Punhos de campeão, de Robert Wise – Filme absoluto sobre o Submundo do Boxe

Por Paulo Telles, Editor do Blog 
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PUNHOS DE CAMPEÃO
FICHA TÉCNICA

Título Original: The Set-Up
Pais: Estados Unidos
Gênero: Drama
Direção: Robert Wise
Roteiro: Art Cohn
Produção: Richard Goldstone
Direção Musical: C. Bakaleinikoff
Fotografia: Milton R. Krasner
Edição: Roland Gross
Direção de Arte: Albert S. D’Agostino, Jack Okey
Guarda-Roupa: C. Bakaleinikoff
Maquiagem: Gordon Baul

ELENCO

Robert Ryan- Bill ‘Stocker’ Thompson
Audrey Totter- Julie Thompsom
George Tobias- Tiny
Alan Baxter- Little Boy
Wallace Ford- Gus
Percy Helton- Red
Darryl Hickman- Shanley
Hal Baylor- Tiger Nelson






Clássico do Cinema de Boxe, PUNHOS DE CAMPEÃO (The Set-Up, 1949), extraído de poema de Joseph
Moncure March (1899-1977), foi a fita que deu consagração a Robert Wise
(1914-2005), que se tornaria um dos maiores cineastas de todos os tempos, com
currículo com obras como O Dia em que a
Terra Parou (1952), Amor Sublime Amor (1960), e A Noviça Rebelde (1965).
Também
foi o filme que lançou Robert Ryan (1909-1973) como um astro potencial em
Hollywood, após alguns trabalhos anteriores, e, sobretudo, depois de sua importante
(e infelizmente única) indicação ao Oscar por Rancor (1947) para melhor ator coadjuvante de 1947 por sua atuação como o
assassino anti-semita, mas acabou perdendo para Edmund Gwenn, que concorria
para De Ilusão Também se vive, no mesmo ano. 


A ação transcorre em 72 minutos, tempo de duração do filme,
processo que se repetiria também em Matar
ou Morrer
, em 1952 e dirigido por Fred Zinnemann, onde a ação também
transcorre na mesma duração da fita.
Bill Stocker Thompson
(Robert Ryan), pugilista veterano e decadente, a contragosto da mulher Julie
(Audrey Totter, 1917-2013), que quer vê-lo abandonar o
ringue, aceita participar de uma última luta, num estádio de categoria
inferior.




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Depois de várias derrotas consecutivas, sua esposa, Julie,
apela para que ele desista do campeonato, mas ele não atende. Seus promotores
foram corrompidos pela Máfia do Boxe, e Thompson ignora ser seu dever perder a
luta para um lutador mais jovem , Tiger Nelson (Hal Baylor, 1918-1998), patrocinado
pelos mafiosos.

Certo de que Stocker perderá a luta, seu empresário, Tiny
(George Tobias, 1901-1980) fecha um negócio com Danny (Edwin Max, 1909–1980),
capanga de Little Boy (Alan Baxter, 1908-1976), um famoso gângster que investiu
pesado no seu adversário.  Em troca de
uma boa soma em dinheiro, Tiny garante aos criminosos que Stocker abandonará
a luta no 3º round.  Sua certeza em
relação às condições físicas de Stoker, faz com que ele nem toque no assunto
junto ao boxeur.  Até Gus (Wallace Ford,
1897-1966), o treinador de Stoker,  se
envolve no negócio sujo.

Embora tenha uma cadeira reservada no Ginásio, após a saída
de Stocker para a luta, Julie deixa o hotel para uma caminhada.  Ela não quer ver mais o marido ser nocauteado
e ficar inconsciente.

Seguido em sua determinação de vencer, Stocker sobe ao
ringue.  Ao subir ao ringue, ele vê a
cadeira de Julie vazia.  A luta
começa.  Nos primeiros rounds, ele mostra
determinação e entusiasmo, sentindo que pode sair vencedor naquela noite.  

Seu agente preocupa-se com o que vê. Tiger Nelson reage e começa a bater forte em
Stocker.  No intervalo que antecede ao 4º
round, Tiny lhe diz que o melhor é ele desistir, no que não é atendido.  Num certo ponto da luta, Stocker é derrubado,
mas se levanta dentro do tempo.  Embora
exausto e bem machucado, parte com determinação para cima de Tiger Nelson e o
nocauteia, sendo declarado o vencedor.

Na saída, Thompson é cercado pelos mafiosos, e tem suas mãos
esmagadas por eles. Mesmo ferido e alquebrado, Thompson volta para casa, onde
sua esposa a aguarda ansiosa, mas mal conseguindo ele caminhar em direção a
porta, e cambaleante, cai em plena calçada. Da janela, Julie o vê, e sai em sua
direção, acudindo-o.

No fim, Thompson diz a esposa: Eu venci, Julie…eu venci. E ela responde: Sim, querido, nós vencemos esta noite…nós vencemos. Um dos
melhores filmes de Boxe da história do Cinema. Aqui, Bob Ryan usou, sem o
recurso de dublê, sua experiência como boxeador, sem precisar de aulas de pugilismo
e, de acordo com o diretor da película, Robert Wise, foi um dos filmes que menos
deu trabalho a ele, por não exigir aulas de pugilismo ao ator principal, pois este havia sido campeão de boxe amador.

A Crítica Eileen Bowser realçou notas do filme Punhos de Campeão(“The Set-Up’’). Estas
notas estão hoje preservadas no Museu de Arte Moderna de Los Angeles.


O filme The Set-Up é
poupado de qualquer lirismo, sobre o submundo e a humanidade tão baixa,
revelada no soberbo desempenho de Robert Ryan. Tenho pouco a dizer. Thompson é
tão ignorante e ignóbil quanto os outros boxeadores. Olhem seu rosto golpeado.
É derrotado. Contudo, remanesce uma sensibilidade poética em seus olhos e em
seu sorriso ocasional. Seus olhos estão sempre prestando atenção em volta do
ringue, e o vemos constantemente fazendo isso enquanto espera o próximo
assalto. Thompson tem bastante dignidade humana para recusar a corrupção, por
isso ele sofreu uma brutal agressão, não mais importando com sua carreira
medíocre no Boxe. Na extremidade, ele tem muito orgulho de si mesmo pela
vitória ganha naquela luta, e não faz nenhuma avaliação da consequência dela.



Robert Ryan está maravilhoso no papel principal, e não se
pode imaginar um outro ator para a parte de Stocker.  De origem irlandesa, Ryan dividiu sua
juventude entre suas duas paixões: o teatro e o boxe.  Audrey Totter também apresenta uma ótima
atuação.  Algumas de suas cenas são
inesquecíveis, como aquela em que, com receio de ver seu marido massacrado pelo
adversário, vai até um viaduto onde, depois de muito pensar, rasga e joga fora
o bilhete que lhe permitiria entrar no Ginásio.

Embora Punhos de Campeão
tenha sido produzido com baixo orçamento, o trabalho de Wise o eleva à
qualidade de um filme Classe A. A fotografia de Milton R. Krasner (1904-1988) é
um outro ponto alto desse notável e surpreendente noir, com clima expressionista em tensão dramática exasperante.
Produção e Pesquisa: Paulo Telles

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