Crítica: Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown – 2013, de Felix Van Groeningen)



Um dos mais poderosos filmes de 2013! Essa é a melhor maneira de descrever o triste ‘Alabama Monroe’, produção belga que está fazendo sucesso entre os críticos mundo afora. Pode-se comparar o filme com outra obra poderosa: ‘Namorados Para Sempre’, filme queridinho entre cinéfilos e de triste conteúdo, sobre a aceitação de um fim de relacionamento. Aqui neste filme, o caminho é quase o mesmo, porém um tanto mais depressivo. Elise e Didier se apaixonam perdidamente e começam sua família. Ela é uma garota quente, com estilo (cheia de tatuagens) e espiritualizada em algumas crenças. Ele é um cantor country, o típico cowboy, porém é ateu e tem uma visão mais realista e científica da vida. Quando sua filhinha luta contra um severo câncer, suas crenças e sua relação são postas à prova, entregando algumas das mais fortes cenas do cinema mundial deste ano.


A narrativa da obra é linda. Toda desfragmentada, há momentos no passado e no presente, onde aos poucos vamos ligando os pontos e entendo onde o filme quer chegar. A direção de Felix Van Groeningen é tocante, uma das melhores que vi recentemente. O roteiro abusa de metáforas, algumas cenas poéticas (principalmente na metade final da fita). A fotografia é absolutamente linda, privilegiando inúmeros cenários e paisagens. A trilha sonora é um caso à parte, positivamente é claro. Quase que como uma personagem coadjuvante, a trilha sonora composta na maioria das vezes por melodias country (mais especificamente Bluegrass como Didier gosta de falar) elevam os sentimentos envolvidos no filme. E sentimentos é o que não faltam. Diálogos ácidos, tristes e de culpa permeiam a projeção. Há brigas degradantes, acusações de culpa e questionamentos contra a religião, a política e a medicina moderna. De um lado a fé, do outro a ciência. E ambas partes sofrem com a triste perda. As atuações de Veerle Baetens e Johan Heldenbergh são esmagadoras. Principalmente a do Johan, que em determinada cena onde ele questiona Deus; praticamente carrega o filme todo nas costas. 

Um filme para corações fortes, certamente. Deverá ser lembrado em épocas de premiações e Oscar. A narrativa desfragmentada consegue equilibrar o filme, entregando cenas lindas e quentes, e após isso entregar cenas cruas e devastadoras – tudo na mesma intensidade. Nós cinéfilos devemos ser masoquistas, pois os filmes que mais lembramos geralmente são aqueles que dilaceram nosso coração. ‘Alabama Monroe’ faz isso e já é um de meus filmes favoritos. Um filme pouco conhecido e divulgado, que passará despercebido dos grandes cinemas. Para a sorte de alguns, ele irá estrear aqui no Brasil dia 20 de Dezembro, em circuito limitado. Portanto, se o cinema de sua cidade for um dos poucos a passar este filme extraordinário, não o perca por nada. Você terá uma impactante e impressionante experiência cinematográfica. ‘Alabama Monroe’ já é um cult moderno, um filme que merece ser visto e apreciado pelos cinéfilos. Um dos filmes mais arrebatadores de 2013. Uma ótima sessão.

NOTA: 9,5



Direção: Felix Van Groeningen

Elenco: Veerle Baetens, Johan Heldenbergh, Nell Cattrysse, Geert Van Rampelberg, Nils de Caster.

Sinopse: Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh) se apaixonam à primeira vista, mesmo sendo pessoas muito diferentes. Ele é um músico romântico e ela a realista dona de um estúdio de tatuagem. Apesar das diferenças, o relacionamento dá certo e eles têm uma filha, Maybelle (Nell Cattrysse). Aos seis anos a menina fica gravemente doente e a família se desestabiliza.

Trailer:


























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