Especial: 1950 a 1959 OSCAR DE MELHOR ATRIZ

JUDY HOLLIDAY por NASCIDA ONTEM de 1950
Que ano disputado para a categoria foi esse! As concorrentes Bette Davis por A Malvada (All About Eve) e Gloria Swanson por Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard) tiveram interpretações que figuram eternamente como as melhores da história do cinema. Há quem diga que tamanha foi a dúvida entre premiar uma das duas, que os votos indecisos acabaram indo à favor de Judy, que com sua voz estridente, todo jeitinho cativante de loira ingênua, surge no meio dessas titãs com uma performance que aquece o coração e faz rir de verdade! Atuações históricas à parte, o valor do prêmio dado a Judy nunca poderá ser questionado.

VIVIEN LEIGH por UMA RUA CHAMADA PECADO de 1951
Leigh ganhou seu segundo Oscar e se antes eu havia comentado sobre sua primeira performance vencedora – em E O Vento Levou – dizendo que se tratava de um bom trabalho, mas sem um senso de realismo, aqui, em sua atuação da conturbada Blanche DeBuois, o que não falta é isso. Atuação que está lá no topo do meu TOP 10 de atuações femininas e alguns críticos até mesmo se atrevem a classificar como a melhor atuação feminina de todos os tempos. Sem dúvida é um trabalho perturbador, de total entrega e eficiência. 

SHIRLEY BOOTH por A CRUZ DA MINHA VIDA de 1952
Eu fui assistir a esse filme especialmente para conferir a premiada atuação de Shirley e estava cheio das mais altas expectativas… Que não foram atendidas. A atriz também foi premiada ao interpretar o mesmo papel da esposa que sofre com o marido alcoólatra no teatro, mas eu achei tudo muito “devagar quase parando” e é apenas uma atuação quieta demais que podia crescer em possibilidades bem maiores visto a temática. 

AUDREY HEPBURN por A PRINCESA E O PLEBEU de 1953
Quando eu assisti ao filme pela primeira vez considerei o prêmio para a jovem Audrey… Superestimado. Parecia outra daquelas atuações planas, nunca memorável ou com desafios e apenas “certinha”. Mas ao ter outra visão por um novo ponto de vista, admirei toda a alegância firme que a atriz expressa como pouquíssimas conseguiriam. Ela está adorável e tem uma cena de “ataque de nervos = não aguento mais essa vida!” na cama que sozinha já justificava a estatueta. 

GRACE KELLY por AMAR É SOFRER de 1954
A pior escolha de vencedora nessa categoria na história do Oscar na minha opinião. Não entendam mal. Grace não está mal. Está “apropriada” no papel, mas a questão era a concorrente de peso que ela tinha. A verdadeira merecedora do prêmio. Judy Garland, por seu trabalho monumental além de palavras em Nasce Uma Estrela (A Star Is Born). Resolveram premiar Grace por um papel onde ela só chora encarando cantos vazios, faz careta em tristeza, ao invés de Judy que canta, dança, emociona verdadeiramente e encanta. O fato de que Grace saia dormindo com todos da indústria também só serve para inflar ainda mais minha ira quanto a sua vitória “cheia de facilidades”.

ANNA MAGNANI por A ROSA TATUADA de 1955
A força da natureza… Digo, força da atuação de sangue italiano, Anna Magnani, já tinha enchido as telas de glória antes no filme Roma, Cidade Aberta, estraçalhando corações com a sequência onde ela corre atrás do seu amor que está sendo levado, cativo, e é metralhada pelas costas por nazista, caindo e rolando morta no meio da rua. Rapidamente Hollywood viu, fisgou a atriz magnífica para o seu meio e foi só ela estrear no campo Hollywoodiano para levar o Oscar, aqui ao interpretar um costureira que luta com a dor da perda do marido e a relação turbulenta com a filha. Todo e cada único momento de sua atuação é poderoso. A cena onde ela recebe a notícia da morte do marido, como ela surge com a mão espalmada contra o peito. Incrível. Nem mesmo a atuação risível de tão exagerada, tão boboca e ruim, de dar vontade de socar de Burt Lancaster consegue apagar o brilho dela aqui.

INGRID BERGMAN por ANASTÁSIA de 1956
Tristeza por não ter conferido esse filme ainda. Sei bem pouco sobre ele, mas fica a minha certeza de que Ingrid Bergman trouxe outra personagem à vida com muito esmero em mais esse trabalho, sendo logo muito merecido o seu reconhecimento recebido.

JOANNE WOODWARD por AS TRÊS FACES DE EVA de 1957
Um ator para quem foi oferecido um papel no filme, disse (mesmo recusando a oportunidade): “Nada mais importa. A questão é que seja lá quem for a atriz que interpretar o papel principal, ela ganhará o Oscar”. E claro que foi o que aconteceu. É tudo o que a Academia mais gosta. A estreante Joanne não só interpreta uma mulher que está enlouquecendo, mas também uma que se perde em múltiplas personalidades. Um banquete propício para um trabalho de atuação e tanto.

SUSAN HAYWARD por QUERO VIVER! de 1958
Depois de muitas vezes indicadas, com justiça Susan ganhou ao interpretar a figura da vida real (como a Academia adora) que foi a primeira mulher a ser executada na câmara de gás. Só pela cena onde ela leva um tapa do marido enquanto está com o bebê no colo e quase vai parar no chão como bebê e tudo… Vitória justificada. Ela está revoltada, triste, desafiadora, fora da lei. Excelente.

SIMONE SIGNORET por ALMAS EM LEILÃO de 1959
Os anos 60 batiam à porta e assim, com tempos mais liberais chegando, foi totalmente possível que a francesa Simone levasse a honraria pelo papel da mulher mais velha que se envolve com um homem mais jovem, com direito a umas sequências de lingerie e afins. Ela tem cenas bonitas e fortes, mas eu não consigo ressaltar nenhuma “direto para o hall dos momentos de atuação inesquecíveis do prêmio”. Foi um ano devagar para a categoria. Talvez Elizabeth Taylor merecesse mais por seu papel que exigia muito mais em Suddenly, Last Summer. Talvez. 

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