentido de tragédia, passado na referida época e basicamente ambientado em Belleville, submundo da capital francesa largado ao esquecimento durante os primeiros impulsos de modernização da cidade luz.

Paradoxalmente, Becker transforma Amores de apache, em preto-e-branco, num dos filmes mais coloridos que há, conferindo-lhe ares de tela saída da paleta de pintores impressionistas. Ladrões, prostitutas, policiais, jogadores, falsificadores, assassinos, ex-presidiários e mendigos — gente largada às circunstâncias do momento, vivendo basicamente de expedientes, sem possibilidades de devotar apreço aos códigos da moralidade burguesa — dão sentido à história contada. A encenação se vale basicamente da recriação e descrição minuciosa de ambientes e personagens dotados de feliz veracidade[1]. O espectador, diante do exposto, não se sente ludibriado pelo artificialismo na reprodução da vida, como normalmente acontece no cinema hollywoodiano mais corriqueiro, principalmente nos filmes que se dizem baseados em “fatos reais”. Muito menos se vê enredado por juízos de valor de procedência puritana, tão gritantemente hipócritas. As rugas dos personagens, suas conformações faciais, as expressões de sofrimento ou alegria, os sorrisos denotando sinceridade ou hipocrisia, as sensações de desesperança ou conformação às tramas da existência tão bem comunicadas pelo olhar, tudo possui a aparência da autenticidade em Amores de apache.

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