ESPECIAL OSCAR 2013 – Crítica: O MESTRE (2012)

O filme mais estranhamente belo lançado em muito tempo…

Um veterano da Marinha volta para casa, atormentando e desincerto quanto ao seu futuro – até que ele é “tentado” a se unir a “Causa” graças ao carismático líder/ fundador desse grupo/ movimento.
O Mestre (The Master) tem 2h24m de duração, foi indicado ao Oscar nas categorias de ator, ator coadjuvante e atriz coadjuvante e pode ser plenamente definido com as palavras: estranho e confuso, mas em momento algum isso quer dizer que seja ruim.
Eu desafio alguém que vá assistir ao filme sem antes ter lido nada à respeito, pesquisado sobre o que se trata, a entender alguma coisa. Para esses que começam a assistí-lo tendo como informação apenas sua sinopse vaga, tudo será uma experiência que parece sem pé nem cabeça da primeira cena até a última. Vou confessar que até eu que fiz a tal pesquisa prévia fiquei com cara de pastel de vento em certos momentos. Na sequência final por exemplo.


Mas eu vou dar alguma luz aqui. O filme na verdade é baseado (nada assumido, é claro) na fundação da tal “seita” Cientologia nos anos 50, que por baixo dos panos é adotada por muitas personalidades, astros de Hollywood (Tom Cruise sendo um desses adeptos de grande fama). Trata-se de um sistema de crença bem bizarro. Cheio de teorias sobre vidas passadas alienígenas, viagens no tempo. Eles executam certas “sessões de hipnose” que são inteiramente gravadas em áudio. Estranho e complexo.
O bom diretor cult Paul Thomas Anderson é quem escreveu o roteiro além de dirigir e ele nos mostra muitos desses aspectos duvidosos da Cientologia. Mas tendo esclarecido do que o filme de fato trata, vamos caminhar pelos pontos da coisa toda na categoria “qualidades cinematográficas”.
Pode ser uma experiência bagunçada (afinal estamos falando de um filme que tem a cena de um homem fazendo sexo com uma escultura de areia na praia), mas temos uma trilha sonora espetacular, fotografia meticulosa e as atuações… Meu Deus, as atuações! Para mim a indicada ao prêmio da Academia, Amy Adams, só está ok (o roteiro também não lhe dá muitas alternativas), mas Philip Seymor Hoffman como o líder manipulador merecia o Oscar que foi para Christopher Waltz e Joaquin Phoenix como o homem de comportamento selvagem e viciado em sexo merecia o Oscar que foi para Daniel Day Lewis. Minha opinião.
Phoenix tem a melhor atuação masculina que o cinema viu no ano passado. Sua expressão corporal, sempre curvado, sempre com o semblante que ao mesmo tempo é de um febril louco e de um gozador, deve ser estudado por todos que amam cinema e atuação. Esse pode ser aquele filme que deixa o espectador cansado em certo ponto por conta de toda a sua confusão, mas inegavelmente é o que tem as melhores atuações de seu ano. Ponto.
Minha conclusão então é a de que O Mestre é detentor de uma inegável beleza que é exótica, desorientada e incômoda (no bom sentido). Não teve sorte no Oscar, mas ganhou prêmios em festivais internacionais e de importantes círculos de críticos. Não teve sorte na bilheteria (arrecadação de $28 milhões para um orçamento de $32 milhões), mas eu acho que a questão chave é: ele é estranhamente diferente e já é de praxe o diferente não ser facilmente aceito, seja ele positivo ou negativo.
Mas assistam! Não esqueçam da tal beleza que menciono. Porque afinal de contas, beleza é beleza. Independente de como é subclassificada, deve e merece ser admirada.
NOTA: 7,5 (…Porque é belo e impecavelmente atuado – atores e departamentos técnicos merecem 10 – mas cansativo e pra lá de emaranhado)
A FOTOGRAFIA
 
A TRILHA SONORA
 
A CIENTOLOGIA
 TRAILER
 
 Lancaster Dodd: “Que dia! Nós lutamos contra o dia e nós vencemos. Nós vencemos.”


Deixe uma resposta