Crítica: O Conselheiro do Crime (2013, de Ridley Scott)



Sempre fui fã do trabalho de Ridley Scott, que tem no currículo Alien – O Oitavo Passageiro, Blade Runner – O Caçador de Androides, 1942 – A Conquista do Paraíso, A Lenda, Gladiador, Cruzada, O Gângster, o remake de Robin Hood e o subestimado Prometheus. Eis que em 2013 ele lança seu novo trabalho, que desta vez passou bem despercebido da maioria e não fez sucesso nem jus à carreira do diretor. Enquanto que nos filmes citados acima o diretor entrega trabalhos intensos e com ritmo, aqui lança-se um filme morno, com tudo para esquentar mas nunca fazendo-o de fato. Assim como em Rede de Mentiras, o diretor tem em mãos um excelente material, um excelente elenco e uma ótima produção, mas que acaba ficando no quase.



Ponto à parte é o elenco excepcional! Michael Fassbender, Brad Pitt e Penelope Cruz (cada vez mais estonteante) entregam atuações muito boas. Javier Bardem está incrível, onde muitos dos excêntricos diálogos são ditos por ele. Mas para a surpresa do ano, o centro das atenções é Cameron Diaz, que entrega a melhor atuação de sua carreira. Nunca tive nada contra a moça, mas é certo que ela nunca fez filmes que exigissem de sua performance dramática. Mas aqui em O Conselheiro do Crime ela se firma de vez como “sex symbol” e principalmente “femme fatale”. Ela rouba a cena de forma sensual e intrigante, sendo a responsável de uma das mais ousadas cenas do ano – envolvendo a loira em um vestido de onça e o pára-brisa do carro. Acaba também sendo a explicação de algumas questões levantadas pelo longa, mostrando assim o quanto alguém pode ser manipulador. Assim como Selvagens de 2012 e Spring Breakers também de 2013, O Conselheiro do Crime tem uma ótima promessa e um ótimo material inicial, com algumas intensas cenas e atuações brilhantes. Mas acaba por algum estranho motivo, ficando bem abaixo do que se esperava. Tinha fortes chances de ser um dos grandes filmes do ano. Tomara que Ridley Scott, no qual sigo grande fã, acerte o tom de novo.

O roteiro é do ótimo Cormac McCarthy (mesmo escritor de Onde os Fracos Não tem Vez e A Estrada), que consegue se manter original e ácido. Este deveria ser uma trama de máfia, drogas e assassinato. Mas embora todos estes elementos estejam ali, o filme acaba tratando de maneira abstrata e quase filosofal sobre amor e morte. A falta de amor de uma mulher, a aceitação da morte e o estabelecimento do que se quer enxergar ou não. Neste quesito há elementos de ouro na obra, que se melhor utilizados poderiam levar o filme longe, até mesmo ao Oscar. Mesmo que apresentando ótimos e sagazes diálogos, muitas vezes recheados de humor negro ou cutucando algum fator da vida cotidiana (principalmente o sexo), o filme é longo e arrastado. Há pouquíssimas cenas de ação, na verdade apenas duas. Enquanto que o diretor acerta em mostrar cenas de maneiras bem cruas e violentas, erra em deixar muito distantes os momentos intensos da obra. Por exemplo, há uma excelente sequência de suspense no final, com trilha sonora afiada e sufocante, enquadramento de câmera eficaz e um desfecho graficamente chocante. Porém esta parte isolada não consegue embalar todo o restante do filme.






Direção: Ridley Scott

Elenco: Michael Fassbender, Brad Pitt, Javier Bardem, Penelope Cruz, Cameron Diaz, Emma Rigby, Dean Norris, John Leguizamo, Rosie Perez, Goran Visnjic.

Sinopse: um advogado (Fassbender) se une ao traficante Reiner (Javier Bardem) para vender uma carga de US$20 milhões em cocaína, mas claro que a trama sai do controle e o advogado se envolve em uma história de mortes e traições.





Trailer:




































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