CRÍTICA: “À Procura do Amor” (Enough Said – 2013)


Comédia? Romance? Drama? Talvez tudo isso junto e com um toque a mais. Totalmente despretensioso, o filme conta com uma ótima direção, boas interpretações e um roteiro divertidíssimo que, apesar de comum, é muito bem desenvolvido.



Julia Louis-Dreyfus interpreta Eva, uma massagista divorciada que mora com a filha (prestes a se mudar para a faculdade) e que lida com os mais diferentes tipos de clientes. Sozinha há algum tempo, ela está à procura de um homem com quem se identifique e possa se sentir bem, é quando, numa festa, ela conhece Albert (interpretado por James Gandolfini), um homem também divorciado que chama a sua atenção. Nessa mesma festa, porém, Eva conhece, por acaso, Marianne (papel de Catherine Keener) e entre conversas, ela se torna sua mais nova cliente e amiga. Mal sabe Eva que Marianne é a ex-esposa de Albert. Abordando ainda as diversas relações afetivas de Eva, o filme foca, também, no casal de amigos Sarah e Will, interpretado pela ótima Toni Collette e por Ben Falcone, que vivem diversos conflitos em casa, inclusive com a empregada doméstica que Sarah, por mais que queira, não consegue demitir por não se sentir confortável emocionalmente.

O principal chamativo do filme é o tom de realidade que ele traz ao espectador. Vemos ali, não uma história surreal ou inventada, mas sim o que parece ser um episódio da vida daqueles personagens que, claramente, são como nós, vivendo e passando por situações comuns que nos identificamos. De um modo geral, o filme trata de relacionamentos, onde, em 90 minutos, podemos nos identificar com os personagens e, com eles, viver situações complexas entre pais e filhos, amigos e, claro, o relacionamento a dois, levando um clima emocional a cada um.

A narrativa segue com a luta de Eva para tentar lidar com todas essas situações em sua vida. Como massagista e amiga de Marianne, as duas trocam experiências e falam sobre seus casamentos arruinados, ecoando pessimismo e citando os defeitos de seus respectivos ex-maridos e é aí que Eva se dá conta de todo a confusão em que se meteu. Agora ela tem que viver com um namorando que ainda está conhecendo, mas que já ouviu coisas ruins o suficiente para duvidar da relação.

Julia e James estão excelentes nos papéis centrais e conseguem ser inteiramente convincentes. Pode-se até achar a atuação de Julia um pouco comum quando se foca nas cenas de comédia, mas em momento algum ela força, deixando a personagem crua e sincera, assim como Gandolfini faz, sendo simples e carismático e colocando toda a leveza de sua experiência neste seu último trabalho. Na verdade, ninguém está ruim na projeção e ouso dizer que Toni Collette e Catherine Keener são excelentes coadjuvantes. A direção não é exigente e o roteiro não é tão genial, mas Nicole Holofcener acerta a mão com uma sutileza incrível e comanda tudo e todos muito bem, conseguindo fazer uma obra digna de seu talento. Um drama realista com doses certeiras de humor que equilibram todo o contexto e que faz todos se sentirem bem ao assistir.



Título original: “Enough Said”

Direção: Nicole Holofcener




Elenco: Julia Louis-Dreyfus, James Gandolfini, Catherine Keener, Toni Collette, Ben Falcone, Tracey Fairaway, Tavi Gevinson.


                                                  Trailer:






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