O Melhor Filme – Edição 2: O Artista (2011, de Michel Hazanavicius)



Um filme moderno, mais precisamente de 2011. É francês, preto e branco e mudo. O que mais? Ah sim, abocanhou 5 Oscars, incluindo Melhor Filme! Bem vindos a nossa segunda edição do ‘Melhor Filme’, onde a proposta é falar dos vencedores do Oscar na categoria de ‘Melhor Filme’ de cada ano. A nossa primeira edição foi do vencedor de 2013, o filme ‘Argo’ de Ben Affleck. Confira a crítica aqui! Agora chegamos neste ‘O Artista’, vencedor de 2012 nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor para Michel Hazanavicius, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora e Melhor Ator para Jean Dujardin. Nesta crítica irei dividir a matéria em duas etapas: primeiro as características técnicas e cinematográficas do filme, e após isso irei falar da mensagem e da metalinguagem poética e histórica da obra.


O roteiro redondinho de ‘O Artista’ entrega algumas ótimas metáforas e momentos interessantes. A direção de Michel Hazanavicius certamente teve todo um cuidado estético para entregar um filme visualmente nostálgico, não apenas em um preto e branco vivo (efeito realizado graças ao fato de filmarem colorido e converterem para preto e branco), como também ser apresentado no estranho e antigo formato de janela 1,33:1. Outra característica retrô notável é o filme ser mudo, com pouquíssimos diálogos em intertítulos. A atuação de Jean Dujardin é um outro ponto fortíssimo, onde em alguns momentos mais engraçados ou onde ele dança, entrega um maneirismo caricato e interessante. Mas na dramaticidade também hà uma entrega do ator, conseguindo assim o feito de merecer o Oscar que levou. A belíssima Bérénice Bejo (esposa do diretor) também dá um show de atuação, com uma Peppy Miller doce e apaixonante. Esta é a inteligente história do galã do cinema mudo George Valentin, que vai à falência devido à chegada do cinema sonoro. Esta chegada lança Peppy Miller ao estrelato, moça na qual Valentin ajudou a crescer. Enquanto ele afunda em depressão e desespero (às vezes de forma poética), a apaixonada moça tenta ajudá-lo. 

Além de todos os aspectos técnicos do filme serem feitos com cuidado, a parte nostálgica e brilhante de uma época esquecida de Hollywood ser relembrada é um deleite para todos cinéfilos. Uma das maiores mudanças da história do cinema foi justamente a chegada do sistema sonoro nas produções. E o filme retrata exatamente isso. Um “filme-metáfora”, que mostra esta importante mudança na sétima arte. Os amantes de Charlie Chaplin, Buster Keaton e outros irão se emocionar com as diversas referências de um tempo que não volta mais. Ou será que volta? Afinal ‘O Artista’ é justamente isso, emocionar e distrai de maneira incrivelmente retrô. O filme certamente acerta em cheio por honrar e mencionar o período de ouro da amada Hollywood, onde filmes de romance, comédias, musicais e aventuras eram feitas na raça e na coragem, com carinho e uma leveza incrível – leveza esta que nunca mais encontrou o caminho de volta às telonas. ‘O Artista’ certamente é um dos filmes mais positivos a ganhar o Oscar de Melhor Filme. Geralmente são produções densas, intensas e fortes que ganham esta categoria (vide os exemplos de ‘Os Infiltrados’, ‘Onde os Fracos Não Tem Vez’ e ‘Guerra ao Terror’). Assim, ‘O Artista’ surge como um refrescante reinvento, um filme leve e familiar, mas acima de tudo um belo elogio ao cinema clássico.

NOTA: 9,5

Como esquecer de Uggie, o simpático cãozinho que rouba  cena o filme todo como um importante coadjuvante. Não é atoa que até ao Oscar ele foi, vestindo uma charmosa gravata.



Direção: Michel Hazanavicius

Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, Beth Grant, Bitsie Tulloch, Calvin Dean, Ed Lauter, James Cromwell, 
  • Jen Lilley, Joel Murray, John Goodman, Malcolm McDowell, Missi Pyle, Penelope Ann Miller, Uggie (o cão).

Sinopse: Hollywood 1927. George Valentin é um consagrado ator do cinema mudo a quem tudo e todos sorriem. A chegada dos filmes sonoros vai mergulhá-lo no esquecimento. Peppy Miller, jovem figurante, em contrapartida, será propulsada até ao firmamento das estrelas.

Trailer:


















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