Crítica: Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014, de Joe e Anthony Russo)






‘Capitão América 2: O Soldado Invernal’ surge como o filme mais “sério” da Marvel e com muitas novidades, colocando um novo rumo nesta potência cinematográfica.


Os primeiros filmes saídos das HQ’s da Marvel renderam produções B não muito lembradas e até mesmo trash, como Flash Gordon em 1980, Howard, O Pato de 1986 e O Justiceiro de 1987. Mas com o enorme sucesso de MIB – Homens de Preto de 1997 (sim, foi uma HQ distribuída pela Marvel) e do vampiresco Blade de 1998, os estúdios e cineastas retornaram sua atenção aos quadrinhos, agora que a tecnologia em computação e os orçamentos gigantescos permitiriam realizar filmes mais grandiosos. Não demorou muito para que surgissem X-Men (2000), Homem-Aranha (2002), MIB 2 (2002) e Blade 2 (também em 2002). Daí não parou mais e entre sucessos e fracassos tanto de crítica como de público, os heróis e seus poderes vieram ganhando espaço. Em 2008 surgiu uma nova etapa neste subgênero. Neste ano chegava o ótimo Homem de Ferro e a nova aventura do “verdão” em O Incrível Hulk. Este foi o pontapé inicial para um sonho: o projeto Vingadores, que após filmes solo do Capitão América, Thor e a segunda missão de Homem de Ferro; se consolidou em 2012 com Os Vingadores. Esta foi a maior bilheteria entre os filmes de heróis e a terceira maior da história (perdendo apenas para Avatar e Titanic). Bem, atualmente estamos na fase 2, nos preparando para o ambicioso Os Vingadores 2. Nesta fase já tivemos o morno Homem de Ferro 3 e o bom Thor 2 (que liga os Guardiões da Galáxia ao universo Marvel – filme que ainda estreia neste ano). Mas nenhum deles expandiu tanto e injetou sangue novo como este Capitão América 2: O Soldado Invernal, que até então se posiciona como o melhor blockbuster do ano.




Para mim a atuação de Chris Evans ainda não é boa e acho que um homem mais soldado e menos galã cairia melhor no personagem título. Mas pelo menos aqui ele está mais à vontade no papel e não compromete o andamento da projeção. Outro pequeno problema é a falta dos demais vingadores, ou seja, o mundo está em perigo real e só o Capitão (e alguns coadjuvantes) lutam pelo amanhã. Este é um dos maiores problemas ao se interligar diversos heróis num mesmo universo cinematográfico. Tirando estes dois pequenos defeitos, o filme é incrível. Os diretores Joe e Anthony Russo acertam a mão em cheio ao apresentar um “filme clichê de forma original”. Todos os clichês heroicos e pequenos furos de roteiro, além de salvações em última hora são utilizados de forma competente. Para isso usa-se bons diálogos, comprometimento do elenco e toda equipe, várias surpresas e diversos ‘easter eggs’ como personagens da HQ e referência à Ezequiel 25:17 em Pulp Fiction de Quentin Tarantino.

A dupla de diretores surpreende, visto que tinham no currículo apenas filmes e séries de comédias e de pequeno orçamento. Há várias cenas de ação simplesmente sufocantes. Um dos maiores acertos é um uso um pouco maior de lutas cruas; com socos, chutes, tiros e facadas. Entre os filmes solo dos Vingadores, este é o mais violento e intenso. Mesmo que singelas piadas estejam ali para aliviar a carga, o filme se mantém sóbrio e sério. Os efeitos especiais são incríveis, mas moderados, aparecendo mais no final. Dentro dos limites do gênero, o filme não é exagerado e finca firme o suspense gélido e a trama cheia de tramoia. Lembrando muito diversos filmes de Guerra Fria, espionagem e policial dos anos 1970-90, este Capitão América mergulha no mundo do “nada é o que parece”. A amada S.H.I.E.L.D. está em corrupção, cheia de agentes da HYDRA (clara referência aos ideias nazistas). Vemos o combate dos heróis contra diversos traidores e vemos a organização de Nick Fury ruir.



Falando em Nick, Samuel L. Jackson dá um show no filme. O veterano Robert Redford também, representando boa parte das referências cinematográficas que o filme faz. Anthony Mackie surge como um novo e eficiente herói, o Falcão. O vilão, o tal do Soldado Invernal (Sebastian Stan) não apenas é um dos melhores e mais fortes vilões da Marvel, como também tem um forte peso emocional sobre o nosso herói. E por fim, mesmo que com um cabelo bem falso, a linda Scarlett Johansson arrasa em presença e preparo físico, sendo de novo ela quem rouba a atenção e algumas cenas. Trilha sonora afiada, efeitos visuais incríveis, cenas eletrizantes de primeira e um clima de espionagem retrô fazem o ingresso valer cada centavo (exceto o 3D pouco presente).

Se tudo isso não te convenceu a correr aos cinemas e assistir ao filme, aí vai. Se prepare para um filme mais maduro. O elenco é muito competente em cena e o filme é muito superior ao primeiro (que já foi interessante). Prepare-se para ficar sem fôlego na perseguição de carro com Nick Fury, a armadilha do elevador com o Capitão América, as lutas precisas da Viúva Negra, os ataques massivos do Soldado Invernal e os rasantes do Falcão. O filme é adrenalina pura, quase tão grandioso quanto ‘Os Vingadores’ e coloca os heróis da Marvel num rumo mais humano, sujeito a falhas, mortes, traições e lutas mais intensas. Há ainda duas cenas pós-créditos, uma relacionando X-Men com Vingadores e outra ao aguardado Capitão América 3. E apesar do nome do herói, assim como no primeiro este segundo longa se dá ao luxo de não ser patriota. Na minha opinião, Os Vingadores segue como o melhor filme Marvel, mas Capitão América 2: O Soldado Invernal fica em segundo lugar e toma o rumo certo desta superpotência que sacia a sede do público nerd e amantes de um cinema de ação, mas que tenha algum conteúdo. Bravo!













Direção: Joe e Anthony Russo

Elenco: Chris Evans, Scarlett Johansson, Robert Redford, Emily VanCamp, Hayley Atwell, Sebastian Stan, Tommy Lee Jones, Samuel L. Jackson, Dominic Cooper.

Sinopse: após os cataclísmicos eventos em Nova York com Os Vingadores – The Avengers, Capitão América 2: O Soldado Invernal encontra Steve Rogers, também conhecido como Capitão América, vivendo tranquilamente em Washington, DC e tentando se ajustar ao mundo moderno. Mas quando um colega da S.H.I.E.L.D. é atacado, Steve se vê preso em uma rede de intrigas que ameaça colocar o mundo em risco. Unindo forças com a Viúva Negra, o Capitão América luta para expor a grande conspiração enquanto enfrenta assassinos profissionais enviados para silenciá-lo a todo momento. Quando a dimensão da trama maligna é revelada, o Capitão América e a Viúva Negra pedem ajuda a um novo aliado, o Falcão. Contudo, eles logo se veem enfrentando um inimigo formidável e inesperado — o Soldado Invernal.




                                 
                                                   Trailer:














































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