Crítica: O Lobo de Wall Street (2013, de Martin Scorsese – Candidato a 5 Oscars)



E quem diria que nos instantes finais do ano de 2013, uma das últimas produções a estrear iria fazer tanto barulho? O Lobo de Wall Street chega como um azarão, firmando de uma vez por todas a longínqua parceria entre o veterano cineasta Martin Scorsese e o ator Leonardo DiCaprio. Esta é a quinta vez que os dois entregam um filme digno, sendo os anteriores: Gangues de Nova York (2002), O Aviador (2004), Os Infiltrados (2006) e Ilha do Medo(2010). Agora, O Lobo de Wall Street chega fazendo sucesso com público e crítica, concorrendo a 5 Oscars; nas importantes categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator para DiCaprio, Melhor Ator Coadjuvante para o engraçado Jonah Hill e Melhor Roteiro Adaptado. Roteiro este sugado do polêmico livro de Jordan Belfort – o próprio protagonista da trama. É inegável que a produção é uma das mais comentadas da atualidade, um dos mais importantes filmes americanos do ano e a obra mais ácida, subversiva e inflamatória há tempos.



O roteiro é exageradamente carregado de situações baixas, exercendo uma dura crítica aos homens que trabalham em Wall Street, aos lobistas e a toda a alta sociedade americana – com seus delírios e vícios impregnados de maneira tanto caótica como hipócrita. O que Scorsese faz é entregar uma comédia (ou seria um drama de humor negro?) onde você gostaria de não ter que rir das situações, tamanha mediocridade do que é apresentado. Ao longo de 3 horas redondas (isto mesmo, 3 horas de duração), presenciamos uma trama de ganância, recheada de intermináveis sequências de “sexo, drogas e rock’n roll”. Feito de maneira politicamente incorreta e para chocar (o que realmente tem conseguido fazer), o filme mantém-se polêmico até seus instantes finais. A cada nova cena temos uma dura crítica à uma sociedade podre, e seus frutos mais podres ainda. Não apenas questiona até onde você iria para ganhar dinheiro, mas também como se comportaria se tivesse muito mais do que pode gastar?


As atuações estão brilhantes. Cada coadjuvante é de luxo, que vai desde o indicado ao Oscar Jonah Hill, passando pelo excelente Matthew McConaughey (que a propósito é o rival de DiCaprio neste ano), Jon Bernthal (da série The Walking Dead), Jean Dujardin (O Artista) e até Jon Favreau (o diretor dos dois primeiros Homem de Ferro). Não há como deixar de falar da musa do filme, a pouco conhecida Margot Robbie, que tem um papel sexy e ousado. Além de ter uma beleza estonteante, a moça atua bem e certamente Hollywood se voltará para ela, na qual será vista em futuras produções. Mas o filme é mesmo dele: quem comanda o show é Leonardo DiCaprio, que tem a melhor performance de sua carreira até então. Mesmo que indicado algumas vezes, o ator vem sido esnobado pela crítica. Mas pela primeira vez ele tem fortes chances de receber o prêmio (embora eu ainda ache que Matthew McConaughey leve). Com expressões faciais insanas e uma atuação alucinada, DiCaprio surpreende a todos com uma desenvoltura tão chocante quanto as cenas subversivas da obra. Palmas à ele!

As características técnicas estão boas, embora este não seja o foco do filme. Bravo é a montagem da produção, que faz com que estas 3 horas passem sem serem notadas e sem nunca parecer cansativo. O filme mantém um clima tão intenso quanto tomar os entorpecentes ingeridos pelas personagens. Propositalmente grosseiro, de início a mensagem do filme parece vazia. Mas se ficar bem atento, tudo é uma grande brincadeira mal-criada, feita justamente para cutucar as feridas de quem participa dos chamados “crimes do colarinho branco”. Por este quesito, o filme acaba ganhando grandes proporções político-sociais. Totalmente azedo e incorreto, O Lobo de Wall Street já é um clássico moderno, cultuado pelos cinéfilos de plantão, e assim como eu; fãs de Martin Scorsese. Seu jeito nu e cru de apresentar esta suja história poderá não ganhar Oscar, mas certamente ainda dará o que falar. Por fim, tão clássica quanto a obra será a lembrança da tal cena tão comentada, envolvendo DiCaprio, drogas, seu carro e uma ligação. Este é um filme tão alucinógeno quanto a irrefreável ganância de homens cheios de cocaína e exibicionismo. 






Direção: Martin Scorsese

Elenco: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Matthew McConaughey, Kyle Chandler, Jon Bernthal, Jon Favreau, Shea Whigham, Jean Dujardin, Ethan Suplee, Spike Jonze, Rob Reiner, Joanna Lumley.

Sinopse: esta é a adaptação do livro de memórias de Jordan Belfort, que no Brasil ganhou o nome de “O Lobo de Wall Street”. Belfort (Leonardo DiCaprio) foi um corretor de títulos da bolsa norte-americana que entrou em decadência nos anos 90. Sua história envolve o uso de drogas e crimes do colarinho branco.

                                                       Trailer:


          Bônus: Margot Robbie

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