ESPECIAL OSCAR 2013 – Crítica: Ted ( um ursinho politicamente incorreto)



Direção: Seth MacFarlane

Elenco: Mila Kunis, Mark Wahlberg, Giovanni Ribisi, Seth MacFarlane, Patrick Warburton, Laura Vandervoort, Jessica Stroup, Joel McHale.


Sinopse: Seth MacFarlane, criador da série Family Guy, traz sua marca que estende as fronteiras do humor para os cinemas, pela primeira vez como roteirista, diretor e dublador em Ted. Na comédia de live action/animação, ele conta a história de John Bennett (Mark Wahlberg), um homem adulto que tem que lidar com seu estimado ursinho de pelúcia que ganhou vida como resultado de um desejo de infância…e que se recusa a deixá-lo desde então.


Oscar: indicado na categoria de Melhor Canção Original.




Seth MacFarlane, diretor e dublador de Ted.


Trailer:



O gênero da comédia anda em baixa já à alguns anos. Mesmo que eu veja quase todos lançamentos, justamente as comédias são os filmes que menos tenho gostado. Porém, todo ano temos 2 ou 3 comédias que ganham status alto e se tornam fenômenos de bilheteria. Às vezes o sucesso também vem de críticas favoráveis. Mesmo que bem atrasado, pois assisti o filme na época de lançamento, chegamos ao Ted, a comédia mais vista e comentada de todo ano de 2012. Começa pelo fato de custar altos US$ 50 milhões (número alto para os padrões de comédias). Arrecadou mais de 469 milhões de dólares (isto até Outubro de 2012, agora imagine de lá para cá). Fez-se uma impressionante campanha de propaganda e marketing. É a comédia para maiores de 18 anos mais vista no mundo até agora. Criou-se toda uma cultura pop, um certo cult e hype em seu meio. Ted já é referência na internet, tirinhas, piadas e postagens de redes sociais, comunidades, títulos de sites e blogs voltados para o humor; e assim por diante. Foi para o Oscar na categoria de Melhor Canção Original (e tinha chances, pois a musiquinha é parecida com a dos Muppets, ganhadora na mesma categoria no ano anterior). Sem falar que o deputado Protógenes Queiroz tentou proibir a exibição do filme no Brasil, gerando maior bilheteria ainda! O que dizer então do filme em si?


 Seth MacFarlane tinha no currículum o seriado animado  Family Guy (Uma Família da Pesada no Brasil). Esta sitcom politicamente incorreta segue os passos de Os Simpsons, porém mais pesadinha. Então ele resolve se adaptar para o cinema, e entrega uma direção não tão boa. Ele acerta sim em alguns momentos, mas em outros é meio preguiçoso. Calma, não me detonem ainda! O trabalho de Seth é corajoso e por isso merece aplausos. O que podia ser apenas mais um filminho bobo com ursinho falante, se torna uma das mais “pesadas” comédias atuais. Mas independentemente das piadas, no quesito direção, Seth não inova nada. Por mais de 1 hora não sabemos onde se quer chegar, e quando se sabe, rola um final de resgate clichê e que tenta emocionar. Estes foram os pontos negativos da obra. Mas acredito que isso foi feito para dar um ar de “filme” ao filme, já que sem esta historinha final, seria mais para um show de humor ultrajante. Por estes motivos o filme não ganha meu 10. Mas é só o que tenho do que reclamar! Prontos para os elogios?

A começar por todas suas piadas sujas e politicamente incorretas. Hilárias, irreverentes (como eu acho que toda comédia deveria ser, sem escrúpulos); o fofinho ursinho Ted não tem pudor ao fumar maconha, soltar palavões, encher a cara de cerveja, assistir porcarias e transar com prostitutas. Doses cavalares de besteirol e cenas desavergonhadas. Mas ao mesmo tempo, em nenhum momento se perde a piada inteligente. Aquelas piadas críticas, que detonam com celebridades, programas de TV, políticos e o estilo de vida das famílias americanas. Ainda na parte inteligente, há piadas para culturas nerd’s e geek’s. Referências com músicas e filmes clássicos, uma piada com Ryan Reynolds (ele mesmo aparece no filme) fazendo menção ao homossexualismo do herói Lanterna Verde (quem lê as HQ’s sabe), sem deixar de lado o grande destaque que se dá ao Flash Gordon, um clássico de 1980. Me lembro de assistir Flash Gordon na TV, em certa sessão à tarde, absolutamente nostálgico. Aqui no filme Ted, tanto o urso como John (Mark Wahlberg) espelham seus ideias no herói. Então desenterram o sumido ator que fez Flash Gordon, Sam J. Jones, em cenas hilárias. Engraçado é os protagonistas se espelharem no herói, mas só fazerem o que não deve. Mas ao encontrarem seu herói, Sam J. Jones é igualmente “doente”, fumando e enchendo a cara. Fazia tempos que não ria tanto!










Mark Wahlberg não é um grande ator para dramas, mas sempre gostei do cara. Defendo-o em seus papéis bobos nos filmes de ação e comédia. Ele tem uma cara debochada! Aqui ele entrega cenas sarcásticas, além de sua já famosa franzina de testa na hora das piadas. O próprio diretor dubla a voz de Ted em áudio original, e manda bem. Assista-o legendado, você perceberá o entrosamento do trio principal. Sim, além de Mark Wahlberg, Mila Kunis também se sai bem, no único papel comportado no filme. Ela representa a moral e o politicamente correto, o que não há em seu namorado Mark Wahlberg e nem em seu urso. Os diálogos entre os três é demais. E devo salientar que (Meu Deus!), Mila Kunis é uma das mais belas atrizes da atualidade!


E depois de falar de tudo isto, ainda sobra espaço para dizer o que realmente o filme quer tratar. Mesmo que a maioria não identifique, muitos tenham odiado o tal urso, e uma legião de fãs dê gargalhadas com as besteiras que o “fofinho” fala, Ted fala sobre amadurecimento. O quê? É isso mesmo. Seth MacFarlane usa de perspicácia e sagacidade em nos apresentar tanto besteirol, mas que no fundo faz uma crítica aquelas pessoas que insistem em não crescer, se desenvolver socialmente  e psicologicamente, ter responsabilidades, e assim por diante. Vivemos em uma era em que as pessoas se relacionam mal, mesmo com toda tecnologia e redes sociais. Elas crescem por fora; mas e por dentro? O personagem de Mark Wahlberg mostra isso. São inúmeros os motivos (sempre bobos), dele não seguir em frente a vida, se casar e manter um emprego. Esta é uma fase na qual todos passamos, mas alguns deixam para ser tarde demais, gerando problemas. Ted acaba sendo uma metáfora para isso. 

Claro que cinema é cinema. É magia e fantasia, é urso chapado e Flash Gordon sendo ressuscitado. Mesmo com um pequeno deslize lá pelo seu final, o filme é realmente engraçado. Tendo alguns momentos chaves que vão desde o grotesco até o inteligente, Ted é uma insana comédia para maiores de idade. Numa safra de poucas comédias assim, corra e assista se ainda não viu. E se já viu, esta é uma das poucas que vale a pena ver mais de uma vez. Sempre haverá piadas novas para perceber. Devido ao imenso sucesso deste fenômeno mundial, em breve teremos Ted 2 (já há projetos). Quem sabe seja uma boa continuação. Mas uma coisa é certa, nunca mais vou encarar da mesma forma meu velho urso de pelúcia. Nem deixarei latas de cerveja perto dele.

NOTA: 9

PS: Ted transou com a cantora Norah Jones, ele é foda!

Norah Jones

Bônus:

Momento nostálgico, trilha sonora de Flash Gordon, feita pelo Queen:




Música do trovão:

– O céu está caindo, não é mesmo Johnnie. (Ted)
– Pode ter certeza. (John)
– Vamos ficar calmos e cantar a música do trovão. (Ted)
– Certo. (John)
– Quando você ouvir o som de trovão não precisa ficar com medo. Apenas dê sua mão ao amigo e diga as palavras mágicas. Trovão vá se fuder, venha meu pau lamber. Você não pode me pegar porque eu sei peidar. (Ted e John)





Mila Kunis:











Mais fotos e cartazes do filme:































Deixe uma resposta