Crítica: Velozes e Furiosos 6 (2013, de Justin Lin)







Desde o primeiro filme, a franquia ‘Velozes e Furiosos’ vem fazendo sucesso inesperado e o mais importante; se reinventando. A saga ganhou novo fôlego e novos rumos no quinto episódio, passado no Rio de Janeiro. Com missões e assaltos como plano de fundo, o mais interessante na franquia é que ela visa apenas o lucro, ganhar na venda dos ingressos na bilheteria. Mas faz isso sem ofender o público, entregando filmes com uma trama básica, porém muito divertida. Mesmo que brevemente e de maneira limitada, a franquia entrega personagens e subtramas sutilmente bem desenvolvidas na medida do possível. Não que sejam grandes obras. ‘Velozes’ não é e nunca será um filme que chegará ao Oscar ou agradará os críticos pelo seu arco dramático. Mesmo assim, dentro dos seus próprios padrões formulaicos, ‘Velozes’ vem se apresentando como boas opções do cinema pipoca e blockbuster, bons exemplares da temporada de verão e arrasa quarteirões. E este sexto filme (ual! parece que foi ontem que surgiu o primeiro!) consegue manter uma boa qualidade, mesmo que bem distante do humilde primeiro filme.



Assim como no quinto capítulo, este sexto traz uma missão da equipe (formada nos moldes de ‘Os Mercenários’). Mas desta vez eles deverão “roubar” uma pessoa ao invés de um banco. Com a descoberta do paradouro de Letty (Michelle Rodriguez) – supostamente morta no quarto filme – a equipe volta a se reunir, com muita ação, algumas piadas e cenas frenéticas de tirar o fôlego. Há “gerigonças”, carros equipados com armas e coisas no melhor estilo “Corrida Maluca”, tanque de guerra, avião jumbo e assim por diante. Muita, mas muita pancadaria. Soco, tiro, batida, explosão e capotagens por tudo que é lado. Mas tudo isso ocorre nos momentos corretos. Com cerca de duas horas e dez minutos, há algumas cenas específicas de ação, onde tais acrobacias acontecem. Isso permite que hajam momentos mais calmos, com construção dramática, bom humor e suspense.



Os efeitos especiais estão ótimos, os sonoros como roncos de motor estão melhores ainda. Toda parte técnica está correta, fazendo jus ao grande orçamento do filme. O diretor Justin Lin está cada vez mais à vontade com a saga e filma tudo de maneira eletrizante. Há a cena da luta entre Michelle Rodriguez e Gina Carano (ela mesma, a musa do MMA). Esta cena talvez seja a mais marcante do filme no quesito pancadaria. Há ainda algumas reviravoltas, morte de personagem querido do público e um elo com o terceiro filme da franquia (o único que até então estava perdido, por se passar numa linha cronológica adiante dos demais exemplares da franquia). Finalmente aqui as pontas soltas do terceiro filme são amarradas, deixando claro que o sétimo exemplar se passará pós todos os demais filmes da saga. Falando em sétimo, ele já estreia ano que vem, sob a direção do malaio James Wan (do primeiro ‘Jogos Mortais’, ‘Invocação do Mal’ e ‘Sobrenatural’ capítulos 1 e 2).


O elenco está muito à vontade na pele de suas personagens já queridas pelo público. Vin Diesel e Dwayne “The Rock” Johnson são os brutamontes de coração mole que agradam a maioria. Paul Walker segura bem a ponta, mas está cada vez mais apagado na saga, talvez por ser o que menos tem carisma dentre eles. Tyrese Gibson e Ludacris são bom e competente alívio cômico, mas nunca além disso. Michelle Rodriguez, Gina Carano e Jordana Brewster desempenham bem seus papéis. Esta última inclusive tem pouca participação. A linda Gal Gadot é um colírio para os olhos, mas sua importância para o filme é duvidosa, tanto que no final você verá isso. Elsa Pataky atua bem, assim como Sung Kang, o tal elo com o terceiro filme. Mas o destaque é mesmo o vilão, Luke Evans; que parece ser a bola da vez. O cara tem aparecido bastante de 2011 pra cá, e se destacado como um bom ator, embora ainda não tenha feito o papel de sua vida.


Mesmo dentre tantos pontos positivos, fica a pergunta: até quando a saga irá se manter em forma? Por mais que este sexto episódio seja bom, fica aquela impressão de mais do mesmo. Você já viu isso no quinto filme, que consegue ser mais interessante justamente por revitalizar a saga. Este sexto segue bem a linha do anterior, perdendo consideravelmente a originalidade. O excesso de personagens faz com que você torça para os rostos mais conhecidos (Diesel, “The Rock”) e esqueça de outros (Walker, Gadot). Sabiamente este capítulo diminui o número de heróis, mesmo assim há muitas personagens, comprometendo o andamento da narrativa dos mais importantes. Também, o excesso de pirotecnia nas cenas de ação faz-nos perguntar em que planeta a estória se passa, uma vez que gravidade aqui não existe. Eu gosto de cenas exageradas e gosto sim de fantasia. Mas a cena do salto em que Diesel apanha Rodriguez no ar é tola e desnecessária. Impossível de mais, sem falar que acaba quebrando o ótimo ritmo da tal sequência com o tanque. 


O filme é um bom entretenimento, explosivo e lotado de adrenalina. Mas está na hora de rever este excesso de continuações. A cena bônus com o astro Jason Statham mostra que ele será o vilão do próximo filme, se passando pós o terceiro e prometendo um novo fôlego e uma nova etapa. Será? Torcemos que sim, mesmo assim acho que pode estar na hora de aposentar esta franquia enquanto está com o saldo bem positivo. ‘Velozes e Furiosos 6’ agradará a maioria, mesmo que levemente inferior ao quinto. Mas em um ano onde diversos blockbusters decepcionaram de algum modo, este é um dos mais descompromissados, bobos e divertidos filmes do ano. 


NOTA: 7,5

Direção: Justin Lin


Elenco: Paul Walker, Vin Diesel,  Dwayne “The Rock” Johnson, Michelle Rodriguez, Gina Carano, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Ludacris, Clara Paget, Gal Gadot, Elsa Pataky, Sung Kang, Jason Statham e Luke Evans.


Sinopse: desde que Dom (Diesel) e Brian (Walker) dizimaram o império de um chefão da máfia no Rio de Janeiro, sua equipe faturou US$ 100 milhões e nossos heróis se espalharam pelo mundo. Mas viver para sempre em fuga e não poder retornar para casa deixaram suas vidas incompletas. Enquanto isso, Hobbs (Johnson) tem acompanhado por 12 países uma organização de pilotos mercenários mortalmente qualificados, cujo mentor (Evans) é auxiliado por uma cruel ajudante, Letty (Rodriguez) – que Dom achava estar morta. A única maneira de parar esses criminosos é vencê-los em uma corrida de carros nas ruas, por isso Hobbs pede que Dom recrute sua equipe de elite em Londres. Pagamento? Retirar todas as queixas de crimes para que eles possam voltar para casa, e reunir com suas famílias novamente.




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