CRÍTICA: O ABRIGO

Cinema independente está cada vez surpreendendo mais. Lembrando que cinema independente é aquele cujo filmes dificilmente passa pelos cinemas aqui no Brasil. São filmes mais simples e baratos. Não são aqueles filmes comerciais caros, fáceis de entender e que lotam os cinemas. Muitos desses filmes baratos saem direto em DVD, são feitos para a televisão ou passam nos cinemas somente no seu país de origem. Uma das surpresas do fim do ano passado e início deste foi O Abrigo.






Nome original:  Take Shelter
Direção: Jeff Nichols
Enredo: Curtis LaForche mora numa pequena cidade de Ohio com a mulher Samantha; e Hannah, sua filha de seis anos, que é surda. Curtis ganha um salário modesto como chefe de equipe em uma empresa de extração de areia. Samantha trabalha parte do dia em casa como costureira para completar a renda e vende os produtos que confecciona no mercado de artesanato nos fins de semana. O dinheiro da família é curto e é uma luta para conciliar as necessidades especiais de Hanna com suas necessidades de saúde e educação. Apesar disso, Curtis e Samantha se amam muito e a família é muito feliz. Porém Curtis começa a ter terríveis pesadelos sobre uma tempestade incontrolável e apocalíptica, mas não conta a ninguém e transforma a sua ansiedade em uma obsessão que ele usa para construir um abrigo no quintal. Seu comportamento, aparentemente inexplicado, preocupa e confunde Samantha e provoca intolerância entre seus colegas de trabalho, amigos e vizinhos. Apesar disso tudo, Curtis tem muito mais medo do que pode estar por trás dos pesadelos. Então, ele decide contar a Samantha, pois ambos se amam profundamente podem lutar juntos contra o que virá a seguir.






O filme é simples, com efeitos especiais modestos mas bem feitos. O melhor realmente é a trama bem intrincada, misturando o drama familiar, o romance do casal que fica abalado pelas atitudes estranhas do marido, e a possibilidade de algo horrível realmente acontecer. É um filme que faz pensar sobre necessidades especiais. A filha do casal é surda e eles tem que lidar com os vários fatores disso: dinheiro para tratamento, escola especial e o próprio relacionamento com ela. Mas também traz um assunto interessante: esquizofrenia. A mãe do protagonista tem, e por causa dos estranhos sonhos e visões ele começa a tratar a sua “esquizofrenia” também. Mas mesmo assim nada para as visões, e sua obsessão por criar esse abrigo e salvar a família toma conta. Ele faz dívidas e perde o emprego, além de ameaçar seu relacionamento com sua esposa. Mas ele sabe que será pro bem da família. Por outro lado a família e vizinhos não aceitam que ele esteja dando uma de  profeta apocalíptico.


E é nesse ponto que ficamos impressionados com a maestria da trama. Bem rodadas as cenas de visões dele são assustadoras e belas ao mesmo tempo. São simples mas bem colocadas. O drama e a possibilidade de Curtis estar enlouquecendo permanecem até os minutos finais. E aí vem o impressionante! Não vou falar do final, mas comento que é assustador, ambíguo e extraordinário! É possível existir verdade na loucura? O que realmente acontece é algo não bem esclarecido. Mas fará pensar em que muitas vezes cada um tem sua realidade, mesmo que isso não seja visível aos outros. Por isso há a personagem surda filha do casal. De certa forma o filme é sobre isso. As realidades de cada um. Todos sabemos que surdos e mudos vivem em algo totalmente diferente de nós, mas não é por isso que devem ser taxados de anormais. No fim eu tirei essa lição como a mais positiva. Mas fica a dúvida: estaria Curtis certo? Ou sua esposa passou a também ter as visões? O que é o fim do mundo ou uma gigantesca tempestade para cada um de nós?


Termino a crítica dizendo: ser especial ou diferente é bom, e na verdade é normal e humano, afinal cada um com suas loucuras. Ter visões diferentes sobre o mundo não quer dizer que estejamos errados. Na verdade estaremos mais certos que a maioria que se diz normal.


NOTA: 9






  

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